quinta-feira, 12 de março de 2009

A Pipa

Sobe, levada pelo vento, dançando qual serpente nos ares. Sorri toda colorida na longa rabiola desenhando movimentos graciosos, enquanto os ombros largos de bambu impõem altivez e avançam cortando os céus. Leve e flexível rodopia e vai cada vez mais alto e mais alto. (É como aquele momento em que saímos de nós e temos uma idéia luminosa.)
Outra vez solta-se, mergulha no abismo. Então, sobe de novo, mudando a direção. E dança e dança e quase se cansa dos vôos livres. Aí precisa se envolver com outras, ensaiando trajetos que faz ou não faz, só de brincadeira, atraindo as de outras cores e formatos e fugindo rápida quando aceitam o embate.
E, finalmente, se embolam numa briga de galos de cores quentes, engalfinhando-se, sob o efeito de movimentos irados e precisos dos moleques em férias. Até que uma delas cairá desfalecida, às vezes degolada, seguida pelos olhares ávidos dos meninos da rua. Será então apanhada, socorrida, recuperada.
E, agora, já conhecendo as manhas dos céus e dos meninos, mais apta para “os cruzas”, depois de refeita com outras cores (mais fortes), será a estrela dos céus das férias. Terá um outro destino. Só depois de ter-se deixado cuidar.

Nenhum comentário: