domingo, 28 de abril de 2013

Favela

Avisto ao longe um aglomerado de casas,
Tão iguais na cor tijolo das paredes sem reboco,
Diferentes no tamanho, disposição, número de pavimentos.
Algumas sobressaem por artefatos enfeitando as paredes.
Outras se escondem no fundo das vielas.
Favela...
Abrigam tanta gente, que é igual e diferente,
Irmãs nas dores de um presente sem futuro,
Diversas sendo o berço de sementes que vão brotar,
Apesar de nascerem em condições tão adversas,
Essa mesma dificuldade superada as fará belas.
Penso na energia que emana desse bairro,
Que no silêncio da madrugada esconde os gritos.
Tantos sonhos reprimidos, tantas mágoas,
Assombros, horrores, desenganos, um mundo desvalido.
Mas, entre tantos embriagados que só sofrem
Ainda há aqueles que insistem em viver,
Que fazem da dura escalada a sua sorte.
E, moldados pela restrição hão de crescer.
E sua força os guiará sempre em frente.
Sua vontade há de imperar na desolação.
Levarão com eles outros tantos seguidores
Menos obstinados, mas propensos à imitação.
E essas sementes explodirão em frutos doces,
Filhos de árvores majestosas com raízes muito fortes.
E é assim que esse Brasil de sul a norte
Através do seu povo se desenvolve.
O poder público amplia seu papel nesse momento,
Mas é a natureza de cada um que garantirá o crescimento.