segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Aquele Livro

Tantos livros foram importantes para mim que se tento destacar alguns me perco totalmente. É exatamente como ocorre com músicas. Passei a minha vida inteira cantando enquanto fazia outras coisas. Sempre tive ótima memória e aprendia as letras das canções com muita facilidade. Como as tarefas que eu fazia, tanto em casa quanto no trabalho me permitiam ficar sozinha por horas, eu aproveitava para cantar enquanto trabalhava. Cantava LP’s e depois CD’s inteiros sem me confundir com as letras. Mas hoje, se quero escolher músicas pra cantar, elas somem da minha mente. E acontece o mesmo com os livros que li, desde os seis anos, quando aprendi essa maravilhosa habilidade. Foram tantos que eu encontrei durante a minha vida! Tantos livros me marcaram, me modificaram, me esclareceram, me fizeram companhia, me desafiaram, me revoltaram com suas tramas verídicas, me encantaram, me seduziram, me permitiram descobertas e viagens incomparáveis.
Entretanto, quando desejo falar especialmente sobre algum deles, não consigo. Ou porque destacar algum é impossível ou porque são tantos igualmente significativos que ficaria escrevendo por muito tempo sobre eles e, nesse período, minha companheira inseparável tem sido a preguiça.
Descubro então que aquele livro para mim agora, é exatamente o que estou para ler, aquele que acaba de entrar no meu universo, que vai trazer o novo, que me acompanhará por um tempo, que representa a expectativa, mas ao mesmo tempo o momento presente.
Cada livro carrega em si um mundo de possibilidades. E o seu valor singular é ditado por uma série de características perceptíveis ou misteriosamente guardadas para serem desvendadas por cada leitor em especial no momento certo. E é exatamente isso que vai permitir que ele sobreviva para sempre (ou não) no escaninho da memória de cada de nós.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de novembro do Duelos Literários: Aquele Livro...

Aquele Livro

Eu era adolescente e, nessa época, pegava para ler todo livro que aparecesse por perto. Na minha casa, não eram muitos. Mas havia uma oferta razoável. Foi quando surgiu “O Cortiço”, que eu devorei em poucas horas.
Até então, tudo que eu lera tinha uma atmosfera de sonho e encantamento. Figuras românticas passeavam por cenários deslumbrantes com personalidades idealizadas e, por isso mesmo, inverossímeis.
Então, ao começar a ler “O Cortiço”, tive um choque! Tudo era tão real, eu parecia conhecer aquelas personagens de carne e osso, com as suas vivências possíveis, seus dias tão perfeitamente dimensionados numa realidade tão próxima. E, a despeito da crueza da narrativa, havia a beleza da profundidade do olhar do autor. A identificação dos leitores com os sentimentos das personagens e suas experiências era certa.
Este livro me marcou profundamente e destaco como a passagem mais interessante, aquela que descreve a primeira menstruação da personagem Pombinha. Não é possível deixar de sentir o que ela vive, quase experimentando a nível corporal cada uma das imagens sugeridas. É pura sensação!
Eu me apaixonei por esse livro que para mim é o melhor representante do Realismo.
Quem ainda não leu, está perdendo uma experiência indescritível.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de novembro do Duelos Literários: Aquele Livro...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Sobre a Ilusão do Poder

Por que deveria sentir-me responsável pelo sopro de alguns quando ninguém ouve meus estertores?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Diagnóstico e Visão do Terapeuta

Fazer diagnósticos pode não ser tão simples quanto parece à primeira vista.
Quanto maior o conhecimento do profissional, maior a sua insatisfação no que se refere ao entendimento do que ocorre realmente com aquele que sofre e procura os seus serviços.
O dever do médico é aliviar o sofrimento, não resta a menor dúvida. Mas, a máxima de Hipócrates: “Primo non nocere”, pode ser interpretada sob diferentes ângulos, inclusive mostrar-se falha ao deixar de compreender o quadro na sua totalidade de expressão e significado.
Considerando que toda doença, quer se manifeste no plano físico ou psicológico, é resultante de um conflito, uma desarmonia no ser, é preciso atentar para as principais causas da doença, que se sobrepõem geralmente num mesmo quadro.
Além disso, deve-se observar que a doença não pode ser vista como inimiga, devendo, portanto, ser simplesmente reprimida e sim compreendida e superada pela expansão da consciência, através do entendimento das suas mensagens e sinalização do caminho a ser seguido na meta da evolução.
De maneira geral existem três principais causas de doença, do ponto de vista esotérico:

Causas cármicas (individual e coletivo): advindas de resquícios de vidas passadas, trazidas como sequelas ou fragilidades no corpo físico ou padrões psicológicos.
Causas psicológicas: advindas de acontecimentos da vida atual, presentes ou passados.
Causas evolutivas: pela necessidade de purificação, quando ocorre transferência de energia de um centro inferior para outro superior.

O objetivo do homem é expressar a sua verdadeira natureza que é espiritual, passando de um plano de expressão animal para o espiritual, ou seja, sutilizar-se. E nessa meta é auxiliado pela ocorrência de doenças e a forma como se relaciona com elas.
Como somos seres espirituais, estamos ligados a uma Mônada, existindo a Supra-consciência (o Si) que sabe exatamente o caminho que determinado homem deve seguir no seu plano de evolução naquela encarnação. Entretanto, nascemos sem total consciência de quem somos e, ao longo de nossa existência, vamos tendo oportunidades de ampliar a nossa consciência e sair do estado de satisfação dos desejos, movidos pelo sentido do prazer, para o estado do despertar da consciência, quando nos direcionamos para a meta que nos propomos antes de encarnar, cumprindo a nossa missão. Entretanto, se manifestamos e temos consciência somente do nosso limitado ego, vivendo apenas a auto-afirmação, não evoluiremos. É necessário primeiro se auto-afirmar para depois ir além, através da outra fase que é a expressão da individualidade, ouvindo o que nos diz a nossa Alma, entrando em contato com o Eu Superior que faz com que ampliemos os nossos objetivos, buscando a auto-realização, entendendo que agora, a simples afirmação do eu inferior (a personalidade) passou a ser um obstáculo à evolução. Essa fase é a do despertar do Si, a Supra-consciência, quando deve dominar a nossa natureza espiritual, com a auto-realização. Mas, para que isso ocorra, o homem deverá superar a desarmonia e os conflitos que aparecem decorrentes da transmutação de energias, à medida que cada chakra vai sendo energizado até a iluminação (salto quântico).

Diante de um paciente, é necessário fazermos o diagnóstico tradicional com a anamnese convencional, o exame clínico e a propedêutica necessária, incluindo todas as medidas diagnósticas mais sofisticadas e modernas para cada caso.
Entretanto, é preciso sempre ir além, buscando o significado profundo da doença, a mensagem que ela encerra para integrá-la na vida daquele paciente, permitindo que ele possa evoluir e, assim, não precisar mais daquela doença, caminhando rumo à verdadeira cura e não fazendo simplesmente a supressão de sintomas que é o que se faz mais comumente.
Para isso, há que se ter conhecimentos esotéricos que possibilitem o entendimento daquele quadro de um ponto de vista espiritual.
A abordagem será então de forma heterodoxa, com homeopatia, acupuntura, astrologia, numerologia, radiestesia, terapia de regressão às vidas passadas e outras ciências esotéricas. Ou então o próprio paciente buscará, através do auto-conhecimento, completar o trabalho do médico.
Somente com esse entendimento mais abrangente do adoecer, poderemos ajudar o paciente a buscar a cura verdadeira, identificando inclusive se aquela doença representa na verdade, um momento de sua vida em que ele está sendo chamado a evoluir, com ou sem consciência e em que está havendo transferência de energias de um chakra inferior para um superior, o que está provocando aquela desarmonia (doença).
Ainda, nos casos em que a origem é psicológica, a compreensão da natureza da pessoa utilizando mapas astrológicos, numerológicos ou quaisquer outras formas de avaliação mais profunda serão de grande utilidade no atendimento.
Por outro lado, a identificação de padrões comportamentais que se originaram em vidas passadas e que são responsáveis por patologias presentes na vida atual, assim como marcas presentes no corpo astral, decorrentes de sequelas de doenças ou acidentes de outras vidas e que foram trazidas para esta encarnação são indispensáveis para a solução de casos de difícil diagnóstico e tratamento.
Ou seja, quanto mais sabemos, mais devemos buscar, aprofundando não só o diagnóstico, mas também ampliando a nossa forma de atuação na cura. E, acima de tudo, admitindo que ninguém tem todas as respostas, que sempre há o que aprender para compreender mais e que julgar e emitir opiniões sobre o que não se estudou, por simples preconceito e intolerância é o maior empecilho ao desenvolvimento científico.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Consciência

Estou só nesta masmorra.
Tudo é cinza, frio e sem vida.
Não encontro nada que me toque.
Minha emoção está congelada.
Espero o fluir das horas até a libertação.
Meu corpo cheio de vida reage e sofre.
Impossível negar a vida, unicamente porque assim deve ser.
Tento, desesperadamente, escapar dessa opressão.
Meus ouvidos tapam e zunem para não ouvir.
Meu corpo se arma e não permite a circulação de energia.
Preciso me proteger de mim mesma.
É necessário paralisar as reações.
Nesse momento, elas me são prejudiciais.
Devo boiar no lago como folha seca caída.
Levada pela brisa, eu vou certamente para um lugar melhor.
Prevejo as mudanças.
Nessa manhã, enquanto vinha para a prisão,
Soprava um vento de transformação.
Estou amparada pelos seres de luz.

Não posso me identificar com a escória.
Macieiras só podem oferecer maçãs...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sensatez

Sou sozinha, sou sensata.
Todos sabem: sou feliz.
É que estou apaixonada por mim mesma.
Do engodo do amor escapei por um triz.

domingo, 22 de novembro de 2009

Perdidamente apaixonada

Vale das sombras,
Poço sem fundo,
Manto negro protetor.
Serão misérias, recortes de vida
Ou momentos plenos de terror?

Mas se olhados bem de perto,
Refletem simplesmente o tal do amor.

sábado, 21 de novembro de 2009

Lua

Noite enluarada de amor infindo,
Casais rodopiam em olhares imantados,
Corações aflitos palpitam descompassados,
Pensamentos fugidios se esvaem de mentes sonhadoras.
Tudo se move em câmera lenta nessa atmosfera insana
Onde o sentimento domina e põe tudo a perder.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Aconteceu

Balanço vazio.
No parque, as pedras refletem o sol.
A tristeza espreita cada coração que por ali passa.
Entre a algazarra e o silêncio, a poça de sangue seca.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Natureza

Tudo que nos cerca é dotado de vida. Amar a natureza é sentir-se parte dela não admitindo jamais a auto-agressão.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Cura

Curar é entrar em sintonia com aquele que sofre, compreendendo-o, decifrando os sinais e integrando as mensagens de sua doença para que possa continuar evoluindo, entretanto, estando apto a dispensar a dor.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cristais

Cristais são explosões de amor. São presentes da natureza; cores e formas que mantém perfeita harmonia e beleza incomparável, onde vivem os gnomos, seres encantados que nos ajudam e velam por nós.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Certeza

Atenta, aguardo os sinais.
Em minha direção surgem indícios
De novos tempos, outras descobertas.
Sigo tranquila em direção ao meu destino.

domingo, 15 de novembro de 2009

Maya

Sorriso gratuito de todos
Olhares voltados em sua direção
Reino encantado, paraíso. Será logro?
Tudo acontece com perfeição...
Engana-se o bobo. Não vê que tudo é pura ilusão.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de outubro do Duelos Literários: Sorte.

sábado, 14 de novembro de 2009

Falência

Quem espera só
Pela sorte na vida
Fica falido.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de outubro do Duelos Literários: Sorte.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sorte

Sorte é corte
Um pinote se contar
Só com a sorte
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Este post faz parte da blogagem coletiva de outubro do Duelos Literários: Sorte.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Saudade

Hoje me recordo com saudade da sua presença entre nós, com seu jeito simples de quem adorava a companhia de pessoas, a boa conversa familiar, as risadas, as brincadeiras, a falta de compromisso. O seu modo de criança encantava a todos. Desde quando apareceu na família, foi amada como se nos conhecêssemos desde sempre. A sua simpatia trazia felicidade para nós e por isso você era bem-vinda todas as tardes. Quando nos trouxe de presente sua filhinha Cássia, aí mesmo é que se tornou mais querida de todos nós. Você guardava para si a gravidade da vida e só compartilhava a leveza, a brincadeira, os sorrisos, mesmo quando seria mais indicado e benéfico para você dividir as dores com os que a compreendiam.
Mas o inesperado aconteceu e a perdemos depois de muita dor e tristeza. Entretanto, existiu sempre a certeza de que os desígnios de Deus devem ser aceitos de forma incondicional, já que há alguma razão de ser para todos eles, mesmo que não compreendamos.
Seu aniversário seria hoje e estaríamos comemorando com você, saboreando todas as comidas gostosas que tanto lhe agradavam no meio de muita algazarra. É muito legal imaginar isto.
Encontrei com a Cássia na academia, de bochechas vermelhinhas e com a sua cara e seu jeito.
É bom constatar que aqueles que amamos estarão para sempre perto de nós. E assim, nunca esqueceremos de você e de tudo que compartilhamos nessa vida. Que onde estiver, esteja em paz.

sábado, 7 de novembro de 2009

Gentileza

Tantas oportunidades de sorrir
Perdem-se em gestos truculentos
Quando seria tão simples iluminar cada momento

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Fantasia

Cantando alegremente
Levo meus dias a bailar
Pra que pensar em problemas
Se posso viver a sonhar

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ilusão

Madrugada enluarada
É sonho para os amantes
Embora iluminada, só veem o que os encanta

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Jornada

Pés que não se cansam de andar
Desenham a rota que leva ao infinito
E jamais retornarão sem histórias pra contar

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sofreguidão

Sofreguidão demais
É recurso inútil daqueles
Que adoram chamar a atenção

O Que é Sorte

A maioria de nós entende a sorte como facilidade. É quando parece que as portas se abrem imediatamente e ainda estendem um tapete vermelho à nossa passagem. É quando tudo flui sem contratempos e recebemos algo que vai bem além das nossas expectativas. Sorte é ser agraciado com berço de ouro, é ganhar um prêmio polpudo na loteria, é encontrar um grande amor e permanecer com ele pelo resto da vida sendo feliz. Ser sortudo é sempre encontrar uma vaga quando quer estacionar; ver a fila no banco, de repente, correr rápido só porque você chegou; trocar de fila no supermercado e não acontecer nenhum problema na caixa e, ainda por cima, algumas pessoas desistirem de esperar e você se adiantar. Ter sorte é arriscar nos negócios e sempre lucrar; é ter palpites certeiros para os jogos de azar; é caminhar pela rua e, ocasionalmente, encontrar uma nota graúda. É comprar uma rifa já sabendo que irá buscar o prêmio. É só receber cheques que têm fundo e encontrar pela frente pessoas honestas que trabalhem muito bem pra você e ainda entreguem os trabalhos antes do prazo previsto. E eu poderia ficar descrevendo o que é ter sorte de uma maneira superficial o dia inteiro. Mas, será que isto existe mesmo? Já que tudo é relativo, o que pode ser considerado benesse para alguns, é desprezado por outros. E acredito que haja um equilíbrio inerente aos fatos que se desenrolam em nossa vida, desde que tenhamos a visão do todo e acesso às ocorrências de vidas passadas. Além disso, não podemos ficar presos a um só ponto de vista. Assim vejamos que se facilidade fosse sorte realmente, o que dizer daqueles que fazem das dificuldades o estímulo para crescerem e se aperfeiçoarem na vida? Se a vida é experiência, aprendizado, a evolução será mais encontrada naqueles que ganham da vida questões para serem trabalhadas e ultrapassadas.
Acho que na verdade, sorte é ter consciência plena de si e dos outros para aproveitar bem as oportunidades de desenvolvimento que receber ao longo da vida.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de outubro do Duelos Literários: Sorte.

domingo, 1 de novembro de 2009

Não Mais Sob os Auspícios de Saturno

Cresci ouvindo minha mãe dizer ao meu pai que não deveria fazer apostas em jogos nunca, já que ele já havia ganho na loteria no dia em que a conheceu.
Ele era mineiro e sonhava com um grande prêmio para poder dar à família de oito filhos, melhores condições de vida, com o conforto que minha mãe, uma pessoa ambiciosa, almejava.
E entre essas duas polaridades, o sonhador romântico e a empreendedora ambiciosa, eu formei a minha personalidade que congrega esses dois aspectos.
Nunca esperei pela sorte, por facilidades, tinha por certo que era preciso lutar muito para conseguir o que queria, que nada viria de mão beijada. E achava mesmo que tudo que era conquistado com esforço tinha mais valor. O sacrifício então, era o ápice e eu me dilacerava pela vida buscando desafios, aceitando pesos que não eram meus, incapaz de dizer não.
Com o tempo, aprendi a exercitar a outra polaridade. Hoje, a vida tornou-se mais leve porque passei a esperar dela mais facilidade. Eu creio firmemente no poder do pensamento, no desejo, na lei da atração, em que a vida que levamos é plasmada pelos pensamentos bem direcionados.
Ainda me empenho, mas sem sofreguidão. Ainda aceito demandas que não são minhas pela compaixão, mas aprendi a dizer não e nos tempos atuais, esse aprendizado é elementar.
Cresci e já não me defendo tanto. Aspiro à inocência da infância para me largar na vida amparada pela lucidez e pela fé.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de outubro do Duelos Literários: Sorte.