domingo, 15 de março de 2009

Insanidade

Valha-me, meu Deus!
Proteja-me dos loucos!
Eles vão me pegar!

Fisiognomonia

Nariz pontudo
Marca vontade forte
Busco um assim

1984

1984 - George Orwell

Livro fantástico! Muito bom você ter lembrado dele! Quando eu li fiquei fascinada. Diga-se, de passagem, que o li bem antes de 1984.

Leveza

O elefante
Lembra-nos segurança,
Contudo dança.

O Cortiço

O Cortiço - Aluísio Azevedo

Um livro enriquecedor. O Cortiço me mostrou, pela primeira vez, o que era menstruação antes que acontecesse comigo. Muito legal! Este livro é fantástico! À vera!

Terapia do Riso

Risada mostra
Alma liberta, feliz.
Rir pode curar.

Augusto dos Anjos e seus “Versos Íntimos”

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Aconteceu no Ônibus

Escrevo este texto para os leitores que residem no Rio de Janeiro e utilizam transportes coletivos, com a finalidade de juntarem-se a mim para reclamarmos das indignidades ocorridas diariamente nesta cidade envolvendo os transportes coletivos e também com a intenção de levarmos nossas reivindicações às autoridades competentes.
Hoje dois ônibus chocaram-se de frente, em Benfica, com mais de 20 feridos e um nó no trânsito logo cedo que persistiu por horas, causando prejuízos para inúmeras pessoas. Por que ocorrem estes acidentes? O que determina que um ônibus lotado trafegue na contramão numa via de grande fluxo? Com certeza, a certeza da impunidade. Mas a causa primordial é a ganância por parte das empresas e a corrupção que permite que a fiscalização não ocorra e os passageiros não tenham qualquer direito, exceto o de pagarem as passagens.
Todos os dias aqueles que andam de ônibus são desrespeitados e colocados em situações de risco de vida, e freqüentemente são lesados com doenças em seus corpos quando motoristas que são pressionados pelas empresas para cumprirem horários absurdos ainda submetem os passageiros à sua direção perigosa, ignorando que no seu carro estão idosos, grávidas, doentes, crianças e mesmo bebês. A isto se soma a irresponsabilidade das empresas em colocar na rua carros em péssimo estado de conservação, com problemas nos freios, amortecedores, eixos de roda etc. E, diga-se de passagem, estes mesmos ônibus que só trafegam por milagre, andam quase sempre lotados.
Os microônibus aumentaram os problemas com o desconforto provocado pela superlotação e pelo risco decorrente do absurdo do motorista acumular a função de cobrador enquanto dirige no trânsito caótico.
E o que dizer sobre a prática freqüentíssima do motorista arrancar e fechar a porta quando o passageiro ainda está descendo, machucando o mesmo com o choque da porta ou causando queda na rua, muitas vezes fatal por traumatismo cranioencefálico? A porta de saída na parte de trás do coletivo que favorece apenas as empresas, na tentativa de coibir as caronas, só serviu para aumentar os riscos para os passageiros, em decorrência do fluxo de pessoas contrário ao sentido do deslocamento do veículo, com maior esforço para elas e frequentes danos musculoarticulares; além disso há falta de visibilidade, pelo motorista, quando o passageiro desce; sem contar que agora as caronas são de moradores de rua doentes, drogados, alcoolizados e sujos, colocando em risco os usuários do transporte.
Recomeçaram as aulas na cidade e aqueles que já trafegavam em ônibus cheios, de pé nos horários de maior fluxo, agora são obrigados a entrar em coletivos sempre lotados, já que as empresas fingem ignorar que há estudantes voltando às aulas. Ignoram porque isto aumenta seus lucros, já que a gratuidade para os estudantes é paga às empresas que, nem por isso, aumentam o número de veículos na rua. E o que resta aos passageiros senão tentarem romper as barreiras intransponíveis representadas pelas mochilas dos estudantes nos corredores dos ônibus? Azar o nosso que precisamos dos transportes coletivos? Então por que estimular as pessoas a deixarem seus carros em casa para melhorar o trânsito? Isto é piada.
E o que argumentar quando os passageiros com horário para trabalho ou escola são ignorados por motoristas que não param os ônibus para eles, mesmo que estejam vazios, já que estão apostando corrida com os colegas? Por vezes perdem-se três ou quatro ônibus que passam pelo ponto sem parar mesmo que seja para mais de três passageiros (diga-se, de passagem, não estão pedindo carona). E se trata-se de idoso ou de estudante, aí é que vai mofar mesmo! Quando trafegam próximos à APAE, então, aí mesmo é que não param no ponto. O que é isto? Direitos humanos? Respeito à diferença? Só se for na novela das oito.

Saudade Boa

Saudade chega,
Presença volta pra mim.
Bom ter saudade...

Tao

Claridade sai,
Rompe escuridão e
Tudo recria.

Um Livro Interessante...

Dona Flor e Seus Dois Maridos - Jorge Amado

Um livro interessante: Dona Flor e Seus Dois Maridos. Li na adolescência, e trouxe uma nova realidade para minha vida, abriu minha mente para aceitar a realidade como é, sem preconceitos, achei tudo perfeitamente natural.

José Régio entoa o “Cântico Negro”

“Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: “vem por aqui!”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

Autor Inesquecível...

Os Cavalinhos de Platiplanto - José J. Veiga

Autor inesquecível: José J. Veiga, em Os Cavalinhos de Platiplanto. O seu realismo mágico encanta e comove. Muito bom!

Fernando Pessoa, “Eros e Psique”

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Um Livro Imperdível e Outros...

Assassinato no Expresso Oriente - Agatha Christie
Cai o Pano - Agatha Christie
O Assassinato de Roger Ackroyd - Agatha Christie
O Caso dos Dez Negrinhos - Agatha Christie
Os Cinco Porquinhos - Agatha Christie
Os Elefantes Não Esquecem - Agatha Christie

Livro imperdível: O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Christie. Suspense do início ao fim. Li numa noite. Gostei também de Os Elefantes Não Esquecem, O Assassinato de Roger Ackroyd, Assassinato no Expresso Oriente, Cai o Pano e Os Cinco Porquinhos.

É Dia de Sol

Acordem! Remexam suas ideias! Saiam! Vejam gente! Está sol. Há energia para ser distribuída a todos. Olhem-se nos olhos! Cumprimentem-se. Sejam gentis uns com os outros. Tenham calma. Ajam com cortesia. Descubram seus corpos, a pele deve respirar. Soltem as crianças! Elas precisam correr. Livres! Aqueçam seus corações. Abracem-se. E cantem, cantem muito. Os pássaros já enfeitam a manhã com sua música desde cedo. Caminhem pela praia ou brinquem nas praças. Levem os cachorros a passear. Saiam para fazer pequenas compras para o café da manhã. Observem as pessoas que passarem por vocês. Sorriam para elas se cruzarem os olhares. Procurem sentir na pele a brisa e o calor do sol. Conversem com quem está perto. E não se esqueçam de brincar com seus filhos. Conversem com a família. Deem férias aos problemas cotidianos. É domingo. Descansem. Soltem-se. Amem-se. Vivam!

A Fila Anda

Lamento doido...
Melhor você ter ido,
Vem outro melhor.

Armadilha

Até quando caminharás pela vida distraído?
Rogas ao Criador que de tudo te proteja.
Manténs, acaso, os olhos abertos a observar
A estrada por onde andas e tudo nos arredores?
Duvidas que em todos os momentos o único farol
Iluminando cada escolha é tua própria mente?
Libertaste tua alma para te acompanhar na trajetória
Hoje, já podendo ir à frente de ti quando enfrentas os dissabores?
A consciência de que és ser de luz te protegerá em qualquer circunstância.

Sempre Há Solução

Janelas abrem
Quando portas se fecham
Sempre sairás

Você

Pensando em você agora
Minha alma baila solta por aí.
Percorro lugares de cores variadas...
Sempre é primavera sentir-se amada.
Há mansidão e estabilidade
E, no fundo, algo me diz
Que, na realidade, é você minha raiz.

Palpita o coração que se assanha,
Diante de você, quietude é façanha;
O pensamento oscila buscando
O contato perdido há tanto...
E sempre vem você de novo
Trazendo este amor... e eu me comovo...

Transformar

Tudo parece não se mover,
Respiras com grande dificuldade.
Abatido, quando te levantas
Não encontra motivação para começar o dia.
Sofres por várias frustrações.
Felicidade te abandonou há muito.
Organiza teu pensamento,
Relaciona as causas do teu mal-estar e
Modifica tua visão já cristalizada pelo tempo.
A atitude de abrir-se às possibilidades
Resgatará tua capacidade de romper a estagnação.

Todo Psiquiatra é Louco Também

Acaba doido...
Quem trata maluco é
Demente também.

Animais em Festa

Noite de festa na floresta:
Animais convivendo harmoniosamente,
Todos integrados às árvores e rochas,
Usufruindo as maravilhas do universo,
Reunidos, felizes, cada um em seu lugar
Esperando a hora certa para cada coisa.
Zune zangão, zoa abelhinha!
Aí vem o homem! Acabou a festinha!...

Deixa Eu Reclamar Pra Não Pirar!

Para o mundo! Para! Para que eu quero descer! Sei que isto já foi dito milhões de vezes antes, mas agora eu tô falando: para! Não aguento mais! Não quero continuar. Estou saturada! É muita doideira, muita confusão, tanta insensatez... É horror demais, que não acaba, que está em todo canto! É só incoerência! É abuso, é descaso! É gente comendo gente, pisando gente, matando gente! É cegueira demais, é muito fingimento, é cinismo! É terror! É terror do teu lado! E fome? Cada vez tá mais perto. E feiúra e sujeira? Também. É arrastão. Estão me arrastando pra desgraça e pra imundície. Para! Já falei: para! Não tô brincando não. Desisto. Não quero lutar mais. Não vou mais tentar fazer mudar isto não. Nada desse papo que o mundo é expressão de todos nós. Não acredito mais. Ou melhor: admito. Admito que perdi. Tô me retirando, na paz... Tô saindo de cena. Cansei. Tô quase surtando. Tá por pouco. Sinto que esta onda já tá me pegando e agora ou fujo ou fico de vez. Tô indo, entregando os pontos, saindo de fininho pra ninguém tentar me convencer a ficar. De verdade. Tô sabendo o que estou fazendo. Me deixa ir. Eu quero. Eu sei. Pulei.

Encontro com a Alma

Hoje saí pelo mundo e me esqueci de dizer aonde ia. Sei que sabia aonde devia ir, mas meus passos agora não eram guiados por mim. O que fazer se vou aonde não me levam minhas pernas, e sim uma sensação de ter que ir? Não resisto, mas me sinto perdendo o controle. Tento cada vez mais me soltar e me deixar levar. Às vezes o perfume das flores e o cheiro da umidade em muros de pedras me dizem que já fui dali, que foi um lugar importante para mim e há, agora, ainda o que resgatar. Outras vezes me sinto perdida e penso estar dando voltas, sem rumo. Na vida busco um leme, tempero os dias com trabalho. Fujo talvez de mim mesma. Resisto a esta força que tenta me levar e quanto mais tento, mais me falta energia, mais solta me faço e mais perto fico da minha verdade.
Mas que verdade será esta que a mim não se apresenta, que me dá angústia de buscá-la?
Que verdade é esta que é o prazer da existência, o fim em si mesmo, o objetivo maior?
Por que caminhar cega, trôpega, angustiada?
Por que não romper esta teia que me impede de enxergar bem vivo todo o caminho que eu escolhi um dia e, por isso mesmo, é o mais belo para mim?

Nostalgia

Tão longe o amor...
Longe... Mostra-me o mar:
É lá que o amor está,
No ilimitado, no azul do mar.

Profundidade, saudade...
Vaivém das ondas...
O amor é o mar.

Amar é se afogar, perder-se,
Deixar-se levar nas ondas
E só então se encontrar.

Mas teu amor me devorou...
Na areia só a espuma vejo voltar,
Ultrapassou meus limites...
E ainda é doce morrer no mar.

Covardia

Perna bamba é
Fraqueza e paúra.
Seja homem, sô!

A Guerra Continua...

Tudo continua desmoronando...
Religião encobre a real motivação.
É certo que embates jamais deixarão de existir.
Ganância econômica é a causa da guerra.
Urge que as mentes iluminadas se posicionem.
Amai-vos uns aos outros deve vencer.

Violência Gera Violência

Matar homem mau
Nada vai adiantar
Um outro virá.

Bom ressuscitar
Na mente do homem o
Bem pra só amar.

Pegadas de Gato

Atuar no que está a caminho. O futuro é possibilidade. Buscar o caminho do meio.
A tentação para mudanças nos cerca por todos os lados. A vida pede que nos transformemos.
Não há como estagnar, marcar passo, mas é preciso seguir o fluxo. Não exigir que nós ou os outros façam grandes viradas. Dizer que agora estou completamente diferente, que sou outra pessoa, é enganação e, citando Renato Russo, “mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”.
Hoje fixei meu olhar no chão e encontrei patinhas de gato marcadas no piso de cimento. Fiz logo a analogia. Quando saltou, o gatinho tocou o cimento ainda molhado. Estava ainda em processo para virar um piso forte, resistente. Naquele momento ainda era mole, moldável, ainda permitia sobre ele a ação do (in)externo: o gato, com seu peso, sua atitude, o molde de sua pata. Marcou definitivamente a presença naquele solo. A marca do gato no piso, documentando de forma nada indelével aquele instante, dando a sua contribuição, se incorporando ao solo antes liso, sem graça, agora cheio de vida. A partir de agora, aqueles que passam e dão conta daquelas marcas, as pegadas do gato, identificam toda a cena e podem mesmo fantasiar sobre o acontecimento, pintando o gato, o piso, o dia e o mundo ao redor com suas próprias cores.
Transformar é agir, antes que a situação já esteja totalmente definida. Antes que tenhamos secado para sempre. Enquanto houver movimento, vida - já que o equilíbrio, a estagnação é a própria morte -, podemos ser mais do que somos e dar colorido às nossas vidas, ainda que tenhamos quase a certeza de que já não dá mais para ser diferente em determinados aspectos. Ninguém está totalmente cristalizado. Nunca diga: meu tempo já passou.

Sambar é Pra Todos

O samba no pé
Dispensa sangue negro
Alegria, não.

Fantasma

Figura tão luminosa
Alcançada pelo olhar
Numinoso que se expressa
Transformando meu pensar.
Ameniza meus pesares
Sustentando a convicção:
Morte realmente não existe
A lei é reencarnação.

Sotaque

Sotaque leve
É fala compassada
Toque musical

Rir é Curativo

Festa-sorriso:
Fantasie seu rosto
De esperança.

Pra Mudar de Verdade, Não Seja Radical: Vá aos Poucos

Mudança real
Vem com pequenos passos
Sem atropelar

Mudar rápido
Pode levar ao tombo
Seja prudente

Quem começa já
Chega logo à meta
É bem esperto

Terror Nosso de Cada Dia

No Rio de Janeiro
Já não dá para viver.
Vou trabalhar. Eu volto?
Certeza não posso ter.

E dentro de um coletivo
Que sempre lotado está
Eu posso ser metralhado
Ou rezar pra me salvar.

Sendo assim nunca se sabe
Se vai ter provocação
De algum desavisado...
E começar a confusão.

Agora então, no verão,
E perto do carnaval
O desequilíbrio se instala
Sobretudo na geral.

Há que se ter cuidado
E anjo da guarda de plantão:
O desvario anda solto
E acaba em arrastão.

É tanta selvageria
Presente aqui e acolá
Que está me dando agonia
Sair pra qualquer lugar.

A bandidagem está solta,
Impune ditando a lei
E o povo, já tão sofrido,
Nunca consegue ter vez.

Conviver com o perigo
Tão amiúde não faz mal?
Abre o olho, meu amigo,
Um dia pode ser fatal.

Haikai Gastronômico

Cachorro-quente
De vez em quando vai bem.
Todo dia, é fria!

O Livro que Nunca Esqueci...

O Palácio Flutuante - Frances Parkinson Keyes

Um livro que nunca esqueci foi ‘O Palácio Flutuante’, que li na minha adolescência. Um lindo romance contando a saga de uma família com todas as desgraças e recomeços, inclusive com a magnífica descrição de um grande incêndio que me marcou muito. É uma história de superação.

Janela

Já é tempo de buscar novas saídas.
A mente é nossa aliada nessa atitude.
Não podemos estagnar jamais.
Eterna é a ânsia do homem pelo conhecimento.
Louvemos a curiosidade e a atração pelo mistério.
Admitamos que nunca teremos certeza sobre algo.

Criatividade

Cismar quieto…
A criatividade
Logo desperta.

Solidez

Segurança-clã
Transmite-se mesmo a
Minifamília.

Amor

Amo-te tanto...
Habitas meu coração.
Sou luz para ti.

Paciência Ganha a Guerra

Quero imitar
Formiga paciente:
Vitoriosa.

Camuflagem

Camaleão é
Quem tanto se mistura...
Nem sabe quem é.

O Livro que Me Fez Feliz

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

Um livro que li há muitos anos e me fez bastante feliz, foi Felicidade Clandestina, de minha adorada Clarice Lispector. No conto homônimo, a menina encarna a fascinação pela leitura e é mantida refém de outra que se delicia com o poder que consegue ter sobre ela por causa da promessa de emprestar-lhe um livro bem grosso.

Meu Amigo Mamoeiro

Lembrei-me que em minha casa havia uma mangueira e um mamoeiro que me pertencia, com quem eu conversava quase diariamente e, anos mais tarde, vi na televisão algo parecido quando transformaram em novela o Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos. Foi legal relembrar isto agora.

O Tempo Voa...

Se tempo voa,
Imaginação também.
Marque seu tempo.

Haikai inspirado na montagem
O Tempo Voa!!!

Pense Antes de Agir

O pensamento
Organiza a ação
Ao agir, pense.

Saudade

Era uma árvore copada que ocupava quase a extensão de duas casas da rua. Vivia num terreno enorme de esquina e, pela posição em que se encontrava, o solo quase nunca incidia sobre ela. Talvez isso mesmo é que lhe conferisse aquele ar misterioso. As outras árvores, no mesmo terreno, situavam-se bem distante dela. Mostrava-se majestosa, de tronco muito largo e galhos que se ramificavam indo bem longe. Suas folhas agora eram verde-escuro, completamente desenvolvidas, o que permitia garantir uma sombra imensa ao sol que, por isto mesmo, só apresentava pequenos arbustos. Era uma linda mangueira que, por sua singularidade, puxou imediatamente minha atenção enquanto passava por ela dentro de um ônibus. A partir deste momento, ela, grandiosa, passou a ocupar minha mente que não tinha lugar para outro pensamento que não fosse relacionado ao que ela me inspirava.
Quem não possui uma mangueira especial na história de sua infância?
E lá estava eu, de volta às brincadeiras no quintal de casa com os irmãos, onde adorava brincar de enterrar tesouros entre suas raízes. E era outra vez a bruxa que cozinhava ervas no fogãozinho (presente de uma prima), no qual ateei fogo uma vez, tendo ficado com o esmaltado amarelinho ao invés de branco. E agora me balançava solta e livre, empurrada por meu pai que era sempre chamado pra dar impulso ao balanço que ficava pendurado no galho mais forte de sua copa, onde sonhava sonhos de menina e me arrepiava quando, depois de um empurrão mais forte, quase conseguia dar a volta no trajeto de lá pra cá. Ouvia os pássaros que cantavam nos seus galhos todas as manhãs, que ainda hoje me trazem saudade do meu pai, que os imitava dizendo: bem-te-vi, bem-te-vi... E podia, ainda agora, sentir nos cabelos o vento forte e ouvir o som amedrontador naquela tarde de ventania em que fui encorajada por minha mãe a ir pegar as mangas que rolavam no chão depois de sacudidas do pé. Quanta saudade! Do pai, da mãe, dos irmãos!
Mas, sobretudo, da criança que mora ainda em mim e que é livre, confiante, sensível, adora novidades, embora ainda guarde alguns medos.

P.S. - Acabei de reler o texto e descobri o motivo daquela árvore ter me chamado tanto a atenção: aquela mangueira, com todos os seus atributos, representa tudo que era minha mãe.

A Escolha de Sofia

Liberdade ou
Casar com lua de mel:
Escolha cruel!

Aflição

Aflição é meu sentimento. É um fervilhar sem motivo. Tudo está bem. Há equilíbrio lá fora. Mas dentro de mim há reboliço. Será meu estado natural estar sempre buscando, querendo o desequilíbrio para criar alguma coisa? Serei mesmo quase esquizofrênica? Talvez sim. O fato é que acordo todos os dias com uma ânsia não sei do quê. Penso que me voltar para dentro é o caminho, mas sou tragada pelos apelos de fora. Mergulho sem parcimônia no fluxo da vida cotidiana com a maior facilidade. Preciso de um acontecimento que mude o rumo dos meus passos. Até quando? Por que naturalmente não procuro a mim? Por que eu não me volto para a essência e fluo neste mar de certeza e completude que é o interior de cada um? Tenho tanto apreço por este mundo de contradições, me regozijo com ínfimas belezas enquanto meu ser real se contorce em desespero na espera por mim.
Quero aprender de uma vez o caminho. Quero ser livre de todas estas amarras que me trazem cativa de um destino limitado, sem cor. Sei que posso, que estou perto, sinto que tateio no escuro quando devia saltar no abismo. Que a escuridão é o que dá a maior segurança, que o desconhecido é o berço dos que reclamam a infinita paz. Sei de tudo, mas não sou ainda o que sei. Um dia vou me saber. Então a aflição irá passar.
Descansarei na quietude dos que não esperam, não anseiam, não se abalam, não sofrem, não querem porque já têm, não buscam simplesmente porque apenas são.

Ponto de vista

O mundo é mau?
Depende do olhar ver
Bela paisagem...

Meu Livro Inesquecível...

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - Clarice Lispector

Sem palavras.

Aquele Beijo

Teu beijo de novo...
Aquele mesmo beijo
Que me tirava o chão.
Teu beijo de volta...
O mesmo estremecer,
E a cabeça atordoada.
Teu beijo me acende,
Faz querer morar no fundo dos teus olhos.
E aqui estou eu, sentindo a vida
Outra vez colorida.
Teu beijo foi injeção de adrenalina,
Tirou meu sono, deixou-me pronta para a briga
Do coração que quer ficar
Com a alma que se eleva em direção ao paraíso.

Teu beijo foi como antes:
Tirou-me de mim
E por um instante fui tudo.
E foi o bastante para saber
O quanto ainda somos amantes.

Lya Luft

As Parceiras - Lya Luft
Perdas e Ganhos - Lya Luft
Ponto Cego - Lya Luft
Rio do Meio - Lya Luft


Gosto de Lya Luft porque sua escrita é densa e toca em pontos cruciantes que ocorrem na vida de todos nós com uma visão surpreendente. O primeiro que li foi As Parceiras e acabei lendo todos os outros, mas os que mais gostei foram Perdas e Ganhos, Ponto Cego e Rio do Meio. Recomendo.

Não Soltem Balões

Cai, cai o balão,
Incendeia prédios.
Solta não, cara!

Mãe Terra: a ação do campo energético da Terra sobre os seres vivos

Mãe Terra: a ação do campo energético da Terra sobre os seres vivos - Mellie Uyldert

Este livro extraordinário chama atenção para o fato hoje incontestável de ver a Terra como um organismo vivo que sente e reage.
Mostra que como corpo vivo a Terra recebe e emite energia, que há locais onde o entroncamento de linhas de força gera radiação que produz um acréscimo de energia que pode ser sentida e medida.
Lembra que os animais reagem a estes campos energéticos naturalmente.
Registra que se verificou que locais sagrados foram construídos, no passado, exatamente sobre estes pontos de força.
A pesquisa feita pela autora mostra, ainda, a relação destas fontes de energia com a presença de monumentos, pedras colocadas sobre pedras, cavernas... e como este conhecimento do passado pode ser usado para beneficiar os seres vivos, trazendo-lhes fontes naturais de energia.
Assinala, ainda, os princípios de Feng-shui e deixa claro que, se o homem enxergar os padrões energéticos de todos os seres vivos e inanimados e da própria Terra, sabendo respeitá-los, só terá benefícios. Caso contrário, a Terra reagirá cada vez mais com terremotos, maremotos e outras catástrofes naturais, como bem mostram as alterações climáticas tão frequentes hoje.

Apenas Juntando Letrinhas

Se por falta de tereré
Hoje não escrevo nadinha
Dou meu jeito, não perco a linha
Escrevo qualquer coisinha
Sigo meu trem de letrinhas
Escrevendo, indo em frente
Alegrando tanta gente

Cantigas

Para mim são canções que vão além...
Além do tempo, das pessoas, dos significados.
Talvez morem no astral
E, por isso mesmo, falem ao coração da gente
E atravessem gerações.

Tédio

Tédio é morte:
Sossego da mesmice
De nada tentar.

Manhã

A passarada
Cantarola de manhã.
Bem-te-vi, te vi.

Transição para o Despertar

Se hoje passeia meu olhar
Sem muito interesse pelo que vê,
É que agora busca mais...
Sem desejo, experimento o Ser.

E se algumas vezes eu duvido
E penso que deprimida estou,
Vem a alma paciente e me explica
O tanto ingênua que ainda sou.

Pois que viver alucinadamente,
Envolvendo-se em muitas opções,
Nada tem de muito equilibrado,
Serve apenas para criar tensões.

Chega um dia em que a maturidade vem
E de repente temos um clarão...
O que parecia nossa própria natureza
Era só uma completa ilusão.

Pois quando o olhar se volta para dentro
Só encontra calma e perfeição.
Não existe um mínimo desejo,
É puro êxtase: a real expansão.

Mas eu me encontro antes da chegada
E tantas vezes reluto em aceitar.
Eu me debato, entristeço, desanimo,
Penso que agora começo a definhar.

Nada disso: há que termos confiança
Que é nos momentos desta transição
Que precisamos contar com a criança
Que ainda mora no nosso coração.

Será ela que irá nos socorrer,
Deixar-nos soltos, leves, sem temer,
Enquanto aguarda, sorrindo,
Calma no seu canto
O despertar da alma plena,
O êxtase, o seu alvorecer.

Medo

Noite fechada,
Tudo soa estranho.
Ai! Dá um medo!

Despedida

Partida certa...
Devo então aprender
A curar dores

Mãe

Esperança lã
Que aquece corações
É amor de mãe

Ó, Dúvida Cruel!

Luz fugidia:
Alma do outro mundo?
Estrela guia?