segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Sobre a Eutanásia

Quando condenamos um médico que participa da ortotanásia, ou seja, que interrompe a vida mantida às custas de aparelhos, deixando que a morte se concretize quando naquele momento não resta nenhuma possibilidade de que a vida se mantenha sem os meios artificiais, o que demonstramos?
Eu me pergunto se o que leva a isto não é uma revolta e um desconsolo com o fato de mesmo o médico ser impotente diante da finitude da vida. E não estaríamos sendo românticos demais ao supormos que o médico sempre pode melhorar as condições de vida de alguém e salvar vidas? Nem sempre é assim. A doença e o sofrimento fazem parte do aprendizado da alma. E só quem vive a realidade dentro de um CTI pode avaliar o sofrimento de doentes terminais. Muitas vezes, os familiares vendo o paciente previamente preparado para a visita, não fazem idéia dos reveses que enfrenta em outros momentos e que só os médicos e a equipe de saúde testemunham. É justo que tenham a opção de terem seus sofrimentos cessados.
Não se pode decidir sobre o tempo de vida de ninguém. Só o numinoso tem esta resposta. E o médico que movido pela compaixão cria um carma com o paciente que ajuda a morrer devia ser respeitado, louvado e não condenado sumariamente.