domingo, 21 de junho de 2009

Reflexão

Domingo, um dia em que geralmente os pais que trabalham fora podem estar junto de seus filhos, é um dia feliz para aqueles filhos que têm a sorte de possuir pais normais e bons.
Ontem os telejornais mostravam a babá acusada de tentar afogar o menino do qual era encarregada de cuidar e a menina austríaca que morreu vitimada por agressões da tia responsável por ela e por um irmão mais velho.
Estes crimes hediondos se repetem e faço a seguinte reflexão: domingo pode ser um dia de agradecer, pedir bênçãos, proteção, incentivo e sorte para aquelas babás, cuidadores, médicos, professores, funcionários de estabelecimento de ensino, saúde e creches que, na ausência dos pais tomam conta dos seus filhos com responsabilidade, carinho, paciência e, sobretudo, alegria.

Urubus

Manhã fria no asfalto...
Corpos enregelados, amontoados
nas calçadas frias e sujas.
Paisagem fria da cidade que acorda.
Trabalhadores rumam para as obras do PAC
em frios uniformes azuis,
robotizados, enganam os estômagos frios
com café quente nos bares das esquinas.
Crianças com blusas cor de laranja,
sonolentas, puxadas pela mão seguem para a LBV
pela longa estrada, atrás de mães disformes,
tentando vencer a sina dos dias duros e frios.
Restos do dia anterior abundam nas calçadas.
Restos humanos dormem no lixo;
fazem fogo perto da caçamba
e fumam guimbas que aquecem,
roubando o último fôlego.
Dois cavalos esquálidos descansam no muro da SUIPA.
No alto do prédio da igreja de crentes,
doze urubus pretos observam, se movimentam
e aguardam, na laje, o banquete.
Nesse recorte da comunidade, com carniça e podridão,
como no Planalto, os abutres agrupados confabulam...
Esperam para devorar o que restará dos homens de bem.

Estou Lendo...

Corpos da Alma, de Chris Griscom.