domingo, 28 de fevereiro de 2010

Carnaval

Carnaval é um tempo em que a realidade cotidiana dá lugar ao sonho.
E cada um de nós tem o seu.
As crianças têm a liberdade de escolher quem desejam tornar-se. E cabem, na medida, na fantasia que vestem: fadas, carrascos, pierrôs, super-heróis, colombinas, vampiros, bate-bolas. Não importa. Elas se transmutam naqueles personagens que elegeram.
Para os adultos, fica mais complicado deixar de ser o que pensam que são para manifestar outra personalidade. Geralmente, precisam de algo mais para nublar a consciência e permitir a mudança. É uma pena!
No carnaval tudo fica mais vivo. Os sentidos se aguçam e os talentos se manifestam. A profusão de cores e formas explode em criações inimagináveis que enfeitam os corpos e os lugares com luzes radiantes por toda parte.
O som é inebriante. Os acordes são arranjados magnificamente e a música só não é celestial porque o ritmo cadenciado é humano demais. As baterias descompassam o coração levando a emoção aos píncaros da glória.
Tudo é cor, tudo é luz, tudo é festa e alegria. Ou quase tudo. É inevitável lembrar do arquétipo do palhaço, daquela alegria forjada para suplantar a dor.
E aí vem a dúvida... será que esse povo que faz o carnaval na cidade é, por dentro, o que mostra na avenida nos dias de festa: só nobreza, beleza e força ou acaso tudo isso é o último vestígio de brilho que ainda sobrevive ao massacre de um cotidiano de pobreza, humilhação e medo?
Que importa? Cada pessoa é que sabe de si e nada pode tirar o que vibra dentro de cada um de nós.
E é isso que certamente explica toda a grandeza dessa festa, capaz de unir nessa arte, numa imagem harmônica, num ritmo cadenciado, num só canto, toda a diversidade de um povo que nesta hora sabe comungar num só credo. Está feita a Vossa vontade. Amamos uns aos outros como a nós mesmos. Somos feitos à Vossa imagem e perfeição. O sagrado expresso no profano.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de fevereiro do Duelos Literários: Carnaval.

Sem Máscara

Já é chegada a hora tão ansiada
De retirar a máscara de todo dia,
Liberar a repressão malfadada
E esbaldar-se colocando a fantasia.

Certamente não há mais como conter
Aquela eterna luta de polaridades.
O inevitável irá acontecer:
Homem sisudo vai sair de beldade.

Ele acaba revirando o armário do quarto
Da mulher recolhe saia e até o sapato,
Arranja a cabeleira do jeitinho exato
E aí só volta quarta-feira e sem espalhafato.

O carnaval é uma festa de beleza rara.
Mas para quem se reprime o ano inteiro,
A permissão para exibir a verdadeira cara
Pode ser pior que botar a mão em vespeiro.

É festa, é arte, é explosão de criatividade!
Pode ser orgia e bagunça por conta de bebedeira.
Mas nada tira o seu brilho em nossa cidade.
As almas expressam a luz de qualquer maneira!

Quem dera todos nós possamos um dia
Sem nenhum disfarce por menos-valia
Estampar no rosto nosso ser de energia,
Sem as máscaras exibindo a genuína alegria.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de fevereiro do Duelos Literários: Carnaval.

Carnaval

Criatividade, cantiga, compasso
Alegoria, avenida, abraço
Reinado, ritmo, remelexo
Negritude, novidade, nau
Alma, abre-alas, amor
Viagem, valor, vaidade
Animação, alegria, aquecimento
Lança-perfume, loucura, liberdade
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Este post faz parte da blogagem coletiva de fevereiro do Duelos Literários: Carnaval.

Ser ou Fingir

Carnaval é a apoteose
.......................do delírio
Pra quem só toca de leve
........................a realidade.
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Este post faz parte da blogagem coletiva de fevereiro do Duelos Literários: Carnaval.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Adeus, Calissa

Pintura: "Suspiro"
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Abriu-se para você um novo tempo
Livre das dores e limitações do corpo.
Traçando agora um novo caminho na luz,
É amparada por espíritos amigos e pelo amor.

Não havia mais como continuar...
Já era pesada demais a sua cruz.
Findaram as experiências aqui na Terra
E o aprendizado por certo continuará no Além.

Você leva tudo o que aprendeu,
O quanto amou e foi amada,
As ideias que brilhantemente defendeu
E até mesmo alguma incompreensão que gerou.

O que importa é o que não passa...
Deixou muito amor para alguns,
Levou lembranças das experiências positivas
E continuará bem viva no coração dos seus amigos.

Que a consciência a leve em paz
Para um novo despertar de liberdade.
Que o amor de Deus a guarde sempre
E que a saudade se transforme em força para os que a amam.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Luz e Trevas


A luz sempre se sobrepõe às trevas.
Uma pequena faísca ilumina desfazendo a escuridão.
Ao identificar o caos que se instalou em todos os lugares
Não podemos ceder simplesmente à desordem, à miséria,
Ao preconceito, à falta de lógica e de coerência,
À insanidade e ao desequilíbrio.

A luz e o amor são mais fortes
E agora eles devem reinar
Ignorando o poder das trevas.

Não podemos nos deprimir e adoecer,
Encolher diante dos absurdos.
Sejamos fortes!
É necessário manter-nos cientes
Da nossa integridade física e mental,
Da nossa ligação com o espírito.

As pessoas que vibram na oitava superior serão
Os pilares de sustentação na transição do planeta.
E deverão ser norteados pela certeza
Daquilo que são e no que crêem.
Não podem esmorecer e se deixar arrastar
Pela corrente dos que vivem inconscientes.

Aqueles que ainda não perceberam seu ser espiritual
Seguem em desequilíbrio e contribuem
Para aumentar o caos e engrossar a legião
Daqueles que só agridem e se defendem.

Mas os que são conscientes vibram luz
E têm infinito poder não manifestado.
São indestrutíveis quando alinhados com o espírito.
Devem ser trabalhadores incansáveis
E contribuir para alterar a vibração da Terra.

Através de suas posturas, atitudes,
Palavras e gestos de amor fraterno
Serão capazes de puxar muitos que ainda estão perdidos.

No momento da dor e do desespero,
Só a calma, a temperança, a segurança de si mesmo
E a atitude amorosa podem ajudar
Àqueles que já possuem essa consciência.

Que possam ser como beija-flores
Espalhando beleza e alegria por onde passam.
Que sejam o farol para os que estão perdidos.
Que sejam o bálsamo para os corações que sofrem.

E que possam ser o refrigério das almas
Que ainda queimam em desespero inútil.
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Pintura: "Trama"

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Outra Que Não Eu

Cai a tarde de calor opressivo.
Não há vento, a realidade para.
Observo tudo que não muda.
Nenhuma folha se mexe,
Não há pássaros, não há canto.
Há silêncio e tristeza.
Minha paisagem interna é cinzenta.
Vejo o mundo, mas não faço parte dele?

Sinto uma dor profunda
E nem sei qual a razão.
Parece que tudo desabou sobre mim
E que as coisas pesam demais.

Minha cabeça se atordoa
E o que me oprime é a vida
Com toda a sua forte presença.
São as alegrias e as dores.

O que me salvaria eu não consigo ter:
Um distanciamento protetor.
E nada a desejar, nada a esperar.
E não ter medo de nada,
Não sofrer pelas dores alheias,
Não sentir minha própria dor.

Mas, será que isso é viver?
Eu que sou passional,
De natureza viva, quente e mutante?
Como ter serenidade, certeza e calma?


Eu não sou calma nem placidez.
Eu sou barulho, gritos, choros, sorrisos.

Eu sou idiotamente humana demais!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Depressão

Dor que dilacera meu peito
Como algo que se aprofunda
E que desconheço a natureza.
Que me invade e domina!

Ela talha o meu leite,
Desanda a minha massa,
Sola os meus bolos,
Empelota os meus cremes,
Enfeia os meus pratos,
Queima a minha carne

E torna a minha vida insossa.

Que remédio capaz de curá-la?
Que luz ofuscaria seus dentes que brilham,
Enquanto exibem para mim sua agressividade?
Que força poderia espantar os meus fantasmas?
Que realidade teria o poder de me absorver nessa hora?
O que me despertaria interesse nesse momento?

Como consigo acalmar meus dias?
De que forma eu posso paralisar meus pensamentos
E deixar minha mente como um lago tranquilo
De águas claras e cristalinas?

Devo entender e aceitar os riscos de viver
Como a criança que avança no caminho,
Um pé depois do outro, preparada para o tombo,
Com a certeza de que irá se levantar e seguir sempre.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ver Além pra Viver Bem

Garimpar em todo lugar belezas
É tarefa hercúlea e empolgante.
Nunca para mim foi incerteza
Que o melhor se esconde dos amantes.

Viver bem é uma questão de escolha.
Por vezes parece armadilha de Sísifo...
Melhor é sentir-se protegido numa bolha,
Tentar e repetir, sempre com um sorriso.

Porque o que difere nos que têm sucesso,
É a disposição para vencer
Fazendo de cada tropeço ou retrocesso
Um desafio para não esmorecer.

Estar atento aos acontecimentos,
Percebendo onde errou ou acertou,
Sendo capaz de mudar a rota, a qualquer momento,
É a condição para ser um vencedor.

E, na verdade, vencer é vivenciar
Cada momento em sua plenitude!
Usufruir do belo e aproveitar...
A vida só melhora com mudança de atitude!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Meditar

Como pena de pássaro flutuando,
Ao sabor da brisa indo parar
Onde o pensamento for levando.
Soltar-se meditando é salutar.

Relaxar o corpo progressivamente,
Cessar da mente o burburinho,
Ficar tranqüilo e ser aquiescente.
Meditar é ser capaz de voltar ao ninho...

Até parece coisa de lunático!
Mas, na verdade, isso é só confusão.
Quem medita, jamais fica à parte,
Já que ela incrementa a atenção.

Mergulhar de cabeça no momento presente.
Ser capaz de integrar-se ao Universo.
Estar ligado a tudo realmente,
Sendo um com o Todo é o processo.

Mas, não se consegue isso só com a vontade.
É necessário aprender a ceder.
Entregar-se de todo e não pela metade.
Depois, é só deixar acontecer...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Aprender

O verdadeiro aprendizado é se saber
Nessa vida um eterno ignorante.
Ter humildade para compreender
Que jamais saberemos o bastante.

Pois que para poder caber
No mesmo lugar algo mais,
É necessário antes poder se desfazer
Daquele mesmo quantum, esvaziar-se ser capaz.

Quando nos consideramos locupletados,
Nada mais teremos do porvir.
Ser um vaso incompleto é o recado
Para aqueles que desejam evoluir.

Evoluir é estar disposto a aprender.
Não apenas se vangloriar pelos sucessos,
Porque é o erro reparado que vai trazer
A verdadeira razão desse processo.

Aprender sempre é recuperar a inocência,
Ser como as crianças, nunca resistir,
Porque é onde menos esperamos a presença
Que está o nosso mestre para evoluir.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Dom

Arte é centelha permanente
Na vida de quem deixa fluir...
A sensibilidade é um presente.
O dom é o bem maior a possuir.

Mas nem todos conhecem o seu dom.
Às vezes, é escondido tão profundamente
Que se vive sem brilho e fora do tom,
Percebendo a vida nada reluzente.

Se a existência parece cinza,
Se nós contamos os dias ao invés de viver,
Fazendo o que deve ser feito e sendo ranzinzas,
Decerto não deixamos nossa missão florescer.

É preciso sondar com diligência.
Entender como de fato somos é mister.
Onde parecemos perfeitos? Do que gostamos?
Cumprir a missão é fazer o que se quer.

Não importa o que os outros pensem a respeito.
A escolha é sempre individual.
Só você é capaz de saber ao que veio,
Pode ser algo grandioso ou mesmo banal.

O fato é que quando sintonizamos
Com a razão maior de nossa vida,
Equilíbrio, força e alegria nós despertamos,
Estaremos em paz e fluindo com a vida.

Essa é a maior proteção que se pode ter:
Uma vida muito rica de objetivos,
Não dando espaço pra doença aparecer
E estampando no rosto um eterno sorriso.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Hermógenes

O grande perigo da tecnologia é implantar no homem a convicção enganosa de que é onipotente, impedindo-o de ver sua imensa fragilidade.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Hermógenes

Pecador é tão-somente um ser infelicitado pela ignorância e pela doença.
O antídoto do pecado portanto não é virtude, mas saúde e sabedoria.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ecologia

Mostre que você tem cabeça
E se permita refletir só a alegria.
Vivencie dividir realmente o planeta.
Isso é entender de ecologia.

Estamos todos integrados.
Não há quem seja melhor.
Dependemos sempre do outro.
Fique atento se quiser evitar o pior.

É preciso conter o desperdício
De tudo aquilo que não seja perene.
Recursos eternos, isso é algo fictício.
Ensine às crianças de forma solene.

Proteger a natureza em sua plenitude:
Considerar as plantas e os animais,
Sem esquecer dos minerais que, amiúde,
Constituem riqueza e memória colossais.

Tudo que existe é sagrado!
Incluindo os homens, tudo é vivo e fundamental,
Mas parece que o planeta foi abandonado
Nessa corrida desenfreada pelo bem material.

Equilíbrio é respeitar o semelhante e o desigual.
É na diferença que se busca a complementariedade.
Ser responsável é responder de forma magistral.
O planeta está gritando! Salvá-lo só depende da nossa vontade.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Irmãos

Imundície indiferença infelicidade incerteza irritação insólito
Ruas rato ronda rosário raquítico ruindade
Menino madrugada maltrapilho maus-tratos mandamentos morte
ALMAS açoite ausência ANSEIOS ALIMENTO AMOR
Odores orgulho ofensa olhos ódio ocaso
Sombra solidão sumiço sofrimento sopro SEMENTE

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Escrevendo Bobagens

A idiotice manifesta é o único recurso que nos resta quando a habilidade nunca existiu ou o talento para escrever abandona a gente por longo tempo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ex-Haiti

A morte é oportunidade para quem vai e para aqueles que ficam e a presenciam. Com a morte, o físico se desintegra para que possa ser reorganizado no futuro. E a porção de luz segue como consciência, acrescida de mais aprendizado até que após um período de transição cósmica possa novamente habitar outro corpo físico e renovar as experiências na realidade material.
Aqueles que assistem ao desenrolar da morte - seja individual ou coletiva - e estão atentos às sutilezas que o cercam, igualmente poderão adquirir conhecimento e trazer transformação às suas vidas.
A experiência do que vem ocorrendo no Haiti todos os dias, há tanto tempo, acrescida pela catástrofe que aconteceu agora, pode ser enriquecedora para o observador interessado. O caos permite, pelo contraste, delinear ocorrências da mais elevada esfera, presentes lá e em todos os lugares onde o sofrimento físico pode ser transcendido pela força do espírito.
Até quando serão necessários as grandes hecatombes e o caos disperso no cotidiano, em tantos outros lugares pelo mundo, para que a humanidade se confronte com a realidade de que o sofrimento advém da ignorância de que fazemos parte da mesma unidade e que, portanto, o que afeta a um afeta a todos e podemos mudar a realidade redescobrindo nossa verdadeira natureza de espíritos?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Hermógenes

Tenho encontrado homens e mulheres que orgulhosamente proclamam a liberdade de serem escravos de seus vícios.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Hermógenes

Em busca de boas definições, encontrei uma que acho exatíssima:
- Potentado é um tolo que vive pelo pó tentado.
Concorda?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Hermógenes

Aí está a normalidade que recuso ser.
Aí está a massificação que não aceito para poder ser aceito.
Aí está um mundo normal no qual prefiro, mesmo em troca de sofrimento, conservar-me anormal.
Aí estão as compensações, vitórias, seguranças que não busco... para, desse modo, poder continuar fora do rebanho.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Hermógenes

Dois ignorantes se encontram e não tardam em se agredir.
Dois sábios se encontram e logo se abraçam.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Hermógenes

Os condutores de que o mundo precisa raramente aparecem. Surgem como estrelinhas faiscantes, mas em geral ficam anônimos, quando não perseguidos, anulados, esmagados pela mediocridade dominante.
Alguns desses raros seres nem sequer saem da humildade em que nasceram.
O mundo não os entende. E muito menos lhes atende.
O mundo prefere continuar seu viver sofrido, entre choques de doutrinas, nacionalismos adversários, facciosismos conflitantes, impérios que crescem esmagando e fazendo injustiça, instalando a exploração, despertando ódios, derramando sangue... E tudo em proveito de mentirosas e efêmeras hegemonias.
Os gênios que poderiam conduzir o mundo à Paz continuam estrelinhas anônimas, ignoradas, isoladas, inacessíveis.
São estrelinhas num rasgo de céu em noite tempestuosa pejada de negros nimbos da violência e da ignorância.
Quando teremos nós, os homens, um céu todo estrelado?