quinta-feira, 30 de abril de 2009

Escrava Isaura

Escrava Isaura - Bernardo Guimarães

Interessante romance de Bernardo Guimarães que aborda a questão da escravatura, já retratada em A Cabana do Pai Tomás, da escritora norte-americana Harriet Stowed.
A história é tocante para os corações compassivos. Para mim, a releitura dessa obra me trouxe de volta os devaneios da adolescência quando a li em capítulos ansiosamente aguardados todas as manhãs. Bons tempos...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Classificados

Procuro, para compromisso sério, mulher equilibrada, que seja ponderada, que fale pouco e me permita guardar silêncio por longos períodos, que acorde sempre de bom humor, que saiba fazer um mínimo das tarefas do lar e cozinhe o básico para garantir que eu não seja envenenado por “fast food” e que, acima de tudo, não tenha a expectativa de que eu seja a solução de seus anseios sexuais ou o encantado portador daquele cartão de crédito que tornará possível todos os seus sonhos de consumo.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Nossa História Vai Passar Outra Vez

Pois é, você chegou e nem me falou porque é que vinha. Eu o olhei e me fascinou tudo o que eu via. Tudo era lindo, familiar, seus olhos verdes, meu verde mar. Tudo, a sua postura, envergadura de todo amor que me inspirou. Você me faz acreditar no prazer de amar, no prazer da vida, de uma vida tão conhecida de outro mar... Tudo de novo: o seu caminhar, sua doçura, o seu olhar... Sinto que, para sempre, na minha estrada você há de estar. Eu quero a sua vida emaranhada na minha. Assim vou resgatar o que se perdeu em outro mar...
A nossa história eu sei que de novo vai passar...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Curando a Asma

Se você já teve uma crise de asma, vai poder entender perfeitamente o que estou falando.
Acontece geralmente no meio da madrugada. A pessoa acorda sufocada, não consegue botar o ar para dentro, já que o que está dentro não pode ser eliminado. É uma pressão no peito! Cansa, chega a doer. O coração dispara, vem o medo que aumenta a dificuldade respiratória e sobrecarrega ainda mais o coração.
E o infeliz geralmente não consegue se acalmar. Acha que vai morrer e recorre aos broncodilatadores ou corre para o pronto-socorro.
As duas possibilidades são desastrosas porque trazem um alívio, mas geram dependência.
E o que provoca a crise? Já estamos fartos de ouvir falar no assunto, de escutar as recomendações, de vibrar com as novidades da terapêutica, que na verdade, logo se mostram ineficazes. Porque todas as condutas estimulam a dependência, seja do terapeuta, dos remédios, do isolamento, da negação dos contatos. E o portador desse tipo de problema precisa, ao invés de se proteger, se isolar, se retrair, é de se abrir, confiar em si mesmo, desenvolver o seu poder pessoal, sentir-se forte e preparado para viver nesse mundo.
Mas palavras são bonitas, é até fácil compreender todo o processo, porém na hora da falta de ar...
O que buscar? O que fazer?

Acordei de madrugada: era aquela aflição, a pressão no peito, o coração disparando, expirar, só por meio da tosse. Não consigo bocejar, o diafragma não desce. Ficar deitada é impossível, apesar do sono. Não consigo relaxar. Tenho que ficar sentada, curvada para frente, usando músculos acessórios do pescoço para respirar.
Eu tinha entrado em contato com alergenos: ácaros, mofo, poeira, produtos de limpeza, aerossóis para matar mosquitos. A casa estava fechada por muito tempo e o tempo estava úmido. Eu estava ansiosa porque tinha viajado e isto para mim é causa de ansiedade.
Aí tudo se soma e surgem os sintomas. Seria fácil usar medicamentos. Mas não concordo com isto. Já que sou alérgica, procuro, por uma questão de comodidade, evitar o contato com os fatores que desencadeiam o processo.
Às vezes, é impossível e surge a crise. Sou virgem de tratamento e pretendo continuar assim. Já passei por maus pedaços, mas superei sozinha. Na minha pior crise, num dia de frio intenso em Lumiar, com chuva forte, e antes uma umidade enorme, só saí da crise rezando. Fui me acalmando; a chuva foi caindo, a umidade também e aí melhorei.
Na minha última crise, procurei me conectar com alguma coisa maior que eu. No meio da crise, lembrei de meu pai que morreu há oito meses em edema agudo de pulmão, velhinho e sem suporte hospitalar. Lembrei-me da sua agonia e da minha que estava ao seu lado e que por ter asma,conhecia um pouco o horror de me sentir afogada. Essas lembranças são dolorosas, porque me trazem culpa, já que não permiti que meu pai fosse entubado para evitar todo o sofrimento prolongado dos que morrem sem a dignidade de aguardar a sua hora em paz junto dos que amam e não sustentados por aparelhos.
Aí, instantaneamente, ao invés de ficar sofrendo por lembrar da agonia do meu pai no leito de morte e me comparar nesse momento a ele, pensei no meu pai como sua alma e não seu corpo físico. Pedi sua ajuda, sua inspiração. Então pude contemplá-lo na sua grandeza e perfeição.
Nesse momento, sentada na cama, instintivamente assumi a posição de lótus. Ao invés de permanecer curvada fui tentando alongar a coluna e abri o peito. As mãos pousaram sobre os joelhos tentando englobá-los com suavidade, com um sentido de proteção enquanto internamente eu repetia a mim mesma: lembre-se de quem você realmente é. Assim fui ficando, abrindo as asas para respirar, lembrando a mim mesma de quem eu realmente era.
Imediatamente algo aconteceu. A respiração foi ficando menos pesada, fui relaxando, conseguindo expirar e aprofundar a inspiração, o coração foi acalmando e logo eu estava me sentindo melhor. Com a expiração foi sendo drenado aquele muco que ao sair dá tanto alívio. Logo, eu já conseguia ensaiar uns bocejos. Na crise também ajuda muito abrir e fechar a boca várias vezes para estimular um bocejo que permite que o diafragma possa descer e ampliar a respiração. A gente não consegue bocejar quando está com a dificuldade respiratória.
Quando já estava bem comecei a pensar no que tinha acontecido, a analisar o que tinha feito de forma intuitiva e cheguei à conclusão de que tudo é muito simples.
A gente vive tanto quanto respira e tão bem quanto bem respira.
Então, se há dificuldade respiratória, você está caído, pra baixo, literalmente curvado. Na crise você está sob tensão, contraído. Então o tratamento é relaxar, alongar, soltar (o medo da morte gera apego). Mas o corpo físico não é capaz disso porque está sob estresse. A circulação energética está prejudicada, estagnada em algum ponto. É preciso então conectar com a alma. Esta é poderosa. Então é preciso lembrar que nós não somos apenas aquele corpo que sofre naquele momento na encarnação. É preciso despertar a memória de que somos alma, que já morremos outras vezes e que continuamos, então isso apaga o medo da morte que é o medo primordial e é o medo de quem não está respirando normalmente. Conectar com a alma é despertar a força curativa que todos temos, ainda que adormecida.
E a postura instintivamente adotada facilita o restabelecimento da circulação energética. Elevando os braços também tonificamos o meridiano do pulmão e isso eu também fiz na seqüência da melhora.

Enfim, com procedimentos simples é possível sair de uma crise, ganhando autoconfiança para no segmento tomar as medidas que visam evitar novas descompensações. O fato de não usar num primeiro momento medicamentos, nem correr em busca de ajuda externa constitui um ganho enorme no processo de lidar com esta doença.
Até mesmo com crianças, estimular determinadas posturas, fazê-las cantar e despertar nelas a confiança traz grande ajuda na assistência ao paciente.
Concluímos então que é imperativo e muito vantajoso, sob vários pontos de vista, despertar o curador que há dentro de você mesmo. É o melhor plano de saúde.

Indo Embora

Há momentos que são tristes. ‘Eu me sinto presa’. São tantas coisas densas, tantos problemas pequenos que não me permitem voar...
Quero alçar um vôo leve e levar comigo aquele que almeja a liberdade.

Há momentos que são cheios de alegria. Estou solta e leve, para fugir de tantas coisas que me impedem, que me mantém numa caminhada tão medíocre...
Quero correr, pular, sumir deste mundo grotesco, alma livre que sou. Sou presa somente pela emoção, pelos contatos de amor.

Sinto-me amarrada, atolada, cansada e sem ânimo de me libertar. Busco aquilo que sei que posso e não consigo. Não sei andar nesse caminho de pedras quando sei que vim de um lugar onde caminhava sobre as nuvens.
Quero voltar, quero me reencontrar. Vou-me embora. Vou voar. Vou ser. Longe daqui...

Meu Irmão Mais Feliz:

Ele está sempre de bem com a vida. Sua principal característica é a confiança. Espera sempre o melhor de cada situação vivida. É receptivo aos acontecimentos, às pessoas e às mudanças. Sempre risonho, é difícil conseguir tirá-lo do sério. Mas quando se aborrece eleva a voz, faz cara feia que chega a assustar. Mas passa rápido e logo recupera o ar jovial, o sorriso no rosto, as palavras suaves! É tão otimista, que quase sempre exagera nas expectativas de bons negócios e acaba tendo prejuízos. Mas não se importa, está sempre recomeçando. Sabe perder e recomeçar sempre com o mesmo entusiasmo.
Tem senso de estética apurado e adora trabalhar com as mãos, produzidno peças caprichadas, em madeira e metal. É autodidata, com um largo campo de interesses, sobretudo voltado para eletrônica e informática, nos quais sobressai e realiza coisas fantásticas. Mas seu forte é a diversidade. Já trabalhou em inúmeros projetos, desde criação de camarões e escargots até construção de aeromodelos. Na informática está sempre acompanhando as novidades. Já trabalhou com fotografia, montando um estúdio de alto nível e depois deixou seu sofisticado equipamento, sendo usado somente como hobby. Na verdade, ele é extremamente criativo, desapegado, vinculado exclusivamente ao momento presente e apaixonado por tudo que faz, sem se importar com questões financeiras, previsões e burocracias.
Aprecia, sobretudo, os prazeres da mesa, é excelente cozinheiro do trivial e adora experimentar novos pratos.
Seus amigos o adoram simplesmente porque é bom desfrutar de sua companhia.
Não tem orgulho, é o irmão mais velho, mas nunca se importou de solicitar auxílio sempre que precisou.
Constituiu numerosa família, criando seis filhos que tiveram sempre abundância de carinho, liberdade, incentivo e felicidade. Não aceitou comprometer a sua felicidade em troca de segurança material. Tenho certeza de que sairá da vida deixando para os filhos a riqueza representada pela alegria de viver cada dia como se fosse o último de sua existência.

domingo, 26 de abril de 2009

Todos os Mares

Mar de azuis
De algas, de recifes de corais.
Mar das redes fartas
De coloridos peixes
Dos pescadores com seus barcos.

Mar bravio
De ondas colossais.
Mar dos desbravadores,
Dos piratas e seus tesouros,
Das garrafas com segredos.

Mar de sonhos,
Mar de lágrimas
Daqueles que esperam na praia.

Mar de ilusão,
Mar das sereias fantásticas
E dos marinheiros enfeitiçados por seu canto.

Mar das crianças travessas, dos tatuís,
Dos surfistas pegando ondas, suas pranchas
E das mulheres com seus nus.
Dos caixotes e inevitáveis tombos,
Com seios à mostra e rosadas bundas.

Mar de audácia,
Mar de desconsolo e dor,
Mar de grandiosidade e tragédias.

Mares onde nos perdemos para nunca mais,
Dos afogados nas águas ou nas próprias tristezas.
Mares que nos levam para longe...
Para terras estrangeiras ou para o estranho em si,
Para buscas insondáveis, perdição ou reconhecimento.

Mares de náufragos...
Dos esquecidos
De si mesmos ou de todos.

sábado, 25 de abril de 2009

Escrever

Sempre se escreve sobre si mesmo. Talvez seja apenas isso: uma explosão repentina no ser que precisa ser aliviada. Eu escrevo estilhaços de pensamentos que, de repente, caem na minha cabeça. Tudo é fragmentado como a própria vida. A questão de cada um é juntar os pedaços, descobrindo o relacionamento que há entre os fatos, exercendo dessa forma a compreensão.
Quando escrevo tenho medo, porque me sinto despida, me revelo para os outros, sinto-me, por vezes, em carne viva, esfolada de minha proteção. Talvez seja por isso que minhas mãos ficam vermelhas, coçam tanto e esfolam. Eu quero me revelar. Eu busco me mostrar para mim mesma.
Só sei escrever assim: sem enredo, sem preparação, apenas dando vida ao que vai jorrando, brotando de mim.
Há tempos comprei uma máquina elétrica para escrever meus textos. Mas, doce ilusão, ainda não consigo, até hoje, acompanhar, com o teclado, a rapidez das idéias. Gosto mesmo é de escrever com a caneta deslizando pelo papel. Acho tão bonito esse movimento! É fluxo, é um escorrer de idéias, de sensações, de impressões...
Muitas vezes, quando espio pela janela do ônibus, surgem mil reflexões, todas elas geradas pelos cheiros que eu capto da vida. Enquanto os ônibus correm, os odores vão chegando, me impressionam e logo mudam para outros que trazem novas cenas que se desenrolam na minha mente. É incrível a velocidade em que o mundo vai acontecendo! Quanta coisa existe para percebermos com os sentidos! As imagens que entram pelos nossos olhos, os perfumes que se sucedem marcando acontecimentos, os ruídos que nos transportam para mundos diferentes. Como a realidade é rica de coisas e como elas nos fazem voar! Como cada um pode ser tão rico quanto quiser, quanto for capaz de enriquecer suas percepções! E o toque? A sensualidade é mansa e doce. Pensar, sentir, voar. Voar para mais alto, acima de todas as coisas. Integrar realidade e fantasia. Soltar as asas e ensaiar voos cada vez mais plenos de sentir. Quanta riqueza em cada um de nós! Quanta beleza presente, pronta para ser captada por todos que se sentem aptos a viver de fato! O imaginário é, a um só tempo, nosso servo e senhor.
Sensibilidade, estar à flor da pele, ansiar por doçuras, estar acima de todas as coisas, pensar somente com o coração. Tudo faz sentido. Tudo, de repente, fica belo.
Hoje pensei num trem. Tantas analogias passaram pela minha cabeça! Um trem é tão presente, é um impulso, sem freio, é continuidade, é perseverança, é destino. É um desenvolver aos poucos, é um balançar, é um barulho contínuo. É imponente, se visto de frente. Pode ser ameaçador. É dor pungente, de saudade, se visto de costas. É belo e convidativo ao olhar, se olhado de lado. Somos nós nas suas janelas. E aí tudo passa pela gente. O trem corre ou são as coisas, o mundo que corre? Somos nós que passamos pelo mundo ou será o mundo que desfila aos nossos olhos? Fico me imaginando dentro de um deles. Não me importo se há requinte no seu interior. Eu gosto de requinte, de cuidados, mas prefiro a simplicidade. O que me atrai de fato é percorrer longas distâncias olhando pela janela. É poder ver o mundo passar por mim, é essa alma de voyeur, é a experiência da impermanência de todas as coisas. Eu vibro quando consigo captar não só imagens como também cheiros que me transportam para outras realidades. Sei que os odores que impregnam meu nariz sensibilizam áreas nervosas que são então integradas no cérebro e me despertam emoções. Adoro a fluidez das informações chegando. São tantas vidas a passar pelos meus olhos! Vidas que me fazem deflagrar outros sonhos. Vibro com a realidade que vejo e com os sonhos que cada fato real me desperta. É uma riqueza imensa que brota de dentro de mim. É vida sobre vida.
Para mim, isto é estar aberta. É sempre que o mundo me impressiona. É quando eu me conecto com o exterior. É quando o que vai por dentro de mim consegue romper as barreiras e extravasar. Adoro esta palavra: extravasar. É ir além, romper limites. É ir subindo devagar, transbordando, espalhando-se.
Música também me atinge em cheio. Ouço Je t’aime e fico trêmula. Porque hoje estou à flor da pele. E estar assim é estar viva, mesmo que isso aconteça somente às vezes. Fora isso, me sinto uma máquina de realizar. Realizo, faço, cumpro, venço, produzo. E é tão bom ser só sentidos, estar à janela do trem e ver o mundo passar. E sentir, sentir, deixar-se levar. Ser somente. Nada a fazer. Não fazer. Soltar-se. Soltar as amarras e ir à deriva, mar afora. Trem solto dos trilhos. Pássaro sem asas.

É Problema Nosso

Existirá coisa mais triste e absurda que uma criança refém da infelicidade e frustração dos pais?
Quantas crianças neste exato momento sofrem no próprio corpo e na alma os maus tratos daqueles que deveriam protegê-las?
Porque diabos estes seres frágeis são feitos de sacos de pancada que aliviam as agressões sofridas, diariamente, por pais despreparados, nesta sociedade injusta?
E o que dizer daqueles que se omitem quando não denunciam e livram por vezes da morte, crianças cujos gritos e choros contidos fingem não ouvir?
Estes filhos do desespero, do medo, da raiva e da dor são nossos também, daqueles que ainda conservam um pouco de lucidez e equilíbrio neste mundo louco.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

IR

Mês de cálculos!!!
Só tributos injustos:
Leão ou porcos?

Cadê a grana
Que pago de impostos?
Social? Zero.

Não dá pra correr,
Sou assalariado:
Só resta pagar.

Eu financio
A farra em Brasília
Com meu trabalho.

E até quando?
Não dá para entender...
Melhor nem chiar.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Fim de Semana na Casa da Tia

Ela tem 10 anos e veio passar o final de semana comigo. Pensei em como poderíamos nos divertir, mas na bagagem, ela vinha trazendo livros e cadernos porque tinha que estudar, recomendava o pai. É que agora nas escolas existem muitos trabalhos, atividades e provas. Assim, crianças da 4ª série, na minha época chamada de curso primário, já precisam estudar, inclusive nos fins de semana. Como resolveríamos esta questão? Afinal, ela estava comigo para enriquecer algum outro aspecto de sua vidinha, eu imaginava. Resolvi que faríamos todas as tarefas e estudaríamos livros e cadernos de um jeito bem tranquilo, divertido, sem stress. E, principalmente, sem comprometer o precioso tempo destinado ao outros aprendizados.
Ela havia chegado na sexta-feira à noite, pois fica todos os dias no integral até as 18 horas. Então só deu para jantarmos, vermos um pouco de televisão e irmos dormir, já que para estar na escola às 7 horas, o ônibus escolar a pega em casa às 6 horas e ela acorda às 5:30.
Fico admirada de como a vida das crianças de hoje é sacrificada. Aí entendo porque as fobias, úlceras e doenças de pele são tão prevalentes.
Então, no sábado, depois do café, saímos para andar um pouco pela rua e pegar sol, olhar as pessoas. Descobri que ela tem horror a cachorro e medo de sair na rua, medo aprendido com o pai já transtornado pela violência da cidade. Voltamos e iniciamos os estudos. Enquanto ela estudava, eu a ajudava e lhe ensinava a cozinhar também. Intervalos para brincadeiras e orientações várias sobre relacionamentos com colegas e professores, táticas para estudar mais rápido, como secar os cabelos, como cuidar das unhas etc. Ela descobriu que estudar podia ser divertido, interessante, sem preocupações com resultados de provas, visando apenas o conhecimento. Na tarde de sábado, já tínhamos conseguido completar as tarefas e o estudo.
Foi aí que ela me mostrou um livro que teria de ler ainda naquele dia, com 60 páginas, falando como se fosse uma horrível condenação. Mostrei a ela o gosto pela leitura e como os livros nos enriquecem. Lemos juntas, cada uma um capítulo. O livro era fantástico: A Fada que Tinha Boas Ideias, de Fernanda L. de Almeida. Propus a ela que lêssemos dramatizando as falas. Ela adorou, leu direitinho, entendeu e interpretou fadas, bruxas, cometas etc. Foi demais!
Ao ir dormis, no sábado à noite, estava em dia com todas as obrigações e assim poderia ter o domingo livre, sem pensar em escola (que a mente precisa se afastar de tudo, periodicamente, para descansar). Na manhã de domingo brincamos de karaokê porque ela iria embora à tarde para almoçar com o pai. Cantamos, dançamos, pulamos, gritamos. Eu me soltei, liberei tudo, me diverti demais. Rimos de gargalhar cantando a música do sapo que não lava o pé, com a e i o u. Foi libertador.
Hoje, segunda-feira, liguei pra ela às 5:30 e falei assim: “I sipi ni livi i pi, ni livi i pi piqi ni qi...” E ela dobrou de rir. Estamos começando uma nova semana leves, renovadas e, sobretudo, felizes.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Silêncio

Cuida em guardar silêncio. É preferível falares somente as melhores palavras.

O Primeiro Banho

Era o que pretendia ser o primeiro banho do neném. No quarto, esperavam a avó paterna e a tia avó materna, quando a mãe chegou com o pequerrucho no colo, que sentindo a aproximação do local do “sacrifício”, já botou a boca no mundo. Foi conduzido até uma pequena mesa, onde deveria ser colocada uma banheira e deitado lá, para em seguida, lhe tirarem a roupinha e a fralda. Mas cadê a água? A avó correu para trazer uma pequena bacia com água morna, enquanto a mãe pegava um chumaço de algodão que umedecia e passava pelo corpinho do bebê que, vermelhinho de tanto gritar, continuava reclamando, enquanto era virado para limpar as costas e as nádegas. Nada de sabonete, nada de cheirinho de neném. Que frustração! O umbigo era protegido por uma compressa de gaze para receber a limpeza com álcool. E depois,colocaram a fraldinha, a camisinha de pagão, a calça comprida, as meias e a blusinha de manga. Enquanto faziam este ritual, mãe e avó cantavam uma música estranha que falava de um reizinho que chegava na casa, sob os olhares incrédulos da tia. E o banho? O bebezinho agora já estava aninhado no colo da mãe, já abrindo a boquinha naquele reflexo de sucção em busca do leite para saciar a sua fome e desproteção.
Enquanto recolhia as roupinhas usadas, fraldas, gaze e algodões, deixando o quartinho outra vez todo arrumado, a tia se lembrava de como eram os banhos de nenéns em sua casa onde a enorme família era comandada por sua mãe, uma mulher forte, rosada, gordinha e sorridente que com sua mão protetora sempre dava o primeiro banho em todos os bebês da família, inclusive na mãe desse bebezinho, sua neta. Sempre era escolhido o quarto da frente da casa, mais iluminado. Sobre a cama era colocada a bacia rosa ou azul, a toalha colorida e felpuda, roupinhas limpas, cinteiro e fralda, talco e sabonete do bebê. Os familiares formavam a plateia embevecida. Um era encarregado de trazer a água morna, outro ajudava a despir o bebê. Então a matriarca erguia a criança sustentando as costas com a mão, deixando a cabecinha pender recostada ao braço e descia lentamente até a água que molhava os pezinhos, as pernas e então o corpinho que ficava submerso até o pescoço enquanto com a outra mão lavava a cabecinha deixando a água levada pela mão em concha escorrer pelos cabelinhos, com o cuidado de não deixar entrar nos ouvidos. Em seguida, era lavado o rosto, o corpinho, pernas e braços. Era um banho rapidinho que só era iniciado depois de fechadas todas as janelas para impedir que houvesse corrente de ar que poderia, segundo ela, provocar uma pneumonia galopante na criança. E os bebês adoravam. Seus corpinhos eram lavados assim como as suas auras ficavam limpas pela água morna. Enrolados na toalha felpuda e apertados junto ao corpo da doce avó, ficavam quietinhos enquanto ela enxugava cabelos, rostinho e corpo. Logo eram vestidos com a ajuda de tias e tios sob exclamações de orgulho e comparações com outras crianças da família. Saía do quarto só depois de ser perfumado, acarinhado e receber um tantinho de talco nas costinhas para evitar alergias, sob os protestos desta mesma tia que estava estudando Medicina e reprovava o uso de talco. A fraldinha era colocada depois de besuntar o bebê com Hipoglós. Seguia-se a disputa da família para ver quem seguraria o bebê, inclusive a mãe, depois do banho. A avó, orgulhosa, recolhia os utensílios no quarto e saía triunfante, tendo ensinado a mais uma marinheira de primeira viagem como era dar banho no bebê.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Semear

Estou num imenso jardim onde exercito aquilo que mais me fascina. Não é um jardim como aquele que conhecemos e sim um outro com os mesmos atributos. No jardim do mundo semeio novas ideias. E fazendo isso não busco reconhecimento, mas o faço apenas por hábito. E esta tarefa obedece às regras da natureza.
No plantio, havemos de escolher o momento certo em que a terra-gente pode receber a nova semente. E esta, dependendo da planta que se espera, não pode simplesmente ser lançada. Teremos que cavar um sulco na terra, um ponto de menor resistência deve ser aberto para abrigá-la. Molhar o solo frequentemente se faz necessário. E o semeador de ideias fará isto trazendo exemplos de casos bem-sucedidos que funcionarão como a água fertilizadora da semente. E quando, num milagre da existência, a planta-ideia florescer, será preciso vigiá-la para que não fique exposta às intempéries do tempo. É que frequentemente as novas ideias e seus defensores são alvo daqueles que desejam manter o que está arraigado. É o peso do convencional.
Depois, quando vingar, a plantinha deverá crescer para ser vista por muitos neste imenso jardim. E é necessário protegê-la dos depredadores, aqueles que são devoradores de novas ideias que, como tratores, egoisticamente passam por cima do projeto de árvore, impedindo a propagação do novo.
Mas não basta protegê-la, é necessário também guiar seus ramos, impedindo que se desvirtuem do tronco, alterando aquilo que foi inicialmente proposto.
E o verdadeiro jardineiro não se dedicará apenas a uma espécie de plantas. Ele irá diversificar, espalhará várias ideias, semeando em muitas áreas desde que encontre solo fértil.
E um dia verá plenamente desenvolvidas plantas de caules flexíveis que se movimentam ao sabor do vento, numa liberdade de se adaptarem tanto quanto se fizer necessário. Encontrará outras árvores rígidas, são os pensamentos que devem permanecer inalterados, que são a base, os troncos fortes que constituem a estrutura das ideias de uma civilização.
Assim, cada conceito, cada pensamento terá o seu perfil, sendo todos necessários e todos pertinentes. O jardineiro sabe disto tanto quanto a mãe que reconhece a diversidade de personalidade dos filhos, todos concebidos, gerados e cuidados por ela.
E obedecendo à ordem de todas as coisas, o semeador verá suas plantas-ideias, num determinado momento, ceifadas pelo tempo, entendendo que mesmo após a morte, partes destas suas ideias serão adubo natural que permitirá, no futuro, o nascimento, desenvolvimento e propagação de outras ideias originais, plantinhas novas, naturais ou híbridas. O que importa, no fluir do tempo, é, inevitavelmente, o surgimento do novo.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Branco é Branco, Preto é Preto

Esta questão de cor de pele não traria qualquer problema se pudéssemos nos comportar em relação a isto como meros observadores, sem que nossa avaliação resultasse em catalogações com as suas consequencias.
Assim, como disse a magnífica Dona Canô, o fulano seria preto e chamado de preto naturalmente, assim como nos referiríamos ao branco como branco. Seria simples assim.
E num país de miscigenação forte é risível tentar dividir a população em um sistema de cores e raças. Todos nós somos a mistura de brancos (portugueses), índios e negros (africanos) e pronto. Corre em nossas veias sangue negro sim, mesmo que nossa pele seja a mais nívea.
É ridículo tentar enquadrar alguém como pardo. O que é o pardo? Qual a gradação que vale entre o branco e o negro na cor da pele? Surgirão as eternas dúvidas e o que mandará na hora de se auto-declarar serão as conveniências de cada cor em dado momento de vida da dita sociedade.
Que vontade eu tenho que chegue logo o dia em que impere a simplicidade e se possa apenas observar a pele de alguém e decidir que cor ela tem sem que haja qualquer vinculação de vantagens ou desvantagens.
Porque, considerando toda a humanidade, a cor da pele é só mais um detalhe no físico de alguém. E o físico é só uma parte da natureza daquela pessoa que inclui também o emocional, o mental e o espiritual. Logo, quando lidamos com a realidade é impossível não enxergar o absurdo da segregação racial a partir da cor da pele.
E no caldeirão chamado Brasil, então, é hilário estabelecer estes limites e instituir benesses baseadas neles, principalmente numa questão tão importante na vida de uma pessoa como a oportunidade de entrar para uma universidade. Vincular a cor da pele à distribuição de vagas é mais uma opção estabelecida por ensandecidos e, portanto, só poderá gerar dúvidas e infindáveis contendas.

Êta, Tema Difícil!

Eutanásia é tema difícil porque se relaciona com a morte, este tabu intransponível do qual a maioria das pessoas nem quer se aproximar. Morte, é bom pensar sempre que só acontece com os outros e melhor ainda, com aqueles que estão bem longe de nós, não fazem parte de nossa família ou relações.
Assim entendo porque este tema está proposto no Duelos desde o dia 11/04 e até agora ninguém escreveu sobre ele.
Para mim, assim como o aborto, eutanásia é uma questão de direito. Devemos ter todas as opções possíveis para fazermos nossas escolhas. Mas é claro, que a informação deve ser vasta e a possibilidade de trocar experiências sobre o tema tem que acontecer bem antes que isto figure como uma ocorrência em nossa vida sobre a qual precisemos decidir.
É um assunto tão complexo e polêmico, já que envolve morte, culpa, espiritualidade, doação de órgãos, limite de vida, sofrimento, reencarnação, vitimização, medo, raiva, tantos outros aspectos do humano, sobrehumano, sendo difícil emitir uma opinião sem que se caia na realidade de que é preciso ainda aprofundar a discussão.
Numa sociedade como a nossa, bem diferente da realidade que existe na Suíça, legalizar a eutanásia pode ser temerário. Até lá resta a opção velada, que acaba sendo rotina nas UTI’s, manipulada por consciências que, muitas vezes, não se coadunam com as do interessado ou de seus familiares.

Notícias

Muitos já compreenderam o novo paradigma, este que diz que nós estamos ligados a tudo o que existe, que aquilo que afeta a um atingirá certamente a todos, ainda que não percebamos. Nada se move no universo sem que afete a todos. Mas quantos de nós experimentam isto no dia a dia? Nós somos seres de luz, temos o que chamam Deus dentro de nós mesmos: assim, somos capazes de muito mais do que sabemos. Podemos fazer o que se considera mágica. Mas, para realizarmos magia, devemos antes admitir magia no nosso sistema de crenças.
A nossa realidade é aquilo em que acreditamos. O que faz parte da crença de cada um de nós neste momento? Será que acreditamos na perfeição? Será que vendo o que acontece neste mundo podemos acreditar? De todos os lados nos chegam as piores notícias: as imagens são aterradoras, os sons nos transmitem horrores ocorridos em todas as partes do mundo, o ser humano está degradado ao nível mais rasteiro. Estamos acabando com o meio ambiente. As crianças que nascem hoje ouvem todos repetirem que estamos no fim do mundo, que o mundo é feio, triste, injusto, absurdo. A vida foi banalizada, as emoções foram rebaixadas em relação à razão e, paradoxalmente, somos cada vez mais insanos. As crianças crescem esperando o pior. E o pior continua piorando, acontece tudo do jeito que esperamos.
Mas, este fim do mundo bem que poderia ser este mundo inglório, este mundo de pernas para o ar, este mundo feio, indigno, estampado nas páginas dos jornais, veiculado nas telas, ouvido em toda a parte como sons de dor e agonia. Podemos sim decretar o fim deste mundo de uma hora para a outra.
Eu creio nisto porque há sementes espalhadas por aí. São seres que habitam todas as partes do mundo e que estão coadunados com esta nova realidade, que se expressam de acordo com as leis da natureza, que esboçam a perfeição. E estes seres estão influenciando outros tantos e um dia, que não está tão distante, esta página de indignidade terá sido virada e seremos testemunhas de novas notícias. Será a hegemonia da perfeição.
E as crianças que nascerem formarão seus sistemas de crenças de acordo com a nova realidade onde o amor será a lei, curas espontâneas serão a regra, a paz, a justiça, a beleza, a ausência de dor e sofrimento, a harmonia serão consideradas absolutamente normais.
Se, como têm provado os fatos, o homem continuar seguindo o que ocorre com ratos e macacos, assim será.

domingo, 19 de abril de 2009

Semente de Amor

Criança tão linda
E cheia de vida
Vens a este mundo
Para espalhar amor
És fonte de cura
Para os que te merecem
Promoverás a paz e trarás harmonia.
Serás forte, lúcido e bom
Terás que ser firme
Pois que és o eixo
Mas tu és tão doce
Que a todos encantarás
Semente de bondade,
Iluminarás os caminhos
De teus pais e teus parentes
Serás querido por todos
Meu amado bebê.

sábado, 18 de abril de 2009

Vamos Sintonizar com as Oitavas Superiores da Luz

Criamos nossa realidade com nossos pensamentos.
Nem sempre podemos mudar as circunstâncias imediatas, mas é certo que, a qualquer momento, é possível mudar nossas atitudes frente às ocorrências, alterando com isso nossa experiência de vida.
É necessário que estejamos alerta para não deixarmos de sempre tentar elevar nossas vibrações e estimular os que nos cercam a fazer o mesmo, entendendo que frente às notícias aterradoras de fatos que acontecem no nosso dia a dia, não podemos ter uma atitude passiva, admitindo para nossas vidas coisas inaceitáveis, como se, neste momento, as pessoas já considerassem “normal” serem desrespeitadas e maltratadas.
É preciso uma posição firme de todos nós, reconhecendo nossa natureza espiritual e tentando nivelar a humanidade por cima e não permitindo rebaixar ainda mais a vibração do planeta.
É inadmissível passarmos por situações como a que constituiu manchete de todos os jornais do dia 16 próximo passado na cidade do Rio de Janeiro: a violência expressa dos funcionários da SuperVia que socavam, empurravam, chutavam e chicoteavam trabalhadores usuários dos trens, diante de um policial militar que, além de não agir no sentido de proteger os trabalhadores, ainda ajudava a empurrá-los para fechar as portas dos trens.
O trabalho da imprensa no sentido de documentar estes fatos lastimáveis com imagens detalhadas que não deixam qualquer dúvida sobre o ocorrido, em sua natureza surrealista, nos permite tomar a atitude de cobrar das autoridades providências imediatas para reverter este quadro vergonhoso que não constitui, segundo a declaração de vários passageiros, fato isolado e sim, rotina na SuperVia.
É muito importante a divulgação daquilo que é uma manifestação de menos-valia: como pessoas cometendo atos de violência, dormindo no lixo, vivendo em condições subumanas, drogando-se, sendo abusadas sexualmente, vendendo seus corpos e tudo o que coloca o ser humano numa vibração baixa, para que nosso pensamento seja firme no sentido de colocar estes fatos como inaceitáveis e chamar a atenção das pessoas para que não admitam para suas vidas estes atos de indignidade.
Temos que ter consciência de que somos seres de luz, podendo assim vibrar numa oitava superior.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Nascimento

É vida nova:
Natureza surgindo,
Sábia criação.

É bebê lindo,
Delicado presente,
Bate coração!

Promessa boa,
Caminho luminoso
Saúde, neném!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Chegou o Neném!

Trazido por sábia cegonha zen
Lá vem o bebê em meio
A uma revoada de borboletas multicoloridas.
Já vem sorrindo, balbuciando barulhinhos
Esticando braços e perninhas
Chegou em dia auspicioso,
Delicadamente encomendado pela família toda em festa:
Os corações extravasando amor
Compondo no astral nuvem rosada onde certamente
Ele se lançará para a vida
Com total confiança.
Seguro de ser amado, cuidado
E conduzido por um caminho florido e iluminado,
Observado por seus pais que nele renascem felizes.

Violência e Paz

Certas coisas que parecem impossíveis, podem ser conseguidas somente com resistência pacífica. A teimosia em buscar a paz é o último recurso para lidar com a violência.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Teimosia e Persistência

A teimosia e a persistência constituem uma forma de resistência pacífica, através da qual coisas impossíveis podem ser conseguidas.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Mágica no Cotidiano

Saí de casa hoje decidida a enxergar além daquilo que definimos como realidade. Seria um desafio, eu bem sabia, tanto que nos acostumamos a acreditar em tudo que conseguimos perceber com nossos parcos cinco sentidos, já que a maioria de nós não desenvolveu outros. Só que eu tenho sido informada, repetidamente, nos últimos anos, por fontes variadas, de que a realidade é pura ilusão e o que é de fato real está além disso e até podemos participar de sua criação, já que não existe realidade sem um observador. Apesar de parecer complicado, resolvi experimentar como funcionava.
Como ainda era aprendiz, seria prudente ir aos poucos, considerando uma coisa de cada vez, o que, em si, já seria um paradoxo, uma vez que a realidade é sentir-se integrado ao Todo, mas como nosso condicionamento foi apreender a realidade em partes separadas, o que é pura ilusão, achei melhor desta forma, pelo menos no início.
Hoje eu me ocuparia de olhar para as pessoas que passassem por mim. Quantas coisas enxerguei quando me permiti não limitar o sentido da visão. Ele se expandiu, captando além da imagem que os olhos, do ponto de vista anátomo-funcional (rsrs).
Assim foi que logo no elevador dei de cara com o vizinho do décimo andar e percebi que por trás da expressão de homem bem acordado, cheio de disposição e afabilidade no trato, havia alguém deprimido que desejava ter permanecido na cama e extremamente raivoso, tinha cara de poucos amigos.
Na rua, esbarrei com um menino deitado no chão frio, sob neblina, encolhido e sem coberta. Mas era pura ilusão a impressão de sofrimento que ele me passou: olhando bem, ele dormia sossegado, sua alma tranquilamente aguardava que abrisse os olhos para um novo dia sem expectativas e, naquele momento, as ações externas eram incapazes de fustigar seu corpo físico, já que ele (o menino) não se identificava com ele (o corpo).
Logo adiante parei para esperar meu ônibus e qual não foi minha surpresa quando, ao mirar outros coletivos que passavam, o que vislumbrei foram enormes carros de circo com suas gaiolas apinhadas de animais presos que desfilavam diante dos transeuntes em cada cidade onde chegavam para fazer espetáculos.
Desta forma concluí que a realidade de fato é plástica, bastando sermos co-criadores para nos divertirmos à vontade.

Temperança

Orgulho trava,
Traz dificuldades.
Siga com amor.

Paixão esquenta.
Causa brigas, confusão.
Amor serena.

A mente traz luz.
Ordena a confusão.
Use a razão.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Emprego Público

Segunda-feira! Cruz credo!
Não tenho vontade de acordar.
Logo volto praquela gaiola,
Onde, todo dia, eu vou trabalhar.

É que é um lugar nojento:
É só mofo e umidade.
De fora, vem cheiro de lixo
E é palco de iniquidades.

Sempre bate uma depressão,
Quando a semana recomeça.
Fazer um trabalho criativo
É o que menos interessa.

Prossigo tentando fazer
Limonada suíça de limão podre.
Fica difícil de entender
Juntar incompetência, sandice e mente torpe.

É que a administração é tão falha
Que dá nojo e revolta em quem trabalha.
E o que nos mantém neste tédio escabroso,
É mais que necessidade, é consciência do direito do povo.

Então do serviço público não saio.
Morro reclamando até que isto mude.
São quase trinta anos lutando contra o descaso,
Sem acomodação, não cedendo ao crime impune.

Há de um dia aparecer
Gente que nunca se esqueça
Que o melhor no trabalho
É ter qualidade e destreza.

Pois fazendo o que se sabe,
Aquilo que é nossa missão,
A alegria transborda logo,
Aquecendo o nosso coração.

E isso é que leva à saúde,
À alegria e à paz também.
Pois quando trabalhamos de fato
Não estamos fazendo favor a ninguém.

É preciso manter a qualidade,
Ter consciência e amor na profissão.
É a única coisa capaz de ajudar
A reverter tamanha adulteração.

domingo, 12 de abril de 2009

Feliz Páscoa!

Amigos do Duelos
Feliz Páscoa pra vocês!
Que hoje tudo seja belo.
A sua vida começa outra vez...

Que cada coração
Se encha de amor e de paz,
Acendendo a esperança
E brilhe sua luz ainda mais.

Que seja um dia de compartilhar,
De dar amor e perdoar,
Trocar presentes e gentilezas,
Fazendo a alegria extravasar.

Façamos juntos um mundo melhor
Onde os sonhos bons se realizem.
Que cada um encontre o seu lugar
E assim todos se harmonizem.

Ofensa

Há quem chegue tão alto, de tal celebridade, que considere ofensa ser interpelado por um cidadão comum. Procurarei não ofender, mas alguém assim deve elevar sua alma o quanto antes.

O Significado da Páscoa

O homem, por natureza, lida constantemente com símbolos. E compreender conexões inconscientes que se manifestam no dia a dia pode ser libertador.
A Páscoa é mais uma data importante, carregada de significados, dentro da cultura judaico-cristã.
Em última análise, o que seria a Páscoa, por que é simbolizada pelos ovinhos que se oferecem de presente? Simboliza o nascimento de Jesus, na verdade o renascimento, é a ressurreição. Oferecemos nesta data, então, para aqueles que amamos, a perspectiva do espiritual. Pois se há ressurreição, se Cristo morreu na cruz para nos salvar do pecado, que pecado seria este? É o pecado da separação, do homem ter esquecido sua natureza espiritual.
Quando Cristo morre, vitimado por danos inflingidos ao seu corpo físico, a matéria, e depois renasce, ele mostra ao homem que temos a capacidade de transcender a matéria, de sermos ilimitados, porque somos seres de luz. Ele nos religa ao mundo espiritual. A Páscoa é uma reafirmação de que há possibilidade de sermos ilimitados, de escaparmos das prisões do mundo físico, que temos uma porção espiritual dentro de nós e que se focalizarmos nesta nossa porção, teremos a bem-aventurança, seremos a imagem da perfeição. E essa luz em nós é o amor. A Páscoa é o momento de expressar o amor, de sentir o amor dentro de si e espalhar este amor, presenteando o semelhante. E isto é bem simples. E amor é profundidade, é mansidão, é serenidade, é paz, é simplicidade.
Mas o homem, para compreender esta simbologia, precisa voltar-se para dentro, sentir tudo isto dentro de si. E nesta época, isto clama dentro dos homens. Só que hoje, parece que tudo está deturpado e o que existe é um sentido de premência, uma necessidade nervosa de alcançar este algo indefinível, e as pessoas acabam buscando fora, alimentando uma neurose que os faz extrapolarem em atitudes desequilibradas e insanas que os levam a uma ressaca triste na semana seguinte. É que as culpas são mobilizadas e até mesmo encorajadas, tendo seu ponto alto na Sexta-feira da Paixão, sendo o domingo de Páscoa a coroação, o êxtase, a libertação da tristeza, a explosão numa alegria momentânea, muitas vezes forçada ou inexistente e pela qual se paga um preço muito alto.
O que vemos nas grandes cidades principalemente, é uma correria na compra dos ovos de chocolate, pagando-se preços exorbitantes por ovos enormes, especiais, de griffe, para simbolizar, no fundo, o amor que quer dedicar a alguém especial, e que na verdade não carece de nada disso. Melhor seria fugir do atropelo das lojas e usar este tempo para estar perto de quem gostamos, aproveitando os dias de feriado e refletindo sobre o verdadeiro significado da Páscoa. Oferecer um presente nesta data é válido, mas ceder aos apelos do externo, da propaganda, sem ao menos entender o significado e continuar experimentando aquela sensação de vazio depois, é insanidade. E piores ainda são as consequências nas vidas dos que estão totalmente desarvorados e das suas vítimas. É que, como no Natal, no Dia das Mães, Dias dos Pais, Dia dos Namorados, a pressão feita na mídia leva ao aumento de crimes na cidade, para obter os recursos que irão permitir que os menos favorecidos possam também entrar nesta ilusão. Vemos nos noticiários, desde a semana anterior, pessoas sendo presas em assaltos e na expressão de seus rostos notamos claramente que são novatos nesta atividade, desesperados, com fome de amor, que esperavam obter arriscando-se na loucura de um sacrifício desmedido para conseguir dinheiro para, como todo mundo, fazer sua média junto à família e a seus objetos de amor. E incluído aí também está o aumento das blitzs feitas na cidade na semana que antecede estas festas.
E o que sobrevém na semana seguinte? O que encontramos no rescaldo?
São postos de saúde lotados de pessoas (principalmente as crianças) que se excederam, com quadros digestivos, alérgicos e vasculares. São cartões de crédito estourados. São pessoas cansadas, desanimadas em recomeçar a semana, de ressaca. São postos policiais registrando aumento de ocorrências. E tudo isso acontece porque foi pervertido o sentido da Páscoa.
Que um dia haja clareza, que as pessoas possam se aprofundar e refletir sobre o significado desta comemoração. Que consigam manifestar o amor, resgatar o lado espiritual e acender no outro esta possibilidade também. Que possamos oferecer a quem amamos um sorriso, uma gentileza, um presente singelo, apenas atenção, qualquer coisa que expresse nosso sentimento, nos permitindo ir muito além do chocolate e do bacalhau.

sábado, 11 de abril de 2009

Mais Polêmica

A questão do aborto, é preciso que fique bem claro, não envolve a decisão da mulher apenas, embora seja ela que se responsabilize por efetuar a escolha e efetivar a decisão tomada. O pai está diretamente envolvido, apesar de muitas vezes nem tomar conhecimento da gravidez e outras vezes se omitir da definição do destino da criança. Outras pessoas da família, amigos, pessoas que atuam em unidades de saúde ou ligadas à Justiça e mesmo pessoas anônimas cuja voz se faça ouvir pelos diretamente envolvidos neste momento, podem ter atuação decisiva na escolha que é feita. E todos representam, no fundo, a vontade de Deus. Este Deus, que faz parte de nós, não precisa ser convocado para a misericórdia da mulher quando ela está numa situação-limite, em que é difícil escolher. Só é necessário que possa ter um pouco de sossego para se conectar com o seu interior e captar, através do sentimento, ouvindo a voz da intuição, a resposta com a melhor decisão para ela, naquele justo momento de sua evolução. E como, se acreditamos que há um Deus, Ele é perfeição e tudo ocorre da melhor forma, se a pessoa escolhe fazer o aborto e isso se manifesta na vida dela, por exemplo, conseguindo dinheiro emprestado com alguma amiga, arranjando um lugar onde possa realizar o procedimento e, depois se recuperando fisicamente ou não e registrando a paulada no emocional, seguindo o seu processo evolutivo, isto ocorre porque na perfeição do plano divino, este evento fazia parte do seu aprendizado e ela e todos os envolvidos serão responsáveis pela escolha que fizeram. E não cabe a nenhum de nós julgar a quem quer que seja, nem a nós mesmos. Tudo é aprendizado, desde que se aproveite bem a experiência. E, para que possamos refletir profundamente sobre estas questões, é preciso já ter passado por elas ou colocar-se no lugar de quem passa, como semelhante, possibilitando a total compreensão e não apenas usando dogmas como escudo, numa demonstração de rigidez e embotamento.
Além do mais, quando alguém perde um filho na gravidez ou no pós-parto, por não estar em condições de mantê-lo naquele ponto de sua vida, isto pode vir manifestado como um aborto (seja por dificuldade financeira, preconceito, produto de estupro, gravidez de alto risco tipo cardiopatias graves ou lupus eritematoso ativo) ou como um tombo, um problema orgânico agudo, uma doença crônica durante a gravidez como hipertensão e diabetes ou mesmo como uma malformação, que poderão culminar com a morte do concepto. Tudo isso estará refletindo também o plano divino.
Outro ponto importante a destacar é que não só a mãe que aborta sofre as conseqüências da sua escolha e deve ser tratada no sentido de limpar os estragos da culpa, mas também o pai que participa na escolha e mesmo as pessoas da família que estão mais próximas.
Ninguém faz uma escolha dessas sem sofrer e os que estão em volta devem sim ajudar a diminuir os efeitos deletérios e proporcionar todas as opções de segurança, cuidado e expressões de amor quando, infelizmente, é preciso optar e se escolhe o aborto, enfim legalizar e dignificar algo que afinal, paradoxalmente, faz parte da vida.

House

Vou ver o House
Adoro seu cinismo
Inteligente

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Ofensa

Alguém de tão alto valor talvez chegue a se ofender com esta sua conduta. Eu procurarei elevar o nível e não lhe fazer qualquer ofensa na resposta, pois não sou uma alma deste quilate.

Compasso de Espera

Estou em compasso de espera. Parece que nada se move do lado de fora. E por dentro, o sentimento é de estagnação. Talvez porque antes, tantas transformações, tantas desconstruções e retomadas tenham feito com que eu me acostumasse a caminhar rápido e hoje, quando o trecho é mais fácil, eu estranhe e me sinta paralisado.
Não quero que se abatam sobre mim tragédias, nem que seja sacudida pelos vendavais emocionais de antes, mas, ao mesmo tempo, gostaria de avançar um pouco mais.
Só que nada se mexe, encontro-me emaranhada numa teia de impedimentos que me força a aguardar e só aguardar. Eu, que por natureza, sou livre, impulsiva e ansiosa. Talvez o aprendizado seja exatamente ter paciência, caminhar segura pelo escuro, confiar, não me deixar levar pelo torvelinho de fora, identificada com ele, e repousar na paz interior, no sossego do contato com o Eu.
E meu eu, que é tão euzinho, tão despreparado, que assusta e se deixa ofuscar pela luz da totalidade, continua tremendo de expectativa. Eu, que ainda não consigo mergulhar mais fundo, nem me deixar levar pela corrente da Vida, sem tentar braçadas que logo se mostram impotentes em me levar para outra direção que não aquela que devo seguir.
É que ainda só vislumbro a possibilidade de viver a realidade, de enfim, me conectar com o Eu, o interior, definitivamente.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Chuva

Chove fininho. A paisagem fica nublada pela cortina delicada desta água que não cessa de cair do céu. Assim começou este ano para nós, brasileiros. Chuva fina aqui, chuva pesada acolá.
Como este fato será percebido por cada um de nós? E como afetará nossos sentimentos?
A água simboliza emoções. Água infiltra, segue seu curso, sem se deixar deter. Água fertiliza. Água é veículo para matéria e energia. Fazendo as devidas correlações na Medicina Chinesa, na Astrologia, na Psicologia, teremos uma ampla rede de conexões, com possibilidades as mais variadas para este ano.
Para mim, esta chuva fina pede aconchego, cama quentinha, companhia certa deitada ao lado, profundidade e reflexão.
A emoção fica exacerbada com suas consequências fáceis e difíceis.
Chuva também me faz olhar para fora, para a realidade de onde vivo e ter compaixão pelos que não têm um teto, uma coberta ou sequer uma roupa ou sapatos para se protegerem da umidade. Ao mesmo tempo me faz pensar na alegria dos que vivem em terras áridas, quando a chuva chega para refrescar o corpo e a alma, fazendo-os dançar alegremente no chão duro, agora molhado e macio, com a promessa de colheita e sustento da vida.
E a chuva faz deslizar, faz com que tudo venha abaixo. Se cai continuamente, molha o rosto, retirando a maquiagem, encharcando os cabelos que então tornam o rosto tão natural como após o banho ou depois do amor. Aliás, não há nada tão sedutor para um casal de namorados como ver o outro molhado de chuva, despido inteiramente dos disfarces habituais, de cara limpa. Pena que faz também deslizamentos de terra com desabamentos de prédios, grande destruição e dor. Entretanto, no final, a mesma água limpará o que sobrou, ajudando a desfazer os estragos, refazendo tetos, paredes e a vida dos desabrigados.
Parece que este ano será de muitas águas: muitas emoções, muita renovação, o eterno fluir da vida. Que seja uma água bendita que desça dos céus, encharcando nossos corpos, limpando nossas auras, nos abençoando e fazendo seres melhores.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dúvida e Consciência

Diga-me, Senhor de todas as criaturas,
Que fazes de onde estás a ignorar
O estado de coisas que há por aqui,
Enquanto tantos cumprem seu penar?
E se dizes que penam por ignorância,
Porque não lhes concede a luz?
Que insanidade é esta de assistir
À dor dos que arrastam a sua cruz?
Que sadismo inoportuno é este
De quem tantos esperam a proteção?
Ou que indiferença proposital e fria
Ao sofrimento dos que esperam sua bênção?

É que para os que sabem enxergar,
Tudo é perfeito, não há qualquer malefício.
É que estamos aqui para treinar
O difícil aprendizado do livre-arbítrio.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Monte Castelo - Renato Russo, São Paulo Apóstolo e Luís Vaz de Camões

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria

É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece

O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria

É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder

É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata, lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor

Estou acordado e todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor que conhece o que é verdade

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria
.
.

Soldadinhos de Chumbo

Soldadinhos de chumbo
Passam por mim todos os dias
Pesados, curvados, rijos.
Soldadinhos porque ainda infantis
Apesar da máscara e dos ardis.

Apenas marcham, repetem,
Obsessivos cumprem as ordens, só ordens.
Têm revoltas que abafam no íntimo
Roubando-lhes as energias e o sorriso.
Assim não criam, não se alegram, sofrem,
Apenas marcham e racham o coração
E ampliam as costas e é só solidão.

Soldados de que exército insano?
Recrutas da loucura e reféns do medo,
Enrijecem-se, apagam a candura
E continuam desfilando sua tristeza todos os dias,
Permanecem ainda soldadinhos de chumbo.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Desapego

Por que desapegar do que é valioso para nós? Obrigam-nos a abrir mão do que é precioso, simplesmente pela lei da impermanência de todas as coisas. Que lei é esta que nos traz tamanha dor? É como arrancar do ventre um filho concebido com imenso amor, enquanto é gestado com carinho, segurança e proteção. Desapegar quando ainda se ama é contrassenso, é estupidez. Por que limitar o amor a apenas uma pessoa se há qualidades e intensidades tantas deste sentimento? Tudo muda, é certo, tudo evolui, mas soltar das malhas do coração um objeto de amor, enquanto ainda existe o amor, é involução, é desperdício. Não compreendo aceitar a morte de um ente querido, admitindo que ele ainda viva no coração da gente, enquanto sentimos o coração sangrar, contrair de desespero, exatamente pela falta da presença com a qual nos habituamos por toda a vida e que nos foi arrancada de súbito. Não desapego mesmo, me agarro, esperneio, sofro, não solto aquilo que amo. E morro um pouco a cada vez que me desperta a saudade, a ausência do amor. Estou presa por querer estar, por ser bom estar, por não querer esquecer mesmo quem ainda me toca o sentimento e aviva a mente. Desapegar eu admito somente daquilo que já se esvaneceu, que aos poucos foi desbotando, passando, seguindo o caminho natural de transformação e aniquilamento. O desapego daquilo que vai se distanciando, apagando, diminuindo, saindo de nós, é consequência natural. Desapegar do que é vivo, permanente, agarrado a nós, fazendo mesmo parte de nosso ser, é violência, é desumanidade. Desapegar do amor presente é para os deuses e eu que sou humana, disso não sou capaz sem me esvair em dor e lamentação. Apegada, sim, por princípio (meio e fim). Até que me permita fazer incursões cada vez mais frequentes em minha porção divina.

Hamlet

Hamlet - William Shakespeare

Versão atualizada de Fernando Nunes.
Ótima iniciativa. Escrito visando leitores jovens que não têm muita facilidade com a obra clássica, difícil de ser entendida. Muito bem escrito. Mostra a peça numa linguagem coloquial, em cinco atos, conservando a densidade da obra. Importante para que os jovens conheçam sobre o que versa Hamlet e para que possam refletir sobre sua temática sempre atual.

domingo, 5 de abril de 2009

Nossos Olhos Inquisidores e Equivocados

Se o que vês é o reflexo de ti,
Apressa-te a corrigir as imagens
Que enxergas como horripilantes...
Lembra-te que o que captas
Desta ínfima fatia da realidade
É o que vai na tua alma,
Aquilo que, hoje, sabes de ti.
Cuida em ampliar teu olhar,
Acerca-te da verdade, abandona a ilusão,
Cresce, mergulha fundo na tua eternidade.
E descobre, enfim, que tu e os outros
São só perfeição.

Vida Incondicional

Vida Incondicional - Deepak Chopra

Livro fantástico, maravilhoso, nos ajuda a ampliar a visão, usando relatos de Chopra, médico indiano, sobre casos de sua clínica analisados sob nova perspectiva, correlações com as descobertas da física quântica e análise de textos tradicionais indianos.
Basicamente nos esclarece sobre a noção de realidade como um campo de possibilidades do qual podemos participar, ou seja, mostra claramente que o que vivenciamos é aquilo no que acreditamos: nós fazemos a nossa realidade e podemos nos libertar do que nos mantém cativos.
E isto nos abre para outras formas de enxergar a vida, como, por exemplo, que nós somos capazes de tudo, na dependência do nosso nível de consciência. Se tudo é feito da mesma “substância” de que é feita nossa consciência, nós podemos, à medida que temos a capacidade de nos modificar, também mudar a realidade. Nosso nível de consciência é que diz se estamos presos à realidade local ou dominamos a realidade não local (se sintonizamos com a noção de campo de consciência), se a vontade de realizar desejos passou de atender aos nossos próprios desejos para atender aos desejos de todos.
Fica claro que a nossa mente, quando identificada com o “campo”, é capaz de criar qualquer realidade.
Se relacionarmos isto à saúde, vemos que assim como temos a capacidade de gerar um problema também estamos aptos a resolvê-lo, desde que estejamos identificados não com o eu local (o eu interior) e sim com o universal (o Eu) ou como afirma um poeta sufi: saímos do círculo do tempo e entramos no círculo do amor ou ainda, fazemos yoga (união).

Estou Lendo...

Hamlet - William Shakespeare

sábado, 4 de abril de 2009

A Escolha é Sua

O tema aborto é muito complexo. Não há verdades absolutas. Tudo depende do ponto de vista. E não estamos aqui para julgar ninguém. Cabe a cada um de nós fazer nossas escolhas. Em relação ao aborto, cada um dos envolvidos está escolhendo sua atitude naquele momento: a mãe, o pai, a própria criança, cada membro das famílias envolvidas, o médico ou a pessoa que faz o procedimento, os amigos que opinam, ajudam ou se omitem, os que emitem os pareceres de qualquer religião, enfim, todos os envolvidos. Cada um está fazendo a sua escolha e estará assumindo as consequências dela. É a lei da vida. E tudo acontece exatamente como deve ser, dentro do plano geral.
O que me parece importante dizer é que cada mulher que em sua vida tiver que passar por esta experiência, ao fazer a escolha, pergunte ao seu coração, deixe que ele responda, porque só ele consegue traduzir o que diz o Eu de cada um de nós. E seja qual for a escolha feita, saiba compreendê-la dentro do seu contexto e, se mais tarde houver uma transformação no seu ponto de vista, não carregue uma culpa que nada irá acrescentar nem a você nem a ninguém, só prejudicando. Use o seu aprendizado para colaborar com outras pessoas que precisem também escolher, dando o testemunho da sua experiência, sem julgar, sem tentar impor as suas crenças, pois a escolha é individual sempre e deve ser respeitada. O que diz a justiça ou cada uma das religiões é só circunstancial. O que importa é seguir a sua verdade, o seu Eu interior.

O Que é Certo Escolher?

Deixe que falem
Ouça a consciência
Só ela sabe

Cabeça falha
Só sua alma sabe
Sintonize-se

Só o coração
Tem todas as respostas
É só perguntar

Tô Saindo de Fininho: Me Dei Mal...

Ana, sua implicante!
Dobre a língua, dê uma pausa.
Vá com calma, se me irrito,
Dou a volta num instante!
Inverto esta brincadeira calma,
Parto pra ignorância e xingo em negrito.

Cheguei com a melhor intenção,
Disposta a fazer brincadeira,
Pensei em ser bem recebida.
Foi a maior decepção
Ler a resposta rasteira
Dessa Samurai ensandecida.

Minha bandeira é da paz
Sou zen, não quero violência.
Mas covarde é a vovozinha!
Eu sou é mulher audaz
E se me ofendem, nem peço referência,
Largo o verbo e arraso nas entrelinhas.

E esse papo de possessão
Você é que dele bem entende,
Parece até mãe-de-santo...
Sai pra lá, estou com a razão!
E sou eu mesma quem responde.
Deixe a Raquel no seu canto!

Ela, como eu, é pelo amor!
Você é que toda abusada,
Adora criar confusão e partir pra luta.
Além de metida, tem o maior furor,
Traz de outras vidas a espada ensanguentada
E que pensa que por aqui só existe disputa.

Quietinha, coisa endiabrada!
Adoce com mel sua língua!
Levante o astral e peça desculpas.
Não vê que é coisa escusada
Só contenda, energia ruim que não finda?
Acho bom assumir sua culpa.

Não foi eu quem provocou,
Só queria mesmo era brincar,
E preencher a falta da Raquel.
Acabei levando toda a ira que sobrou.
Urubu albino... Dá pra aguentar?
Aguarde a Ninja, que eu tô voltando pro céu...

Mas antes preciso dizer que adorei suas respostas,
Rolei de rir, você é sem igual na briga.
Usou toda a munição que eu dei: garota, você é demais!
E agora aqui lhe faço uma singela proposta:
Raquel já está voltando, ela gosta desta lida
E eu louvo todo o seu valor, me retiro: agora só quero Paz...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Lei dos Teimosos

Depois de cair por sete vezes, levante-se bem rápido para a queda número oito. É a lei dos teimosos.

Estou Lendo...

Criando Prosperidade: a consciência da fartura no campo de todas as possibilidades - Deepak Chopra

Recado

Rita, não fique acanhada,
Pode vir duelar também.
Eu resolvi entrar nessa
Pra brincar de ir além.
Além dos parcos recursos
no uso das palavrinhas.
Nem ligo, vou só escrevendo
E aguentando as picuinhas.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Florbela Espanca e sua “Inconstância”

Procurei o amor que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava.
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Um sol a apagar-se e outro a acender
Nas brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...


In: “Poesia: 1918-1930”

Rezemos aos Deuses por Nossos Maridos, Chefes, Dirigentes...

Na década passada, quando uma irmã passou quase um ano na Índia fazendo pesquisa sobre lepra, eu, que na época imaginava que lá só houvesse pessoas de grande elevação espiritual, onde o sagrado estaria acima de todas as coisas, me decepcionei com os relatos de sua amarga experiência. Contou-me que o que imperava era a sujeira, a tentativa de sempre enganar os estrangeiros, uma preocupação excessiva com o material, a banalização da vida, preconceitos contra a mulher e a vergonhosa segregação em castas. Claro que sendo um país de contrastes, esta era só uma visão de um ocidental que estava indo à Índia a trabalho e não com o intuito de desenvolver sua espiritualidade. Ela mesma ponderou sobre esta questão, mas o fato é que sentiu na pele, por tempo considerável, a realidade do dia a dia naquele país.
Hoje é inevitável não deixar de observar o que está sendo retratado na novela global que aborda este assunto e que está conseguindo expressar tão bem os contrastes entre o Ocidente e a cultura indiana, entre o que parece ser e o que de fato é e como cada questão, necessariamente, deve ser analisada respeitando-se a simbologia de cada povo. No fundo, os contrastes e os aparentes absurdos ocorrem em todas as culturas, segundo o ponto de vista.
Assim é que me chamou atenção o fato apresentado na novela sobre haver um dia de jejum das mulheres consagrado a pedir aos deuses proteção para os maridos, com anseio de vida longa e de todos os benefícios para eles. As suas mulheres se sacrificariam em troca desta benesse, claro que esperando as repercussões que teriam sobre suas próprias vidas.
Estranho me pareceu à primeira vista. Entretanto, refletindo sobre a questão, vi o quanto era interessante. Na verdade, é uma prática de visualização criativa, tão em moda por aqui depois do sucesso do livro “O Segredo”, afinal, o jejum das mulheres facilitaria um estado de concentração da mente, em que elas mentalizariam coisas auspiciosas (saúde, vida longa...) para eles que, com sua boa sorte, refletiriam para elas um estado de tranquilidade, sucesso e bem-aventurança.
Achei muito pertinente esta prática (sobretudo para os de mente prática), só que penso que deveríamos estender nossas orações a todas as pessoas que influenciam direta ou indiretamente as nossas vidas: nossos pais, nossas famílias em geral, nossos professores, chefes, dirigentes de nosso estado e país...
Enfim, é muito mais simples absorver o conceito de que como estamos todos ligados, o que afeta a um afeta a todos. Desejemos o melhor e nos responsabilizemos, pois, por todos, por sua felicidade. E pelo planeta, é claro.

Estou Lendo...

Viver de Luz: a fonte de alimento para o novo milênio - Jasmuheen

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O Sentido da Vida

Viver. Sempre viver. Continuar. Buscar em todos os momentos um sentido para a existência. Viver com alegria. Manter o olhar adiante. Habitar o próprio corpo. Sentir-se dentro de si, senhor de si. Conduzir a própria vida. Saber que o que se quer se consegue. Entender que o Universo assente ao nosso desejo sincero. Confiar que o rio corre a favor, quando há segurança do desejo.
É uma chama que se acende, um vento que nos leva para longe, um fluxo em nós. Isto é a consciência de nossa porção espiritual.