domingo, 31 de outubro de 2010

Outono

Ondulam ao vento as folhas que caem.
Úmidas e acastanhadas forram o chão nos quintais.
Tremulam os lençóis nos varais e a água se esvai.
Ouvem-se os lamentos da solidão no cais.
Nada é mais doloroso que um navio indo embora.
Outono é impermanência e a natureza não chora.

Preciosa

Assisti ao filme Preciosa, uma produção que tem a participação da Oprah.
Vi logo que só poderia ser uma estória de superação. O filme é muito bom. Acredito que os professores de escolas públicas desse país poderiam aproveitá-lo como indicação para temas de trabalhos e discussão nas salas de aulas. Além do argumento, que é atualíssimo e extremamente interessante, a produção é ótima, o desempenho dos atores e a direção são excelentes.
Vários aspectos do filme são dignos de nota, mas o que mais me surpreendeu foi o modelo de ensino alternativo para alunos que foram banidos ou que não puderam acompanhar a escola tradicional e se baseia na focalização do desenvolvimento da identidade para aquele aluno problema. E essa abordagem enfoca sobretudo os aspectos emocionais. Cada aluno começa no primeiro dia de classe dizendo o seu nome,de onde veio, de que cor mais gosta e o que sabe fazer bem. Isso permite que a pessoa tenha uma noção exata de si mesma, em termos mais amplos, não só no âmbito familiar e social, como também do ponto de vista espiritual e entenda que cada um de nós possui uma missão, um papel certo a desempenhar perfeitamente no filme da vida. A partir daí, se dá a construção da identidade do aluno, com a possibilidade de superar as grandes dificuldades que impediram cada um deles de acompanhar o ensino tradicional. Eles, aos poucos, são trazidos para a realidade, para o aqui e agora, para dentro de si mesmos, para que então possam ter um olhar profundo para o outro e para a sociedade.
Outro ponto importante é mostrar como o amor, o fato de olhar e acolher o aluno com sérios problemas, pode contribuir para elevar a sua auto-estima e fazer com que ele possa fazer a superação e se tornar capaz de oferecer aquilo que não recebeu de seus pais ou da família.
Discute o abuso sexual por parte dos pais ou da família e que se reflete depois no consentimento ao abuso imposto pela própria sociedade. Mostra como nos momentos de horror, aquele que sofre tem como mecanismo de defesa a fantasia, usando a imaginação para obter a gratificação que não encontra no mundo e nas pessoas. Chama a atenção para o fato de que, geralmente, quem não foi amado não sabe amar e ainda para o problema das crianças com necessidades especiais e a gravíssima questão do preconceito, que permeia toda a trama.
Enfim, o filme é magnífico, discutindo temas variados como preconceito, superação,perversão, abuso sexual, incesto,exploração do trabalho infantil e dos filhos de maneira geral, ódio por parte de quem devia cuidar, papel da escola na sociedade, falhas na Educação etc.
Vale assistir, refletir e discutir sobre ele.

sábado, 23 de outubro de 2010

Renascer

O conceito de reencarnação é algo que já incorporei há muito tempo. Penso nisso naturalmente e compreendo o discurso de pessoas que não compartilham da mesma opinião, tendo em vista que cada um de nós tem direito a conceber o mundo e todos os acontecimentos da forma que lhe parecer mais verdadeira. Entretanto, não aceito que usem como argumento que não creem nisso ou naquilo porque está escrito o contrário em algum texto antigo, quase sempre a Bíblia, sem que levem em conta as variadas interpretações que podem ser dadas, o contexto histórico em que determinada coisa foi escrita e os tantos erros de tradução possíveis. E, quase sempre, repetem como papagaios coisas que ouviram sem compreender bem e muito menos sem antes se darem o trabalho de estudar o assunto para depois opinar.
Assim é que para aqueles que buscarem com atenção, a comprovação da crença na reencarnação, com multiplicidade de vidas do espírito em diferentes corpos se encontra em variadas passagens na Bíblia. Mas, aqueles que se recusam a enxergar continuarão negando essa verdade até o fim dos seus dias, apesar das provas irrefutáveis.
O que gostaria de focalizar aqui não é a reencarnação e sim a oportunidade que algumas pessoas têm nessa vida de renascer, de se transformarem totalmente, a partir de uma ocorrência de tamanho impacto em suas vidas, que é capaz de provocar uma morte simbólica e a possibilidade de um renascimento. Esse ponto de mutação pode ser uma doença grave que ameace a vida, uma experiência de quase-morte em que a pessoa que se recupera transforma-se completamente, uma perda de um ente querido, um rompimento amoroso de uma relação muito importante ou algum outro acontecimento que faça com que a pessoa passe a ver todas as outras coisas de uma nova perspectiva. É certo que cada um desses escolhidos teve que passar por um período extremamente difícil (a noite escura da alma). Mas, a chance de transformação e evolução, sem que necessitem reencarnar para que isso se concretize, é uma benção. E, para quem observa e identifica isso é uma graça recebida e é bonito de se admirar.
Eu tive o prazer de assistir à transmutação da minha sobrinha que apresentou Linfoma no início desse ano e enfrentou corajosamente o diagnóstico e o tratamento e, durante todo o processo, procurou compreender o papel da doença na sua vida e as mensagens que lhe sugeria, sendo capaz de integrar todos os significados, o que foi fundamental para a sua transformação.
Hoje estive com ela e pude perceber que tanto por fora quanto interiormente é outra pessoa, alguém muito mais rico. Ela é a fenix que renasceu das cinzas. E será sem dúvida, o farol que iluminará a vida de muitas pessoas, sinalizando para elas as oportunidades que suas vidas lhes apresentam todos os dias e que elas deixam passar, simplesmente por não terem sido capazes ainda de ter um olhar mais profundo pras coisas da vida e a certeza de que tudo acontece da melhor forma para cada um de nós, dentro de um equilíbrio perfeito que não podemos conceber naturalmente.
Desejo a ela muitas bençãos e alegrias pela coragem, força, lucidez e amor em todos os momentos vividos nesse processo.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pão de Queijo Rápido

Quero dividir com vocês uma receita que eu achei interessante e modifiquei para torná-la mais saudável, fácil de fazer e que usasse apenas ingredientes que geralmente temos em casa.
Não que pão de queijo seja algo muito recomendável. Mas, quando está frio e recebemos crianças em casa para o lanche, sem aviso prévio, essa é uma opção que demora menos de meia hora desde pegar os ingredientes até derreter na boca a delícia que acompanha muito bem um chocolate quentinho. Além disso, não faz mal e não deixa ninguém de barriga estufada ou empazinado. E ainda oferece a vantagem de não precisar botar as mãos na massa, já que pode ser misturado com colher.
Então lá vai:
Basta colocar dois copos (de requeijão) de polvilho doce num recipiente e acrescentar dois ovos inteiros, uma colher de chá de sal, uma caixa de creme de leite (200 g) e queijo parmesão ralado (100 g). Agora é só misturar bem com a colher e colocar em formas para empadas untadas com margarina, em forno pré-aquecido a 270 graus, por 15 minutos. Eles vão crescer e corar levemente, podendo ser retirados do forno.
Bom lanche !

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Todos Tão Perdidos

O tempo está abafado. Já choveu muito durante a noite, mas as nuvens continuam carregadas.
É o primeiro dia do horário de verão. Quase toda gente está meio sem foco, um tanto ou quanto desvairada, como se o espírito ainda não tivesse encaixado no corpo que foi forçado a acordar uma hora mais cedo.
Indo para o trabalho, passei pela comunidade do Jacarezinho, onde no cruzamento principal, estava um rapaz drogado, circulando entre os carros que passavam em velocidade média e desviavam dele buzinando, freneticamente, após o grande susto de um quase atropelamento. No seu delírio, não sei o que ele enxergava no lugar dos carros, não imagino do que fugia ou perseguia. Ele era mais um enlouquecido nessa cidade, numa segunda-feira, logo cedo.
Mas, será que não existem tantos de nós, tão perdidos quanto ele, atrás de falsas ilusões, sem se darem conta da realidade?
Desejo que cada um de nós seja capaz de estar cada vez mais presente hoje, tomar plena consciência dos seus atos e direcionar seus pensamentos num sentido mais coerente com suas crenças e benéfico para todos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Memória x Vida

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A memória é mesmo uma faca de dois gumes...
Garante usufruir, depois de já vividos, os momentos bons. Permite que tenhamos outra vez a alegria que experimentamos ao receber um sorriso, um afago, um olhar, uma ação favorável quando é despertada.
Mas, essa mesma capacidade de reter o que nos foi benéfico possibilita que não deixemos para trás as dificuldades. Se podemos nos lembrar dos erros, eles continuarão a nos pedir modificações, reparação e aprendizado. E é certo que isso tem as suas vantagens. Entretanto, nem sempre é possível reverter as falhas do passado e, nesse caso, a memória é um tormento constante, trazendo sofrimento.
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Quantas vezes desejaríamos apagar da mente situações vivenciadas com desespero, que foram impostas por outro que, aproveitando a nossa fragilidade, nos atingiu? Tantas vezes experimentamos sensações ruins ligadas à memória de ocorrências que por tão traumáticas não podemos recuperar totalmente, mas cuja dor permanece viva em nós!
Às vezes, é possível pensar que é uma benção a deterioração da mente, apagando o conhecimento do passado tanto remoto quanto recente, criando um vácuo onde parece que a dor é menor. Mas, será que isso realmente ocorre? O que sobra quando a memória se esvai?
É cada vez mais comum a doença de Alzheimer. Mas, será que ela protege o seu portador do que pesa em sua existência ou rouba dele os momentos de glória, os aprendizados, as relações afetivas?
E na velhice que se estabelece naturalmente, quando esquecemos de fatos recentes, talvez sem muita importância no contexto geral, servindo-nos apenas numa atuação competente no presente e lembramos perfeitamente do passado remoto? Será que isso talvez proporcione um convite à reavaliação de nossa vida, com a possibilidade de maior compreensão dos fatos? Quem sabe seja interessante iniciar esse inventário aproveitando a chance que a natureza nos dá, antecipando a análise retrospectiva da vida que, inevitavelmente, seguirá a nossa morte.
Será que perder a memória é possibilidade de poder começar tudo outra vez? Apagar o quadro-negro da vida e reescrevê-la sem tantos erros? Mas, será que começamos realmente a nossa vida como uma tela em branco? Se assim fosse, como poderíamos aceitar a justiça de tantas diferenças entre os homens?
A memória é um bem precioso, mesmo que tantas vezes acabemos deturpando seus conteúdos por pura incapacidade de lidar com a realidade. É uma ferramenta incrível que nos permite acessar a nossa vida e fomentar o auto-conhecimento.
E, se o sentido da vida é experimentar no plano material para aprender e evoluir, é imperativo que ao longo da caminhada possamos fazer um balanço do que já foi vivido. E se evoluir implica em transformação, essa será mais proveitosa quanto maior o conhecimento que tivermos de nós mesmos.
Mas... não basta lembrar. É preciso meditar para entender. E a compreensão dos fatos e das pessoas traz a aceitação da realidade. O conhecimento da realidade nos permite tomar nas nossas mãos as rédeas da nossa vida, uma vez que, no íntimo, cada um de nós sabe exatamente ao que veio nessa existência. Assim, será possível corrigir a rota, caso esta esteja alterada por força das circunstâncias, da nossa incapacidade momentânea ou reincidente de trilhar o caminho pretendido, previamente acordado.
Meditar, ir para dentro de si mesmo é também mergulhar nas profundezas da mente, podendo ter contato com memórias ancestrais. O conhecimento de memórias de vidas passadas muitas vezes nos permite montar o quebra-cabeça que dá sentido a essa vida e corrobora com os aprendizados.
Parece que é preferível lembrar-se, mesmo que isso nos traga dor, porque se ela de fato existe, é melhor ter a consciência a sofrer as consequências da presença do seu fantasma, eternamente a nos espantar. Entretanto, é importante respeitar as possibilidades de cada um, em cada momento. E buscar ajuda para lidar com os conteúdos de memórias perturbadoras é, muitas vezes, imprescindível. Conscientizar permite ressignificar e livrar da dor aquele que o faz.
Memória é vida. E, se a consciência sobrevive, estamos vivos para sempre, mesmo após a morte do corpo físico.
E, mesmo que na vida física a memória se deteriore, ela certamente se recupera na vida do espírito, já que a vida é eterna.
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Pintura: "Segredo"

A Morte do Xamã

Tirei uma carta do tarot na tentativa de iluminar o meu caminho para os próximos dois meses, uma vez que tenho sentido uma ansiedade que sinaliza mudanças em minha vida.
A carta chamava a atenção para a necessidade de identificar em minha personalidade aspectos já ultrapassados tendo em vista meu grau de evolução atual. Falava de como poderia ser interessante me despojar de comportamentos, sentimentos, condicionamentos sem utilidade, para permitir o desenvolvimento de aspectos que eu já teria em potencial.
Tendo em vista que as artes divinatórias nos mostram que essas orientações não dispõem sobre a nossa vida e sim nos apontam outras possibilidades de avaliação, outros pontos de vista, é sempre muito proveitoso esse tipo de consulta. Andar no escuro pode ser mais difícil e, além disso, as predições não tiram o prazer do novo, do desconhecido, apenas nos permitem um aprofundamento na avaliação de cada etapa de nossa vida.
Pensei naquilo que já estaria caducando em meu ser, considerando os aprendizados que fiz até aqui, o que estaria destoando em mim e entendi que gostaria de ser menos reativa, mais plácida, mais serena, menos crítica, deixar de lado os chiliques. Afinal, se acredito que cada pessoa tem uma trajetória e está num estágio de evolução, se o meu nível de aceitação dos desígnios da Vida é maior, porque insisto em continuar esperneando?
Considero essa uma tarefa árdua, tendo em vista minhas tintas leoninas. Mas quero colocar na prática essa percepção.
A simbologia dessa carta é entar em contato com tudo que representa lixo em nossa vida e em nosso ser e ser capaz de descartar isso para dar espaço para que novas habilidades, talentos e manifestações de comportamento possam surgir. Entretanto, lidar com o lixo pode parecer difícil. Fazendo um paralelo com a psicologia, é trabalhar para integrar a sombra, reconhecendo aspectos de nosso ser que, a princípio parecem negativos, mas que possibilitarão o surgimento de uma dimensão mais completa de nosso ser. O lixo bem trabalhado se transforma em expressão de arte e beleza.
Desejo a todos que puderem refletir sobre essa carta hoje, proveitosas mortes.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Exumação e Transmutação da Dor

Pintura “Reino de Hades”
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Tudo se resume e termina numa pequena caixa. Uma caixa simples que guarda o sagrado. O tesouro que foi a estrutura de uma vida. A perfeição para sempre guardada, até que mesmo ela seja destruída pelo tempo e se transforme em pó.
Mas há algo além da caixa. Algo que jamais se extingue. Que é luz e se expande e evolui. A essência que sobrevive ao tempo, uma vez que não segue suas leis. A essência que concentra os perfumes de todas as existências. E, se chega perto dos bem-aventurados, inunda de perfume doce e suave, inconfundível para aqueles que estão ligados pelos laços do amor.
Parece contraditório que o homem se reduza com a morte, que esta simbolize perda e destruição. Muitos procuram defender-se negando seus rituais, afastando-se das práticas a ela relacionadas. Entretanto, para olhos que perscrutam, tudo é sublime e traz elevação.
Para aqueles que enterram seus mortos, o funeral se justifica quando o corpo é exposto para que seja testemunha da finitude da vida, da igualdade entre todos os homens quando chega o derradeiro sopro de vida. Depois, o corpo na urna é resguardado dos olhos que sem isso, assistiriam à sua decomposição, uma vez que a matéria é perecível. Assim protegido, o corpo, sagrado para aqueles que o amaram, é cuidado, vestido, enfeitado e lacrado para que possa descer à profundidade da terra que o acolhe e colabora com a ação do tempo.
Então, no processo de decomposição que segue nos próximos anos, as emoções se acomodam e família e amigos aceitam sua ausência, enquanto tentam e por fim conseguem simbolizá-lo no fundo de seus corações.
Mas, como existe por parte dos homens, de muitos dos homens, alguma resistência em aceitar a morte como natural, vem a necessidade de desenterrar aquele corpo para que, em seu lugar, outro possa ser acolhido, dando início ao mesmo processo.
E dizem alguns que a exumação é algo horroroso, indigno dos olhos que amaram aquele que se foi. Mas, de fato não é. É sim mais uma oportunidade de enxergar além das evidências e melhor aceitar a verdade suprema e reverenciar a lei da natureza.
Assim, quando pessoas comuns realizam este ritual sagrado, mexendo num corpo que não conheceram, na pessoa que não amaram, permitem que entendamos que somos todos iguais, todos irmãos, que devemos amar ao próximo sem que para isso existam laços de família ou amizade.
E quando aquelas mãos retiram os restos do caixão destruído pela ação da terra, os coveiros comportam-se como garimpeiros que buscam o ouro, os ossos daquele que nos é tão caro. E procuram e separam da terra e dos despojos todos os ossos, longos e pequeninos, que juntos compuseram a estrutura daquele ser e que agora, separados como numa caixa que contém um quebra-cabeças, simbolizam o que restou da pessoa amada.
E reúnem os ossos de forma tão respeitosa, lavam e limpam com as próprias mãos o que de mais profundo existia naquele ser material. E os ossos são guardados na caixa, uma pequena caixa que contém a grandiosidade daquele que para nós era tudo.
Não existe nada de feio, nada de deplorável. É a lei da vida. É a vontade de ter ainda perto o objeto do nosso amor.
E quando valorizamos aqueles que o destino escolheu para participar do nosso ritual sagrado, estamos mais perto de entender a transitoriedade de todas as coisas e o consolo que existe nisso.
E então depositamos esta pequena urna num nicho que protegerá aquele tesouro a que renderemos nossas homenagens até que possamos exercitar o desapego e transferir para a essência luminosa o nosso amor.
Isto acalma os corações que amam e que se permitem acompanhar até o fim a trajetória dos que lhe são caros até que num outro plano haja um reencontro tão esperado, coroado pela paz que enfim se estabelece.

domingo, 3 de outubro de 2010

Votar é Preciso

Enfim chegou o dia tão esperado!
O povo nas urnas deve escolher.
Nosso destino está em nossas mãos!
Será que isso vai mesmo acontecer?

Tanta propaganda falsa!
Tantas promessas em vão!
Tanto descalabro, tanto engodo!
Tanto descaramento e podridão!

Quanto dinheiro escorrendo pelo ralo
Em campanhas patrocinadas por todos nós,
Os assalariados sempre extorquidos
Por quem protege ricos e do povo é algoz.

Se até Deus nos deu o livre-arbítrio,
Por que então a lei a nos obrigar
A participar, sem opção, desse desafio
De engolir a obrigatoriedade de votar?

Depois dessa disputa pelo poder
Com jogo sujo e tanta enganação,
Chegou a hora do povo responder,
Participando em massa da eleição!

Vamos todos às urnas nosso voto anular,
Dando aos candidatos as notas que merecem:
Zero, zero e mais zeros, só pra confirmar!
Quem sabe assim, eles nos esquecem!

Responsabilidade Dividida

Um projeto interessante para testar a competência do nosso governo, de total transparência, seria mudar a lei que rege a aplicação dos impostos pagos pelo povo.
Imagine se, por exemplo, tudo o que é cobrado pelo imposto de renda de cada contribuinte fosse regido pelo seguinte sistema:
- a metade da participação iria para o governo, para ser aplicada segundo sua determinação, como é feito agora;
- a outra metade, a pessoa teria a possibilidade de empregar em projetos assistenciais de acordo com sua vontade e orientação, desde que comprovasse, a cada ano, como usaria o dinheiro, prestando contas ao governo.

Assim, cada contribuinte poderia gastar este dinheiro em ações individuais nas suas próprias comunidades ou associando-se em grupos pequenos ou grandes, que gerenciariam projetos em educação, saúde, geração de empregos, segurança e todas as áreas onde o governo, até hoje, tem-se mostrado ineficiente.
Pesquisas poderiam ser feitas para comparar os resultados do governo com aquelas da iniciativa particular que, certamente, seriam mais compassivas, práticas e honestas, ao invés das costumeiras pesquisas para manipular os dados das eleições no sentido de favorecer os candidatos que interessam aos grupos dominantes.
Evidentemente, os beneficiados por estas ações teriam o compromisso de fiscalizar os recursos para evitar corrupção, embora esta já estivesse sendo reduzida à metade.

Recado ao Lula

Mais vale um voto vendido do que um povo traído.