sábado, 31 de outubro de 2009

Hábitos de Leitura

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Encaro um livro como um mundo de possibilidades. É como se fosse um portal que me permitisse ter acesso a outros mundos, a realidades ainda não desvendadas. Há um mistério a ser descerrado ao abri-lo e ler suas páginas. É como se penetrássemos em universos paralelos. Sinto-me mesmo desdobrada se a leitura de um livro é cativante para mim. O universo retratado pelo autor se mistura à minha realidade e passo a carregar comigo, enquanto não terminar de lê-lo, aquele outro mundo. Então imagino os personagens, teço contextos, traço situações em que podem estar envolvidos, sinto a emoção que sentem e mergulho de cabeça nas suas histórias. Até que a leitura chegue ao fim.
Se o livro for muito bom, eu ainda gosto de demorar mais do que de costume, para que não acabe logo, como se fosse um doce maravilhoso que a gente fica com pena de comer até o fim e aí belisca e guarda para depois. Mas se ele for excepcional, mesmo que eu chegue ao final, ele não se desgarra, fica impregnado no meu ser, acho que embola nas minhas entranhas e passa a fazer parte de mim. Assim, desde que comecei a ler carrego comigo personagens que de tão vívidas são quase subpersonalidades hoje. E, em geral, não escolho os livros para ler, eles me elegem para conhecê-los e é interessante que já adquiri muitos livros que só fui ler anos mais tarde. E é incrível como eles se abrem para mim no momento mais propício, exatamente quando eu deveria ter aquela informação ou ser inspirada para ter determinado insight. É que os livros para mim são entidades, como os elfos e as fadas, têm uma comunicação direta, telepática com os humanos mais sensíveis e assim estabelecem esses contatos de outras esferas.
Penso que quem se apaixona por livros nunca está só, porque haverá este canal fascinante de comunicação. E é difícil entregar-se aos livros quando se está bem acompanhado, a não ser que sejam iguais neste aspecto. Eu tenho o hábito de ler e comentar o que é mais interessante com meu amor, embora quase sempre seja desnecessário, como se em outro plano a leitura fosse feita ao mesmo tempo.
Hoje, com a internet, podemos ler muitas coisas na tela e os blogs de literatura estão cada vez mais interessantes. Entretanto, o velho livro de papel, com capa dura, ricamente encadernado ou a brochura que o torna mais leve são insubstituíveis para mim. O contato direto com ele estreita os laços e fortalece a relação. Sou possessiva, só os empresto para raríssimos eleitos e gosto de dar outros exemplares dos que mais me marcam para quem amo. Também aprecio guardá-los arrumados nas estantes, numa ordem que só eu entendo, mas que faz todo sentido e tenho imenso prazer de poder olhar para eles sempre. Acho que são como os cristais que devem ficar expostos e não guardados em caixas ou em armários fechados.
Quando compro ou ganho um livro, sempre leio a capa, a contracapa, as orelhas e para alguns me dirijo logo às últimas páginas antes de começar a lê-lo. É como se quisesse consultar uma cigana ou cartomante para ler meu futuro, não sei. O fato é que livros, na minha opinião, são especiais e aqueles que o escrevem, quando verdadeiramente imbuídos do seu papel, são seres excepcionais e iluminados.


Este post faz parte da blogagem coletiva de outubro do blog Vou de Coletivo!:
Hábitos de Leitura.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Criatividade

Nuvens em movimento
Formam desenhos tão nítidos
Quanto mais criativa a mente de quem vê

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Amizade

Amigos inesquecíveis
São aqueles que, em nome da amizade,
Discordam e nos repreendem pela má conduta

terça-feira, 27 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

Sobre a Ofensiva da Polícia nas Comunidades do Rio de Janeiro

É insustentável para a população que mora em comunidades do Rio de Janeiro, a situação que agora se apresenta: um clima de terror inviabilizando o cotidiano de quem lá reside, diuturnamente.
É óbvio que nenhuma outra administração enfrentou o problema da criminalidade com tamanha coragem e persistência quase obsessiva.
É evidente que quem mora em comunidades gostaria de se ver livre dos traficantes que lá infernizam as suas vidas.
É notório que não se resolve o problema das drogas e da criminalidade ligada ao tráfico apenas com a repressão e prisão dos bandidos sem as medidas que resolvam os problemas sociais gravíssimos por trás disso.
Ninguém ignora que o trabalho da polícia, deixando-se de lado a corrupção de alguns profissionais, é importantíssimo, desgastante, altamente estressante e exige um desprendimento e vocação enormes.
Claro que os bons profissionais merecem todo o nosso apoio e louvor pela proteção que nos concedem.
Mas o que assistimos na última semana foi um descaso total com a vida, transformando o bairro da Penha numa praça de guerra, com um tiroteio próximo a uma unidade de saúde, ignorando completamente a presença de pessoas comuns nas ruas, incluindo idosos, crianças e doentes.
É triste saber que situação parecida vem afetando tantas outras comunidades desde o ocorrido na invasão do Morro dos Macacos e a derrubada do helicóptero, matando os policiais.
O que é isso? É a banalização completa da morte? É a ode ao ódio?

O corpo da polícia quer encontrar os bandidos audaciosos que mataram seus companheiros.
Policial não é pago pra morrer.
Os bandidos devem ser presos.

Mas isso que vem ocorrendo me parece mais brincadeira de bandido e mocinho das crianças: uma vergonha para o Rio de Janeiro.

Isso tem que parar!!!!!!!!!!!!
O enfrentamento da criminalidade pela polícia, feito desta forma mabembe, só está ceifando vidas inocentes.
Onde estão as entidades que cuidam dos direitos humanos???????????????

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Feliz Aniversário, Adilson!

Ele ocupa o lugar do irmão mais velho em nossa família, não por sua opção, mas por força das contingências e por possuir os dons necessários para exercer esse papel que sempre desempenhou com responsabilidade e dedicação.
Aos quinze anos, ainda usando calças curtas, foi subitamente promovido a arrimo de família, em virtude do casamento inesperado do irmão que era de fato o primogênito. Amedrontado, ouviu de nossa mãe a sentença de que na semana seguinte, iria trabalhar como boy na Phillips do Brasil e passaria a estudar à noite. Para cristalizar esse momento solene, foi levado às lojas Ducal onde lhe compraram um terno e um par de sapatos pretos.
Assim, o menino franzino e medroso passou a enfrentar os trens cheios, onde era colocado para dentro, todas as manhãs, empurrado pela multidão que embarcava. E pode conhecer o centro da cidade nas andanças durante o expediente. Entretanto, permaneceu como boy por pouquíssimo tempo, sendo sua promoção motivada pela inteligência, responsabilidade e presteza n
a execução das tarefas que lhe eram atribuídas e também porque não ficava bem um boy trabalhando de terno. Essa postura de responsabilidade, orgulho e altivez, todos nós herdamos da mãe que, repetidamente nos estimulava dizendo: “É pra frente que se anda”.
Evidentemente que a Phillips foi seu único emprego, onde se aposentou após 35 anos de trabalho, atingindo o cargo máximo a que poderiam almejar aqueles que só contavam com competência, retidão de caráter e dedicação.
Sempre cuidou dos irmãos mais novos e mais velhos que ele, sete ao todo. Esteve ao lado da nossa mãe em todos os seus empreendimentos, já que nosso pai não compartilhava da mesma ambição e capacidade de lidar com a realidade, um pisciano típico, por natureza, contemplativo.
Mesmo com seu casamento, um tanto ou quanto tardio, continuou a ocupar-se de nossa família, sobretudo naquilo que se referisse à parte administrativa e legal. Foi, por todos esses anos, o burocrata de plantão e desempenhou funções de advogado sem nunca ter-se graduado nesta carreira, com competência e brilhantismo.
Nas questões ligadas à saúde, ele não se empenha, posto que é seu ponto fraco lidar com a doença. Deixa isso para as suas irmãs. Mas, quando se trata de cuidar dos óbitos da família, inventários, compras de bens e imóveis, sempre podemos contar com a sua prestimosa ajuda.
Ele sempre tem a palavra certa, a atitude coerente, a conduta irrepreensível e a ação protetora, nos momentos mais delicados de nossas vidas.
No fundo, ainda é o mesmo menino que pegava os doces de Cosme e Damião para organizar e dividir com os irmãos; que vendia as pipas que fazia e não soltava, para aumentar o orçamento familiar; que começou a trabalhar cedo e aprendeu com a vida que o mundo era ameaçador e que era preciso estar sempre alerta para não ser atingido. Com a maturidade, adquiriu a segurança que a competência e o progresso alcançado lhe trouxeram na expressão do seu dom natural para vendas.
Depois da morte de nossa mãe, que era seu grande exemplo e representava para todos nós a segurança e proteção, ele pode iniciar uma nova fase de sua vida.
Agora está sendo convidado a relaxar, soltar as amarras, dispensar defesas que hoje, mais o impedem que protegem e inaugurar um novo tempo.
Neste momento, ele já pode viver seus dias com mais calma e tranquilidade, dedicando-se mais a si mesmo, fazendo o que gosta de fazer, sem cobranças, sem expectativas, apenas saboreando os acontecimentos, expressando suas habilidades e exercendo suas funções de irmão mais velho, no que toca à proteção, orientação e esclarecimento. E podendo estar mais livre para se dedicar à esposa e ao filho, para os seus passeios, os contatos com os amigos ou simplesmente para ouvir o canto dos seus pássaros, uma de suas paixões.
Hoje é seu aniversário, quando completa 67 anos. E você merece de todos nós, seus irmãos, o reconhecimento de tudo que representa em nossas vidas e o agradecimento sincero por tudo que fez e continua a fazer por nós.
Um grande abraço, com todo o meu afeto, carinho e agradecimento. Beijos e um feliz aniversário.

sábado, 17 de outubro de 2009

Haikais

Sortudo só cai
Ao buscar pernas fortes
Treinadas antes

Pois pra quem tudo
É fácil fibra não há
Nem pode resistir.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Liberdade

O chão perdeu a firmeza. Tudo balança. Fico meio tonta. O peito oprimido revela o medo. Quero escapar, de dias de limitação, das amarras, da incoerência e de observar a hegemonia do absurdo. Vejo o mal avançar e destruir, impedir e desagregar. Nada posso fazer. Ele tenta me engolfar e eu tento me libertar. Poderia me liberar sozinha, mas não quero deixar para trás aquilo que valorizo. O meu conflito é esse. O meu ego é uma série de capas que foram sendo colocadas e que me isolam de mim mesma, que me impedem, limitam, trazem um peso desnecessário. Se eu abro mão de tudo isso, de tudo que sou, que fui até hoje, que construí, do que há em torno, do que acredito, da ordem que pensei existir, imediatamente sou leve, sou livre, sou solta. Sou inocente outra vez e apenas sigo. Observando e sendo o que sou de verdade, incólume ao que me cerca.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Juventude e a Queda das Instituições

Acho que existem, na atualidade, três tipos principais de jovens: os reprimidos e politicamente corretos, os indignados com comportamentos desviantes e os alienados que não se envolvem.
E como lidar com esses jovens que não encontram modelos externos, posto que o núcleo familiar tantas vezes não serve como referência e assistem impotentes à falência das instituições com o país contando com homens públicos tão corruptos, antiéticos e alucinados?
Como dar limites aos jovens, se aqueles encarregados de fazê-lo, sejam pais, familiares, professores ou representante do poder público, cada vez mais frequentemente não possuem qualidades mínimas para isto?
E a nossa juventude, sejam os sonhadores alienados, os revoltados ou os submissos, não estarão de qualquer forma desenvolvendo plenamente seus potenciais, o que garantiria uma evolução no âmbito nacional. E a consequência inevitável é a manutenção no Terceiro Mundo.
Aqueles que têm a sorte de contar com modelos adequados no núcleo familiar se beneficiam. Mas, como resgatar os outros?
Penso que, quando nos voltando para fora, o que encontramos nos frustra completamente, uma saída talvez seja mergulhar em si mesmo, aprofundar-se e buscar o contato com o espírito.
Algumas vezes isto se dá pela ocorrência de algo trágico na vida, o que nos obriga a instintivamente “saltar da panela quente”, funcionando como catalisador do processo.
Entretanto, podemos tentar fazer isto de forma diligente. Cultivar a solidão, se acalmar e simplesmente observar a realidade com algum distanciamento pode ser o primeiro passo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Para Manter o Equilíbrio

Procuro um norte que me oriente e conduza.
Como fazer para não desequilibrar com tantas investidas?
A confusão que reina em torno amedronta.
O caos parece lançar suas ramificações para nos englobar.
É preciso manter-se a calma e ser sereno.
É necessário deixar-se guiar pela luz.
Não há que se ter medo das trevas,
Mas os cavaleiros das trevas avançam implacáveis...
Só não atingirão àqueles que os ignorarem.
A energia do amor fortalece e defende.
Faz-se necessário alinhar com as esferas superiores.
Muitas coisas estão em desalinho e cederão.
Aqueles que estiverem em alerta entenderão.
Não se pode deixar nublar pela poeira circundante.
Tudo está escuro, abafado e cheira a enxofre.
Entretanto, voltando-se para dentro o homem encontra a paz.
A sua porção divina, sua luz brilha no seu interior.
Sua força é inimaginável quando se alinha com a luz.
Nada é capaz de atingi-lo nesse estado de consciência.
Saindo da relação espaço-temporal, nosso Ser liberta-se.
É urgente experimentar-se nesse estado de ser,
Soltar as amarras, mergulhar sem reservas no Todo,
Acreditar e reconhecer sua verdadeira natureza.
A invencibilidade vem da consciência do Ser espiritual.
Essa consciência traz o equilíbrio, a paz e conduz à Eternidade.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

As Três Crianças

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Cada um de nós, inevitavelmente, estará, ao longo de sua existência, em contato com três tipos de criança. E se ignorar uma delas, não conseguirá sentir-se pleno. É um engano imaginar que somos diferentes nesse aspecto pelo fato de termos filhos ou não, de nossa condição econômica ou psicológica.
Essas crianças precisam ser alimentadas, indiscriminadamente, por cada um de nós.
Se temos ou não temos filhos, não importa. Se optamos por não tê-los ou se não pudemos gerá-los, se adotamos alguma criança ou não concordamos em fazê-lo, de alguma forma teremos crianças por perto na família, de amigos, de vizinhos, no trabalho ou mesmo em alguma instituição à qual podemos nos filiar. Essas são crianças diretamente ligadas a nós, de quem podemos saber os nomes e detalhes da vida. Elas precisam do nosso cuidado, orientação, do nosso olhar e da nossa atitude.
O segundo tipo são aquelas crianças ligadas a nós de forma indireta. Não conhecemos suas identidades nem muitas coisas da sua história, mas as vemos jogadas pelas ruas, com fome, prostituídas, vítimas das drogas, dos abusos ou esquecidas em orfanatos esperando, indefinidamente, por adoção. Também são crianças fotografadas e filmadas em outras terras, protagonizando documentários sobre os horrores da miséria, da guerra, das desigualdades sociais, espalhadas pelo mundo. Elas necessitam do mínimo que pudermos fazer por elas, através do nosso trabalho, da nossa denúncia, indignação, nossas ações cívicas ou globalizadas.
E a terceira categoria de crianças existe dentro de cada um de nós. Elas precisam, urgentemente, do nosso resgate, por meio do reconhecimento de que existem, dos cuidados que devem ser a elas dirigidos para que desenterremos sua história, as recuperemos e permitamos que ganhem vida outra vez. E assim, através de cada um de nós renascido e renovado, possam ser responsáveis pela melhora desse mundo e evolução da humanidade.
Desejo que neste dia das crianças, todos nós possamos ter a oportunidade de refletir e nos deixarmos acercar por essas três espécies de criança, nem que seja só através da imaginação e sermos capazes de dirigir a elas um sorriso grandioso de acolhimento.

domingo, 11 de outubro de 2009

Ampliação de Consciência

Quando meu olhar escapa de mim, existe uma chance de acalmar minha aflição. É que por paradoxal que possa parecer, o que me aflige no que observo, nada mais é do que um reflexo de mim naquilo que me cerca. Assim, para que a miséria, a fome, a degradação da condição humana, a dor, a doença, o desequilíbrio, o caos e tudo que me provoca incômodo, não tenham mais esse efeito devastador, é necessário me colocar como mero observador, alcançar o caráter balsâmico do distanciamento. É preciso discernir bem, através da vivência e da conscientização o real sentido do egoísmo, da compaixão, da indiferença e da capacidade de observar mantendo-se distanciado (misturando-se, mas guardando a individualidade e integrando-se ao todo com a consciência de que tudo tem um sentido e segue seu curso na roda da existência).

sábado, 10 de outubro de 2009

O que tiver de ser será

O que tiver de ser será.
Inútil resistir e espernear. Faça a sua parte.
Só o que puder e estiver ao seu alcance.
Onde é que isso vai dar?
Aí já é outro lance...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conselho

Se tiver que aceitar imposições, faça o que puder e estiver ao seu alcance, antes de chegar onde, certamente, deseja aquele que as provocou.
Entretanto, atente para determinadas situações em que melhor seria, para não desperdiçar energia, ceder prontamente.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Leonard Wolf e o Ofício do Artista

Não pinte abstrato antes de saber desenhar a figura. Você só poderá quebrar a forma com sucesso se a tiver dominado. A estrutura é a base, depois poderá brincar com ela ou afastar-se dela ao mesmo tempo. Tem de conhecer seu ofício: na pintura ou na escrita.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rio 2016


Lá se vai o tempo em que eu tinha a preocupação de ser politicamente correta. Agora, que já passei dos 50, fico muitíssimo feliz em emitir minha opinião, por mais esdrúxula que pareça. E fico rindo por dentro, se minha verdade irreverente (já que ando quase sempre na contramão) choca os mais comportados, ainda que muitos deles talvez, no fundo, compartilhem das minhas ideias.
Assim, deixem-me confessar que depois da votação em Copenhagen, gritei a plenos pulmões: VIVA O BRASIL! BRASIL! BRASIL! BRASIL! Não que eu tenha qualquer interesse em esportes. Não mexo um músculo por nada, a não ser que tenha alguma utilidade outra que definir o corpinho, competir ou vibrar na torcida por qualquer competição. E, com toda esta preguiça, pra manter a saúde uso outras formas de exercitar o corpo e a mente.
Na verdade, não estou nem aí para futebol, Olimpíadas, Pan-Americanos, Copa do Mundo e correlatos. Mas gritei Brasil mesmo. E não foi por orgulho de ser brasileira, já que me considero cidadã do mundo e o que acontece por aqui, tirando a natureza e o coração das pessoas de bem, não motiva isso. Foi por pura esperança.
É que sou uma trabalhadora HONESTA e assim, depois de estar quase me aposentando, ainda preciso andar de ônibus. Daí, que se fizerem um décimo do que estão prometendo para o setor de transportes, quem sabe as coisas melhorem e eu não vou precisar mais ficar escrevendo aqui no blog aqueles textos carregados de indignação e revolta conclamando as pessoas (que, aliás, não aderiram ao meu movimento) a chamarem a atenção das autoridades no sentido de darem à população do Rio condições mais humanas de ir e vir.
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domingo, 4 de outubro de 2009

Leonard Wolf e o Escrever

Há milhões de pessoas talentosas que querem “escrever”. A principal diferença entre elas e os escritores verdadeiros não é talento; é que os verdadeiros escritores se sentam todos os dias e põem palavras no papel. Não há como revisar uma página em branco. Continue tentando, você vai conseguir.

sábado, 3 de outubro de 2009

Henry Thoreau e o Olhar

O mesmo sol que matura meus feijões ilumina imediatamente um sistema de terras como a nossa... Esta não era a luz em que os cultivei. As estrelas são os vértices de triângulos maravilhosos! Que seres distantes e diferentes nas várias mansões do universo estão contemplando a mesma coisa no mesmo momento! A natureza e a vida humana são tantas quantas as nossas diversas constituições... Poderia existir milagre maior para nós do que olhar através dos olhos dos outros por um momento?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Nosocômio, Hospício ou Será um Circo?

Chegando cedo para trabalhar, num tradicional hospital militar que, há alguns anos, mais parece um quartel, surpreendo-me a observar algo que é muito evidente para quem se dispuser a enxergar.
Passo pela portaria pequena, onde há pelo menos cinco militares de prontidão, dois deles apenas para tomar conta dos funcionários que chegam para trabalhar. A julgar pelas suas aparências, estão sempre de mau-humor e com um jeito ameaçador (também, o que poderíamos esperar de quem já acorda para fazer um trabalho tão relevante e criativo desses?). Mais adiante, vejo perfilada outra legião de militares, homens e mulheres que dispensam pelo menos trinta minutos preciosos dos seus dias para saudar de forma histérica o diretor quando chega, faça sol ou chuva. Todos eles igualmente tensos, com caras de poucos amigos e vejo que um deles, de patente mais alta, fica destacado, próximo ao ponto onde irá estacionar o carro que traz a ilustre figura do militar comandante. Este então, traz na fisionomia todo o peso e humilhação da tarefa diária a que deve se submeter por imposição da hierarquia.
Sigo estupefata, rindo por dentro de pensar que quanto menor a substância, maior a empáfia, quando percebo que existe ainda um outro militar ao lado de um cone, que permanece por horas a fio, de pé, apenas para impedir que carros que não pertençam à cúpula da direção atravessem. Este mostra sinais evidentes de cansaço e desalento, já a esta hora da manhã.
E enquanto os dirigentes dessa casa se importam somente com detalhes de limpeza e apresentação das fachadas e tratam como cachorros ou bandidos os seus funcionários, para encobrir as falhas de administração gritantes, calamitosas, que trazem um risco cada vez maior para os seus usuários que imaginam ter um bom plano de saúde, nada melhora para aqueles que são lúcidos, bons profissionais, têm responsabilidade e ética. E, por incrível que possa parecer, é sempre capaz de piorar com a evasão crescente de profissionais, sucateamento de equipamentos e deficiência de materiais de consumo básicos.
E cresce o número de óbitos a cada dia, enquanto nas reuniões a cúpula alardeia falsamente, que este hospital só tem qualidades e padrão classe A no atendimento.
Finalmente, encontro com uma figura sorridente, cheia de disposição, carregando mangueiras, pás, ancinhos e uma foice apoiada com o pescoço, que me cumprimenta efusivamente e segue com entusiasmo para trabalhar de verdade, já que os jardins desse lugar constituem a única beleza e espelham a ordem da natureza. Os demais funcionários continuam, tristemente, encenando as suas farsas cotidianas, uma vez que é difícil coadunar compaixão, espírito científico e ética com hierarquia.