segunda-feira, 16 de março de 2009

A Senhora das Letras

Carpinteira das letrinhas,
Trabalhadora incansável,
Compondo muitas quadrinhas,
Que é vasto seu vocabulário.

Desde muito, muito cedo
Ela aprendeu a brincar
Com as contas da cadeira,
Logo já sabia contar.

E então, aos quatro anos,
Ninguém sabia porquê,
Começou a ler sozinha...
Ir à escola pra quê?

Quando soube o que que era,
Na área psi se formou,
Queria conversar com as pessoas
E veja o que arranjou:

Mergulhou nas suas dores,
Amenizou desencantos,
Colocou ordem no caos,
Fez crescer, cessando prantos.

Pela vida foi seguindo,
Leu demais e estudou
Tantas coisas que sabia,
Que já sabia e enjoou.

Hoje não trata de ninguém,
Ou melhor, faz muitos elos,
É que ajuda muita gente
Quando escreve no Duelos.

Estou Lendo...

Vida Incondicional: como controlar as forças que moldam a realidade pessoal - Deepak Chopra
Escrava Isaura - Bernardo Guimarães

Emoção

Chuva caindo
Corações se abrindo
Alma lavada

Réquiem (Aline)

Um corpo escuro dentro do tanque branco. Os olhares vertidos sobre ele. Os membros rígidos, unidos, dorsalmente alaranjados e esticados para fora do casco mundo. A cabeça reclusa, as patas dianteiras como guardiãs, permitindo que apenas as narinas fossem entrevistas. Uma proteção no seio daquela posição. Um sinal, no diagnóstico.
E os olhos, como estariam? Cerrados e mudos ou abertos na escuridão? A fuga visual de sua própria morte.
O alvoroço dos parentes anunciando o incomunicável.
O aviso, o sol incidindo, a água ilimitada ao seu redor e a sua insustentável e lenta existência de quelônio.
Nos dias floridos dos outros, a tartaruga e sua bacia azul; os passeios matutinos e vespertinos; a invasão da noite e seu recolhimento; o seu ventre esverdeado em contato diário com as lascas vermelhas do quintal; seu íntimo de goiaba e a preferência pelos pés dos vasos, com suas plantas igualmente prisioneiras.
A vítima, o algoz e o silêncio.
A sua cama de jornais e de letras pretas, insignificantes para o seu universo iletrado, sub-racional e de desejos de subsolo.
Inúmeras arremetidas quanto ao passado do invólucro desabitado: seus motivos, sua função, sua passagem, a transubstanciação e a viagem derradeira para o nada.
O que ela teria feito com as décadas de cárcere que lhe restavam?
Qual destinação terá a cela acolchoada, moldada para aquela especial forma de vida (e de morte)?
A tartaruga e sua mãe: virgens, brandas, acorrentáveis e monocromaticamente verdes; criaturas embalsamadas, limpas e impecáveis em seus trajetos, trejeitos e expressões faciais.
Mas, no instante da transição, ela percebe um espelho à sua frente. Um juiz que lhe expõe sua movimentação passiva, a agilidade de seu medo e a aquiescência perante as vozes. O reflexo do seu espírito, de sua compleição física, do fim iminente e da rota que desemboca no cais e no Adeus.
E quando ela parece aceitar a História de morte que criaram para ela, eis que a sua visão escapa da nudez do vidro e vai morrer dentro de seu tamanho reduzido, do pequeno espaço, da dimensão de si.

Menino de Rua

Jogado ao léu
Dormindo sob o céu
Carapinha cor de mel
Olhado como réu
Se faz um escarcéu
Gritando qual pinel
Deixando escorrer o fel

Lá vai ele pelos becos
Escorrega entre os passantes
Suplicando por comida
Nada rouba, apenas pede

Pede que o olhem
Que saibam da sua dor
Resolvam seu desamparo
Ofereçam-lhe algum amor

Déjà vu

Era fim de tarde. Rio de Janeiro. Pessoas voltando do trabalho para suas casas. Trânsito intenso, carros se arrastando numa fila interminável em direção ao túnel.
Olho para o lado e uma janela se abre em mim. Vejo uma casa. Linda! Janelas envidraçadas, de vidros tão transparentes e molduras delicadas, de cor marfim, que compõem um cenário familiar. Através das janelas posso ver um enfeite na parede que me é fatal. É a ponte que leva para outro tempo. Lembranças? Fragmentos de um passado que está tão vivo em mim. Fico paralisada, como que atingida em cheio no ponto mais vulnerável do meu ser por uma flecha envenenada. E o veneno é doce, sinto este quase torpor.
Continuo seguindo o fluxo dos carros, mantendo a atenção, mas já não estou ali. Estou suspensa, roubada do meu corpo, presa a um momento que quero manter comigo. Quero vivê-lo inteiro, quero saber de onde vem esta sensação, esta alegria que transborda no meu coração e extravasa em lágrimas que embaçam meus olhos.
Tento manter-me ali, naquele passado, naquela casa, tento resgatar o que representa para mim esta visão. O que vivi num lugar assim? Por que é tão arrebatador este momento? Por que preenche o meu espaço mais vazio? O que é aquele enfeite? O que me passa aquele cenário? O que desperta no meu ser? É quase a busca de um orgasmo, é tentar ficar toda ali para deixar entrar aquela sensação maravilhosa. É estar alheia de mim, é me deixar e assim poder ser outra uma que fui.
Pego finalmente, capto o seu significado. E sou só alegria, só amor, transbordo em contentamento naquele túnel, naquela tarde, nesta realidade em que vivo agora. Sou feliz.
Volto. Estou outra vez no meu corpo, dona completa de mim, consciente de tudo que faço, da direção. Retomo o meu dia, o meu caminho. Mas sou outra. Estou acrescida, no meu quebra-cabeças, daquele pedacinho que resgatei hoje. Minha paisagem está mais colorida, meu peito mais leve. Sei mais um pedaço de mim. E gosto dele. Gosto do que sou.

Emoção fluindo. Emoção que transborda. Sentimentos à flor da pele: não fragiliza, só fortalece, porque se é mais então.

Dias mais tarde relembro o que vivi. É bom. Estou diferente, sei que estou, gosto de estar mais nova, mais renovada por ter estado em outros ares. E quero prolongar este prazer. Quero traduzir para mim o que captei de mim. E o elo é o enfeite na parede. Uma máscara de porcelana, com fitas de cor clara (acho que azul), com pequenos salpicados de purpurina que completam a peça. Fixo sua imagem e uma energia nova me percorre. Sei o que foi. Sei o que fui naquela vida. Se hoje posso olhar para os outros e me dedicar, é porque já recebi muito antes. Foi uma vida de pura dedicação, de doçura, de delicadeza e carinho. Foi um grande amor, de entrega total, de compromisso, de ser preenchida por alguém, de ser junto com alguém. É um amor que guardo ainda hoje em mim. É uma energia que flui do coração. É uma fonte que jorra incessantemente. Sou eu para o mundo. Sou eu plena e amada. Sou eu só amor. É isso a sensação. É tudo isso que vem quando focalizo o elo/enfeite/ponte para a descoberta do amor.

É Carnaval

Bata o bumbo
Esquente o pandeiro
E sambe no pé.

Saudade

Pra mim são cinzas:
Ela saiu do cordão,
Partiu coração...

Chuva... Chuva...

Chuva caiu forte,
Lavando os solos e as almas,
Desanuviando as mentes,
Refrescando as multidões.

Chuva, quando cai,
Faz transbordar os rios,
Extravasar as emoções
E aquietar os corações.

Chova chuva...
Caia sempre, limpe,
Lave, deixe fluir a vida
Em gotas abençoadas.

Folia

Só de gandaia,
Confete, serpentina,
Lá vai menina...

Fim da Folia

Fim da folia
Guarde fantasia, mas
O sonho fica...

Folia

Acordei feliz,
Saí de joaninha,
Cantei marchinha...

Além do Material

Tudo no universo emana energia que interage com a energia de outros seres animados ou inanimados. Estamos ligados em teia a tudo o que existe, influenciando e recebendo influências continuamente e a resultante deste processo mostra o padrão ondulatório de cada ser, que é único, sendo, portanto, mandatório, na sua avaliação, individualizar.
As pesquisas mais recentes comprovam que nada ocorre no universo sem que haja repercussão disto para todos e estas alterações no padrão energético hoje já podem ser quantificadas.
A aplicação prática desta lei é conscientizar que somos sempre afetados ao mesmo tempo que afetamos os outros seres e coisas e a própria natureza, simplesmente existindo, o que aumenta nossa responsabilidade e abre nossos olhos para ter cuidado com energias que sentimos que nos afetam e nem sempre conseguimos determinar a origem do agente no mundo material. É necessário ampliar a mente e usar a intuição.
As alterações de humor em cada um de nós, por exemplo, muda nosso padrão ondulatório e ao interagir com o padrão de alguém de nossa família, do nosso trabalho ou mesmo com aqueles que passam por nós na rua, no metrô, dentro dos coletivos etc., modifica o padrão destas pessoas. Por exemplo, se fico irado e saio para trabalhar deste jeito, acabo sujando a aura de outras pessoas.
Sabemos, intuitivamente, que isto ocorre quando nos sentimos diferentes em contato com outra pessoa - seja para melhor ou pior -, entretanto, devemos estar atentos para o fato de que não só modificações internas, mas também externas, ambientais, irão nos atingir e que esta influência não se restringe aos seres vivos, ocorrendo, também, a partir de seres inanimados.
O interessante, no que se refere a este conhecimento, é entender que, já que esta rede de influências existe e é permanente, podemos usá-la de forma positiva para agir intencionalmente, através da concentração do nosso pensamento, para melhorar qualquer aspecto da realidade.
Hoje, comprovadamente, podemos usar as curas a distância, nos valendo, inclusive, do poder curativo da oração. E isto é científico na concepção quântica do universo.

Valor

Mais vale quem faz
Que tantos indecisos
Sem realizar

Haikai

Pandeiro quente
Na roda de samba,
Só pra quem é bamba!

Dúvida

Loura e burra
Será redundância?
Ah... deixa pra lá...

José de Alencar

Senhora - José de Alencar

Autor interessante. José de Alencar com a inesquecível Senhora, que muito me ensinou sobre a arte de ser adequada. Depois aprendi a contrariar isto tudo.

Morte: Única Certeza

Barco vai e vem...
Hoje chego, amanhã morro
E Caronte vem.

Incerteza

Plantei certezas
Deu o inusitado
Nada é certo

Tolice?

Pareço bobo,
Mas esperteza é do
Tolo defesa.

Coerência

Tranquilidade:
Expectativas reais
Sucesso certo.

Caleidoscópio

Refletem tudo
Seus olhos assanhados
Caleidoscópio

Arder no Fogo Purifica

Humanidade
Arde! Busca insana...
Fogo purifica.

Isto Também Passará

Sentir dor ou não
É irrelevante, pois
Também passará.