quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

SOS Rio de Janeiro

Nas últimas semanas, o estado do Rio de Janeiro foi manchete dos jornais brasileiros e estrangeiros em virtude do caos que se instalou na cidade, provocado por integrantes de facções criminosas envolvidas com o tráfico de drogas e da reação do Estado, com a integração das forças armadas e polícias, que cooperaram e retomaram terrenos dominados por bandidos para as comunidades pobres residentes nesses locais.
A mídia chamou a atenção para as ações cinematográficas das forças de repressão, com uma atuação jamais vista antes, tornando um fato histórico a sua ação competente, destoando do que até então era apresentado por uma polícia desfalcada, desguarnecida, esquecida, solitária e corrupta.
Esperamos que esse episódio de ação responsável e competente passe a ser a regra e que seja permanente, com a presença do Estado nessas e em todas as outras comunidades do Rio.
Outros dois fatos pedem a nossa reflexão e infelizmente não estão sendo focalizados pela mídia:
É importante assinalar que aqueles usuários que se escondem nas áreas nobres da cidade, quando o caos se instala e evitam sair às ruas por medo, são os mesmos que garantem a manutenção de toda essa violência nas comunidades pobres, ao financiarem o crime organizado quando compram as suas drogas.
É oportuno também refletir sobre o fato de que os chefes do tráfico com casas luxuosas nas comunidades carentes têm como sonhos de consumo, bens (suítes suntuosas com banheiras de hidromassagem, aparelhos de ar condicionado central, piscinas e tvs de tela plana enormes) que muitas vezes constituem exatamente os objetos de desejo de pessoas que, mesmo sendo intelectualmente mais favorecidas que eles, aceitam levar uma vida com níveis crescentes de estresse, empenhando seu tempo e suas almas, apenas para garantir possuí-los. Nesse particular, quanto se diferenciam desses marginais?

O Que o Duelos Significa para Mim

O Duelos representou, de início, para mim, um espaço onde eu poderia escrever sobre determinado tema que seria também usado por outros autores, nos dando a oportunidade de apreciar diferentes pontos de vista e refletir. Essa ideia me pareceu muito interessante e fiquei entusiasmadíssima.
Mas, como eu já tivesse o costume de escrever há muito tempo e guardasse minhas composições sem nunca antes tê-las mostrado a outra pessoa além de uma grande amiga, vi no Duelos uma oportunidade de compartilhar textos que na verdade escrevi pra mim mesma. E assim, fui enviando alguns escolhidos e como não encontrei resistência (pelo menos explícita) a algumas bobagens, perdi a vergonha e encaminhei quase tudo que escrevi ao longo de vários anos. Dessa forma, vários momentos de minha vida foram focalizados nos textos. Descobri que escrever era terapêutico e estimulei muitas pessoas a usarem esta via de expressão para lidar com questões difíceis em suas vidas. Para mim, essa característica do Duelos é a mais interessante. Mostrar para outras pessoas o que a gente escreve num momento de tensão, dor, deslumbramento, revolta etc. é ter a possibilidade de reler e reavaliar nossos pontos de vista que serão, a partir da publicação, apreciados por outras pessoas. É como compartilhar a nossa profundidade, é ter a noção exata do que é estarmos todos no mesmo barco. Acho que isso nos aproxima mais dos nossos semelhantes (e de nós mesmos) e se traduz em expansão do amor.
Além disso, ler os textos de tantas outras pessoas, emociona, permite que as conheçamos um pouco mais, cria simpatias e possibilita transformações e expansão para todos. E, inclusive, pelo menos no meu caso, inspira e cria um certo atrevimento em colocar no papel ideias e opiniões próprias, ignorando a parca capacidade na seara da Literatura, como se me fosse dado o direito de poetar e escrevinhar à vontade, sem inibições. E eu adoro isso.
É que como não sou da turma das Letras e já lido na minha área com tanta responsabilidade e cuidado, tenho a oportunidade de ser uma inocente e autêntica criança no Duelos, escrevendo historias que vivi, que vi outras pessoas viverem, que ouvi de pacientes, amigos e estranhos, que criei ou que representam minhas subpersonalidades ou mesmo possessões, sem qualquer preocupação maior com a forma. Ou seja, o Duelos, para mim, é um espaço para vivenciar a amizade, a alegria, a espontaneidade, o amor e a liberdade. É um portal de aprendizagem e terapêutico.

Ciúme

Camisa de força, cretinice, covardia, crispação, crise, cólera, crime, cobra.
Idiotice, infantilidade, inverossímil, imaturo, irreal, irracional.
Único, utilidade, universal, usurpador, usufruir, urso.
Mancada, malformação, menos-valia, mentalidade, mal, merda.
Engodo, engasgo, estupidez, estardalhaço, escândalo, espetáculo, embriaguez.

Sobre o Ciúme

Ciúme é arremedo de atuação daqueles que não têm o menor talento na arte de amar.

Demonstrar ciúme é, às vezes, a única coisa que alguém sabe fazer pra assegurar o sentimento de posse.

Ciúme cresce na relação inversa da competência quando se trata do amor.

Ciúme só é tolerável em doses homeopáticas, entre quatro paredes e, mesmo assim, dose única é melhor.

No terreno do amor, posse é fruto da conquista e só tem a duração de um momento que vale a eternidade. Assim, resta a quem não se garante, enveredar pelos ridículos subterfúgios do ciúme.

O Ciúme é a Banda Podre do Amor

O ciúme amesquinha o amor.
Ninguém tem o direito de reduzir assim este sentimento que é pura expansão. O amor é livre e quem manifesta o ciúme deseja cercear aquele que ama e reclama posse de quem nunca terá dono. O amor é doação e dá aquele que quer para quem deseja, para todos que inspiram nele este nobre sentimento. Não há limites para o amor. E idiota é aquele que tenta dar medida a algo que é abstrato e supõe que, se dividido, menor parte lhe caberá. Pobre infeliz desavisado, ignora que quanto mais se ama, cresce cada vez mais a capacidade de oferta e de expressão do amor.
Muitos dizem, em relação ao amor romântico, que ciúme é o seu tempero. Entretanto, as manifestações do ciúme, longe de serem interessantes e enaltecedoras de seu objeto, na maioria das vezes, se transformam em algo nefasto que envenena e destempera.
Mas, esta prova contumaz de insegurança e menos valia não se restringe aos parceiros amorosos, fazendo muitas vítimas, também, nas relações familiares, profissionais e de amizade, onde se desenrolam histórias mirabolantes e quase sempre ridículas.
É lamentável que o ciúme não seja tratado logo ao ser detectado, antes que tome proporções maiores com comportamentos descabidos e consequências desastrosas. É uma importante armadilha que apanha os incautos que, assim como os que o manifestam, se sentem lisonjeados com tal deferência, denunciando, também, igual menos valia e, mais tarde, poderão sofrer intensamente as agruras de verem o amor que sentem sendo colocado em camisas de força, ou sendo forçado a usar cinto de castidade.
Sinto pena de quem é incapaz de ver aqueles que são objeto de seu amor livres para expressar o mesmo sentimento por quem inspirá-los, sem amarras, sem certificados de posse e sem limitações.
É preciso estar atento para não ser personagem de histórias fatídicas, onde o ciúme é doentio e pode se manifestar com requintes de crueldade, num desequilíbrio que cria uma rede de intrigas que pode terminar de muitas formas dolorosas e imprevisíveis ou se arrastar indefinidamente numa teia invisível de sofrimentos e compensações que mantêm juntas pessoas que pensam que sabem amar realmente.
Tratar o ciúme requer tempo, vontade e empenho de trilhar o caminho do autoconhecimento com fortalecimento do ego e desenvolvimento da capacidade de se voltar para o outro com amor.

Medo

Medo é barreira auto-imposta
Que nos isola em impedimentos
Fazendo com que a personalidade
Murche em vida, sem movimento.

Medo pode ser desculpa
Para não se conhecer.
Pode gerar repulsa
À oportunidade de se desenvolver.

É tanta coisa que fenece
Por causa do medo atroz
Que às vezes até parece:
Que não se vive, é a morte vindo veloz.

Medo é areia movediça
Que aos poucos toma conta de nós.
É também defesa com ponte levadiça.
É ficar encolhido debaixo dos lençóis.

Não há que se ignorar o medo.
Fugir é nada salutar.
Melhor entender bem o desassossego,
Criando condições de poder enfrentar.

O que torna o medo pleno de poder
É aquilo que cerca o tanto que existe de real.
Somos nós que incrementamos o que poderá acontecer
Com nossa fantasia, nossa imaginação surreal.

Então melhor usar a tal imaginação
Sempre e muito bem, ao nosso favor.
Diminuir o que nos ameaça é uma solução.
E fortalecer o ego ajuda a eliminar o pavor.