domingo, 10 de maio de 2009

Mães Possíveis

Veio à minha mente a seguinte conexão: mãe-guardiã. Pensei no significado de ser mãe. Que complexidade! Que multiplicidade de formas de ser! Como vai além do estereótipo vinculado às campanhas comerciais! Que responsabilidade é ser mãe! Quantas cobranças! Que o digam os que frequentam consultórios de psicanalistas. E como é simples ser mãe deixando-se conduzir apenas pelo instinto!
Mãe é a que concebe, a que geralmente gesta, a que cuida, a que forma, a que guarda e protege (ou deveria). Cabe aos pais, à mãe, em particular, guardar o filho até que ele possa caminhar sozinho pela vida. E, neste aspecto, persiste a diversidade, cada filho tornando-se capaz no seu próprio tempo.
No seu dia as manifestações de apreço se multiplicam, seus valores ficam enaltecidos, a emoção transborda naqueles que contam com suas mães a seu lado e naqueles que a perderam por morte ou afastamento de qualquer tipo. E falam delas como se todas tivessem apenas aspectos positivos. E onde ficam a mágoa, o rancor, a rejeição, a omissão, a maldade, as perversões e tantas variáveis que fazem parte do humano? Porque cada mãe é de um jeito. E todas têm o direito de ser o que são nesta vida de aprendizados. Por que não concebê-las dentro da realidade de cada uma, ao invés de endeusá-las? Até porque a categoria mãe está intrincada numa teia complexa das relações humanas regidas por suas leis naturais, entre elas a de causa e efeito.
Entretanto, quando se fala de mãe, é certo que se acende em nós um grande letreiro luminoso onde se escreve AMOR. E a mãe de cada um expressa este amor dado em abundância, restringido, negado. Seja o que for, no fundo é amor.
Então não seria melhor, ao invés de idealizarmos, dificultando a relação, aceitarmos a mãe que temos, compreendendo, tentando perdoar, adorando, agradecendo de joelhos por ela, engolindo, caminhando ao lado, relevando, odiando, mantendo longe, substitindo etc., todas estas coisas juntas ou separadamente?
Todas as mães são importantes nas vidas dos filhos, mas nem todas são apenas anjos ou demônios. São humanas em toda a sua complexidade e diversidade. Há as que têm vocação para corresponder ao estereótipo, há as que são o oposto dele, há as que grudam nos filhos e exageram, há as que são distantes e omissas, há as chatinhas, as malvadas, as inúteis, as desajeitadas, as competidoras, as depressivas. Há tantas que não caberia aqui citá-las.
Mas para todas elas, as que trouxeram o filho à vida, as que cuidaram e criaram, as substitutas, as de consideração, aos pais-mães, a todos que representam esta categoria, cabe o respeito de todos nós.
E, certamente, cada um de nós, neste dia, terá a quem dedicar o amor e agradecer por ter honrado o título de mãe em sua vida.
Parabéns a todas as mães possíveis deste planeta.
Que possam ter sempre a liberdade de apenas ser.