terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Santa Catarina: a crise que cura

O que mais chama atenção no mundo atual são as mudanças repentinas. É certo que há algum tempo parece que o tempo passa mais rápido, a urgência é a ordem, todos têm pressa, as crianças já têm nascido aceleradas, o stress é a vedete dos consultórios, a comida é fast food, os carros são ultravelozes etc. Os estudiosos comprovaram que mudanças no eixo de rotação da Terra trouxeram a redução real do tempo, o dia ficou mais curto. Mas agora, além disso, estão sendo mais freqüentes os fatores externos trazendo alterações profundas nas vidas das pessoas, de formas abruptas e, quase sempre, alterações relacionadas à perda.
A crise mundial econômica é um empobrecimento globalizado, puxado pela desestabilização da economia da maior potência econômica do mundo. Isto não só foi inesperado como inusitado. Quem diria que os Estados Unidos passariam por isto? Diriam somente aqueles que tinham olhos de ver, os antenados com as verdades eternas que conhecem as leis, sobretudo a da polaridade. O crescimento impiedoso desordenado, completamente alienado e insano só poderia trazer, de rebote, a crise, o caos. Por que tudo isto? E para quê? As manchetes diárias mostram as maiores potências mundiais, paises ricos tremendo e se desestruturando, ainda que utilizando tentativas desesperadas de estabilização com perda financeira, desemprego e recessão. E tudo assim… da noite para o dia, pelo menos para a população geral que não estava inteirada da possibilidade da economia ruir e, num efeito cascata, dominó, sei lá como, todo o mundo vai sendo atingido porque a economia também é globalizada. O Brasil ainda não sofre, diretamente, mas já se prepara para o tempo ruim que virá e, por hora, alguns já se aproveitam para ganhar em cima da provável crise.
A natureza, por sua vez, contribuiu para esta puxada de tapete de iguais proporções, de qualidades diferentes, mas tão arquetípica quanto a crise financeira, expressão da carta da Morte do tarô e também da lei da polaridade. O exemplo mais recente, aqui no Brasil, é a catástrofe que ocorre em Santa Catarina. A proporção das enchentes é a maior que já se viu por aqui, atingindo milhares de pessoas e também afetando drasticamente a economia do país por paralisar o porto de Itajaí. É dor generalizada e súbita, que se prolonga e traz conseqüências funestas. Mas o que podemos extrair de tudo isto? Sim, porque os atingidos não são e nem podem mesmo ser apenas aqueles diretamente tocados pela tragédia ou emocionalmente relacionados a estas pessoas, e sim qualquer um de nós, expectadores dos acontecimentos. Entretanto, é preciso que endireitemos e concentremos o olhar, apreendendo dos fatos a mensagem mais importante e urgente: o mundo mudou, os valores devem mudar, o que mais importa agora não são os bens e sim a emoção, o material perdeu para o coração. As leis do coração devem, agora, dominar o mundo e isto é óbvio, é gritante para os que querem ouvir. Se compreendermos isto e cedermos à mudança, a harmonização virá, já que se trata de lei. Se teimarmos, a dor será maior, as ocorrências deste tipo se repetirão até que possamos entender que os tempos já são outros e, apesar de tudo, bem melhores. As imagens sobre Santa Catarina são bem claras: famílias que perderam tudo, devastadas pela dor de repentinamente não terem onde ficar, apenas com a roupa do corpo, desmanchavam a expressão de dor e sorriam entre lagrimas, abraçando e sendo abraçadas, em todos os sentidos, por vizinhos emocionados que abriam suas casas e corações para eles; outros, vítimas de desabamentos, sorriam felizes porque, tendo perdido todos os bens materiais, conseguiram salvar o que para eles era mais importante: um filho, um parente, um amor… Não que em outras tragédias não tivessem ocorrido fatos desta natureza, mas é que, agora, eles são a regra e não a exceção. E, da mesma forma, a crise econômica mundial trará, para as nações mais ricas, um crescimento enorme, importantíssimo, só que de outra natureza: o nascimento de solidariedade e a transformação da base de segurança, que passará da solidez econômica para o sentimento.
A capacidade de subsistir à crise fortalecerá os valores internos e fará uma espécie de seleção natural daqueles mais emocionalmente seguros porque, ainda que tarde, os homens comuns entenderão, finalmente, aquilo que os místicos sempre souberam: que a força não é conferida por recursos materiais de qualquer natureza (dinheiro, bens, a porção física do ser…) e sim pelo imaterial (valores morais, crenças, habilidades…); enfim, pelo que anima nossos corpos, que está acima de tudo isto e não nos pode ser retirado em qualquer circunstância. A nossa alma, o amor que ela é capaz de expressar, é o que subsistirá e que, a partir de agora, deve estar à frente nas relações humanas para que haja o tão esperado equilíbrio em todas as esferas. E assim será, aceitemos ou não.