sexta-feira, 31 de julho de 2009

Um Sonho

Desperta ofegante, com um gosto bom de beijo na boca, a pele aveludada, a cabeça nas nuvens, o corpo leve, renovado, com uma umidade doce no sexo, que a encanta e desconcerta.
Ao seu lado, dorme ainda a mulher, aconchegada entre as cobertas com o rosto calmo e a respiração tranquila, sua face emoldurada pelos cabelos curtos.
Senta-se com um sorriso nos lábios ainda molhados, o coração galopando e surpresa, recorda-se do sonho que tivera aquela noite. “Nele, era outra que estava com ela, que a olhava com os olhos penetrantes, puxando-a com doçura para si, envolvendo todo o seu corpo num abraço que a fazia estremecer. Sentia seu perfume, o toque das suas mãos ávidas procurando relembrar suas curvas, o seu calor a acordando de um sono profundo, inundando-a de um carinho que jamais esquecera. Foi tomada de um sentimento tão absoluto que soltou suas amarras e navegou no seu corpo, receptiva, experimentando novamente o mesmo amor que tinham vivido antes, se encharcando de doçura, com um prazer extasiante.”
Um prazer que ficou com ela. Seus dias eram felizes. Ela vivia um relacionamento estável com alguém de Terra e com uma Lua em Aquário que sendo generosa, toda meiguice e espontaneidade, guardava entretanto seu coração, que ainda inseguro do amor que lhe devotava, mesmo após tantos anos juntas, não se permitia uma entrega total.
Seu primeiro e grande amor, no fundo ela sabia que era a outra e que, soterrada no fundo de sua alma, havia ainda a esperança de tê-la novamente. Não era possível aceitar que um amor daquele, tivesse terminado sem explicação, que ela amasse outra pessoa e tivesse reconstruído a sua vida.
Não, ela sentia que ainda era seu e só seu o coração dela. E num cotidiano esquizofrênico, ela se dividia entre o amor que sentia e vivia na realidade daquele momento com a mulher amiga, carinhosa, descomplicada que estava com ela e o amor primeiro, vivido somente no íntimo, em segredo, pela mulher de longos cabelos, profunda, enigmática, com quem conversava em pensamentos e enviava sentimentos ardentes olhando o céu, mirando as estrelas e a lua cheia, ouvindo as suas músicas que, diariamente, insistiam em chegar aos seus ouvidos para que jamais a esquecesse.
Aceitava esta realidade que para ela era absolutamente normal, porque de fato, amava as duas pessoas, cada uma delas de uma forma, num universo diferente, as duas habitando o seu ser, inspirando-a e fazendo feliz.
Levantou-se então da cama, ainda imersa naquele universo paralelo, vibrante e apaziguada, trazendo aquela vivência só dela.
No banho, enquanto a água quente escorria pelas suas costas, relembrava cada instante, ainda incrédula, porque lhe parecia ter sido tudo tão real, como se a outra tivesse estado ali mesmo e houvessem se amado profundamente. Ela ainda podia sentir as impressões dos seus carinhos em sua pele, seu perfume no seu corpo, inconfundível, misto de presença e abandono, despedida e recordação.
Enfim, enquanto ensaboava as pernas, seus dedos trouxeram até seus olhos atônitos, neles enrolado, um fio de cabelo longo, um cabelo da outra, sem dúvida alguma, fininho e castanho-claro, testemunhando de forma inequívoca, a sua visita.
E, da mesma maneira como narrado no mito de Coleridge, ela se fazia a mesma pergunta.

“E se você dormisse, tivesse um sonho durante o sono, e nesse sonho você fosse ao céu, colhendo lá uma flor bonita e exótica e, depois, ao acordar, visse que a flor estava em sua mão? O que faria?”

O que faria agora?

E você, leitor, como agiria numa situação desta?
.
.
Este post faz parte da blogagem coletiva de julho do blog Duelos Literários:
Histórias Fantásticas.

Nascido de Novo (Saulo Rosa)

Tudo corria bem na minha vida quando passei a apresentar problemas de digestão. Eu sempre fui de comer muito bem e nenhuma comida me parecia pesada. Na época em que essa história começou, eu estava com cinquenta e três anos, trabalhava com vendas, numa empresa grande onde já exercia a função de gerente há mais de dez anos, com bastante sucesso, o que era importante pra mim. A minha vida pessoal estava estabilizada e eu era feliz.
Sem qualquer causa aparente, passei a ter problemas com todo tipo de comida mais gordurosa. A princípio não liguei e fui usando chás que me recomendavam. Mas como não surtiram muito efeito e os sintomas se agravaram, com vômitos e dores abdominais, resolvi ir ao médico.
A minha família notou que eu estava emagrecendo e eu de fato estava e sentia também um certo desânimo. Assim, sem ter outra alternativa, aceitei me submeter ao escrutínio dos médicos que, nessa altura, já eram vários. Depois de quase dois meses de investigação e estando bem pior de tudo, veio a confirmação após uma cirurgia com biópsia: eu estava com câncer no pâncreas.
Depois de toda a desolação que este diagnóstico provoca, insisti com os médicos que eu queria saber de tudo com todos os detalhes e desejava participar das escolhas de tratamento e saber direitinho quais eram as chances e quanto tempo teria de vida.
Foi pior ainda porque nesse tipo de tumor as notícias não eram muito alentadoras. Segundo me afirmaram os médicos, eu deveria ter só mais um ano de vida, mesmo com a quimioterapia. A imagem do tumor na tomografia era feia e na cirurgia não puderam ressecar a lesão e fizeram a biópsia só pra confirmar que era maligna e poderem fazer a quimioterapia.
Pois bem, concluí que se eu seguisse esse tratamento, teria pouco tempo de vida e uma droga de vida dentro de hospital e tomando veneno. Mas todas as pessoas da família e amigos queriam me apoiar e ajudar a seguir o tratamento que para eles era a única forma sensata de lidar com algo assim tão grave.
Apesar de fisicamente eu estar um quase lixo, de ter parado a minha vida completamente, deixado de trabalhar e fazer qualquer coisa que fosse prazerosa, no fundo de mim mesmo eu sabia que havia uma saída. Só que não era aquela.
Quando consegui deixar o hospital, sem ter feito ainda qualquer tratamento efetivo, resolvi me acalmar e esperar até que viesse ao meu encontro alguma solução. Eu não rezava pra me salvar nem pensava em pesquisar nada de novo em relação a um possível tratamento para o meu caso.
Passados exatos três dias depois de minha volta para casa, acordei com uma palavra martelando na minha cabeça. Não sabia o que significava, mas ela permaneceu por várias horas me indicando que deveria pesquisar o que estava querendo me dizer. Depois de uma busca exaustiva na Internet cheguei a um Xamã que trabalhava no norte do Brasil. Fazia curas espantosas e não cobrava pelo trabalho. Nunca tinha tido conhecimento dessas coisas nem desse índio e seu nome me chegou como inspiração. Sabia então que caminho deveria seguir e confiei.
Viajei até lá sozinho, enfrentando todas as recriminações da família e dos amigos que quase me impediram de partir pela preocupação com meu estado. No entanto, eu sentia que precisava estar sozinho nesse momento, que essa seria a minha força e que eu contaria com todo o apoio que precisasse de uma outra esfera que não aquela material com a qual eu estava tão familiarizado.
O contato com o Xamã foi de apenas algumas horas. Eu não precisei dizer nada. Esperei por alguns minutos sentado no chão dentro de uma tenda, rodeado por grandes pedras que me transmitiam um enorme calor. Suei muito e quando ele entrou, não pude enxergá-lo com nitidez porque estava escuro dentro da tenda. Pediu que me deitasse com uma voz firme e ao mesmo tempo tranqüilizante, falando muito pouco num português comum. Suas mãos tocaram minha barriga com firmeza e cuidado e percebi que mexia profundamente no meu corpo, mas eu não sentia dor. Estava acordado e senti que ele retirou da minha barriga algo que tinha volume depois de fazer com os dedos movimentos precisos. Retirou-se e fiquei sozinho, com uma sensação estranha e ao mesmo tempo muito calmo e começando a ter sonolência. Não sei o que se passou depois que ele saiu. Dormi e quando acordei as pedras estavam lá e não havia mais o calor abrasador. Tudo estava silencioso do lado de fora. Eu me sentia bem. Resolvi levantar e sair. Encontrei o Xamã perto dali, sentado, tendo à sua volta crianças pequenas que o escutavam enquanto falava. Veio ao meu encontro. Disse-me que eu estava curado, que deveria voltar para casa só depois de ficar por um dia em repouso e silêncio, sem comer nada, podendo beber líquidos mornos em pequena quantidade. Falou que o que causou a minha doença tinha sido retirado e que eu ficaria muito bem. Fui tomado de grande emoção enquanto ele me parecia sereno e seus olhos me acalmavam. Nada mais perguntei. Fui embora dali como hipnotizado e nunca me esqueci da sua imagem e de tudo que vivi naquele dia.
Voltei para casa na noite do dia seguinte. Sentia-me muito bem. A minha família ficou aliviada ao me ver de volta. Não me estendi no relato da viagem e do tratamento que fiz. Precisava descansar. Ninguém parecia compreender o meu estado. Eu me sentia em paz e muito voltado para mim mesmo, como nunca tinha estado antes. Os dias se passaram e eu fui ficando cada vez melhor. Voltei a me alimentar aos poucos e já não tinha qualquer incômodo. As pessoas não entendiam como aquilo estava acontecendo. O tempo passou, fui aos poucos me recuperando, ganhando peso. Voltei a trabalhar. Voltei a ter a vida normal que sempre tive, sem que todos que acompanharam de perto o meu caso pudessem acreditar que eu estava curado. Não liguei, eu sabia que estava.
Depois de um ano de muita insistência das pessoas que me amavam, voltei aos médicos que não conseguiram explicar a minha evolução. Falaram em cura espontânea, mas insistiram em me investigar. Eu estava muito bem e permiti que fossem feitos novos exames. Para o espanto dos médicos não havia qualquer vestígio da doença e isto nunca acontecia em casos como o meu, com o diagnóstico comprovado de câncer do pâncreas e no grau de comprometimento que tinha já alcançado.
Eu estava curado realmente. E continuo em perfeita saúde até hoje quando já se passaram sete anos.
Compreendi depois de todo esse tempo que eu tive a minha chance, que pude percebê-la e aproveitá-la. Para isso percebi os sinais, me entreguei e segui o caminho que a vida me apontava. E mais que tudo isso, fui capaz de a partir desse acontecimento, mudar a perspectiva de enxergar a vida, o que representou de fato a verdadeira cura.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Calma

Andar a esmo é colher pérolas
Onde os apressados só encontram cascalhos.
Acalma teu coração e participa da mágica da vida.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Trabalho

Trabalhar é o proveito dessa vida.
Jamais roubar do filho o direito de ir à luta é a dura lição daquele que não tem vocação para ensinar e só sabe superproteger.

O Livro Orange

O Livro Orange - Osho

Osho explica o que é meditação. Ensina como na verdade não há nada a fazer, apenas esperar que ela aconteça. Descreve várias técnicas para atingi-la, mas reafirma que as técnicas são apenas um caminho para que ela ocorra espontaneamente. E lembra que o caminho é longo. Antes é preciso que nos tornemos observadores da vida e da morte. É um processo de soltar-se no corpo e na mente, indo para além dela. Da mesma forma, comenta como o encontro de amor também é uma meditação em que os amantes se encontram, dão-se as mãos, se tocam, se olham e aguardam. O êxtase poderá surgir ou não. A meditação é apenas um despertar para a vida, algo que conhecemos bem na infância. Não é absolutamente uma fuga da vida. É ir para dentro dela, de si mesmo e descansar, voltar para a casa.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Fuga

Fugir de você não posso
Desde que tua imagem ficou incrustada
No tapete das minhas retinas,
Quando pra longe te vi partir.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Dúvida

O que será que o pai vai ensinar ao seu filho no futuro? Trabalhar duro pra jamais roubar ou quando trabalhar roubar sempre pra se dar bem na vida?

Partir ou Ficar?

Porque não partir se já é chegada a hora
De voltar àquilo que deixei a me esperar
Se já faz tanto tempo que relembro minha glória
De quando não havia um corpo a me limitar...

As cores eram então indescritíveis
Nem tento dar testemunho nesse lugar
Àqueles que nem sonham por um minuto
Com tal beleza que não há como explicar.

E a vibração que se experimenta por lá então?
Nem dá pra imaginar estando aqui.
É algo que preenche o nosso coração,
Explosão de puro amor! Não dá pra definir.

Tem horas que bate uma saudade...
Que é outra coisa aprendida por aqui,
Já que por lá tudo é eternidade
Não existe espaço e tempo a restringir.

Porém compreendo que uma coisa é certa:
Como a Terra não há melhor lugar
Pra aprender a exercitar a livre escolha
Ser co-criador da realidade a vivenciar.

É por isso que eu tenho paciência e espero
Até quando meu grande dia for chegar...
Até lá, humildemente, agradecida reconsidero
E enalteço esse mundo que tantas oportunidades me dá.

domingo, 26 de julho de 2009

Reflexão

Os dentes são duros porque, como a língua é mole, não resiste e gera infindáveis palavras que apenas saem se eles a elas cedem a liberdade.

A Terapia da Reencarnação

A Terapia da Reencarnação - Harald Wiesendanger

Este livro fala sobre as possibilidades da terapia de regressão às vidas passadas, do ponto de vista de um seu defensor com formação em filosofia, psicologia e sociologia. O autor apresenta um estudo sério com vasta bibliografia sobre o assunto. Faz o papel de “advogado do diabo”, muitas vezes ridicularizando o trabalho de vários terapeutas, no que algumas vezes demonstra ter toda a razão e, no final, mostra-se favorável à terapia depois de expor suas reservas. Entretanto, para o profissional com formação especializada (psicologia, medicina) e que tem estudos e vivências relacionados à espiritualidade, sem ater-se a determinadas doutrinas religiosas, ficam claros vários pontos contraditórios que deixa passar em relação às suas concepções durante a narrativa. E algumas vezes demonstra que o seu conhecimento sobre alguns pontos é totalmente teórico, dando a impressão de alguém que ouviu falar de determinada coisa e passa a se achar em condições de criticá-la, incorrendo em falhas graves, embora, de forma geral, mostre um conhecimento muito mais amplo do que a maioria dos autores que escrevem sobre este assunto. Assim, algumas vezes analisa trabalhos de diferentes terapeutas sem considerar que a ampliação da consciência é condição prévia para discutir temas relacionados a essa área de estudo e trata numa visão da realidade vinculada ao tempo e espaço, questões que transcendem, que não estão limitadas ao tempo linear nem à matéria do ponto de vista da física newtoniana. E, afinal, sua análise põe em evidência o risco que representam os “lunáticos” que se arvoram a fazer terapias de regressão depois de uma formação mínima e ultrarrápida, algumas vezes piorando o estado de seus pretensos pacientes; os “salvadores” que insistem em lidar com as entidades perdidas ainda nesse plano e mandá-las para a luz e os que aceitam fazer regressões em que a motivação é a simples curiosidade ou em “crentes”, “viajantes” que desejam a todo custo se libertar do fardo das responsabilidades dessa vida e querem fazer regressão para tentar encontrar um objetivo num plano maior. Também alerta para o perigo daqueles terapeutas que focam o seu trabalho no espiritual, perdendo muitas vezes a lucidez e arrastando pessoas em momentos de fragilidade na vida para compartilharem e trilharem caminhos que fazem parte das suas (terapeuta) crenças. A insistência em aconselhar que os regredidos procurem provas da veracidade das experiências pelas quais passaram me parece sem justificativa. Afinal, do ponto de vista terapêutico e comprovado pelos mais recentes estudos científicos, não importa se o conteúdo das regressões é 100% verídico, se é uma elaboração da mente, se é uma mistura das duas coisas, se tem fragmentos de criptomnésia etc. Tudo isso é verdadeiro e pode se complementar num mesmo caso, inclusive com as distorções que a mente faz quando se tratam de recordações , sejam elas de um passado recente ou remoto. O que importa, para fins terapêuticos, é que esse material se constitui numa base para ser feita a terapia, usando-se diferentes linhas de trabalho. E que essa terapia que é transpessoal, tem as mesmas características, com seus acertos e riscos de outras terapias menos abrangentes, podendo entretanto ser mais profunda, rápida, barata e duradoura. O último capítulo é o mais esclarecedor, mas também há ressalvas em relação a algumas afirmações apresentadas quanto ao estudo da eficácia do tratamento por regressão às vidas passadas, em bases científicas.

sábado, 25 de julho de 2009

Reflexão

Os dentes cedem apesar de duros, porque nada resiste à passagem do tempo. E a língua, mesmo se ferina, também acaba ficando mole.

Só Restarão as Sacolas Plásticas Pelo Ar

Dia ensolarado e sopra suave brisa...
Ando pela planície com árvores esparsas.
Piso a relva macia e verdinha que brilha
Com plumagens de pássaros nela salpicadas.

Aqui e ali encontro penas coloridas
De aves maiores que por ali passaram.
E me surpreendo de como a natureza é bonita
Com equilíbrio reinando em toda parte.

Paro por um instante e tento imaginar
Como será o nosso mundo no futuro.
Será que alguém ainda poderá controlar
O tremendo estrago causado por seres tão burros?
Gente insana que só pensa em mais lucrar,
Nem se importa de afetar o equilíbrio vigente
E da Terra só sabe mesmo é retirar.
Têm maus hábitos e gera costumes tão doentes...

Nosso planeta não tem como resistir
Aos crescentes massacres à natureza.
Por mais que ela resista em sucumbir,
Muito poucos suportarão tanta dureza.
Alterações climáticas irreversíveis, poluição...
Extinção de animais, destruição e aridez...
Depressão, melancolia, tempo cada vez mais exíguo,
Facies triste...O que será do homem dessa vez?

Então uma imagem me vem à mente...
Ao invés das plumas brancas bailando no ar
O que eu vejo pasma e não consigo acreditar
São sacolas que esvoaçam feias, destruídas como a gente.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Fato Consumado - Djavan

Eu quero ver você mandar na razão
Pra mim não é qualquer notícia que abala o coração...

Se toda hora é hora de dar decisão, eu falo agora
No fundo eu julgo o mundo um fato consumado e vou-me embora
Não quero mais de mais a mais me aprofundar nessa história
Arreio os meus anseios, perco o veio e vivo de memória...

Eu quero é viver em paz, por favor, me beija a boca
Que louca, que louca!...


Reflexão

A língua não resiste ao vício da fala porque é mole. Já os dentes que são duros, nunca cedem.

Engano

Até quando esta cidade terá que conviver com atos criminosos por parte da polícia aos indivíduos, indiscriminadamente?
Na última semana, um menino de 11 anos que soltava pipa num terreno baldio foi alvejado por policiais (por engano) e morreu; e um aposentado teve seu carro atingido e foi baleado no braço ao ser abordado por policiais que, ainda por cima, apesar do erro, assustaram a esposa que estava no banco do carona com palavras violentas e inoportunas, prevalecendo-se da autoridade conferida pela farda, numa demonstração inequívoca de abuso de poder, típica de covardes e inábeis.
Foram mais duas vítimas da incompetência da nossa polícia, uma delas fatal. E o que assusta ainda mais é vermos, nos noticiários, o responsável pelo batalhão onde serviam os policiais tentando, descaradamente, mentir, omitir e desculpar a atitude intempestiva que demonstrava total despreparo por parte de seus comandados, talvez com o intuito de se eximir da responsabilidade.
Concordo plenamente com a cientista social que opinou na reportagem dizendo que o corpo da polícia precisava ser instruído a preservar a vida, fosse de quem fosse. Acho que essa é a questão principal: não se pode lidar com a violência em níveis crescentes com mais violência. A polícia não é paga pelos cidadãos para matar. Polícia deve manter a ordem, respeitar os cidadãos e respeitar e preservar a vida, a todo custo. Um ser humano não pode ser olhado como um alvo a ser atingido, com a desculpa esfarrapada - depois de ter sido praticado o ato bárbaro - de legítima defesa. Toda a população desta cidade está assistindo a esta inversão absurda: quando a polícia aparece temos mais medo do que quando temos que enfrentar sozinhos os bandidos.
Que absurdo é esse de atirar primeiro, geralmente para matar, e perguntar depois? Que abordagem equivocada é esta? Os policiais estão em condições psicológicas de irem para as ruas ou devem ser recolhidos em unidades de correção de conduta e reciclagem de aprendizado? Como a população pode esperar proteção de profissionais desvairados que saem atirando para todos os lados como se suas armas tivessem munição de festim?
Nas ruas circulam pessoas comuns, crianças, grávidas, idosos, bebês, deficientes, pessoas que não podem sempre correr e se esconder quando há tiroteios.
E como dirigir, hoje, com o estresse adicional de precisar se proteger da polícia que pode estar dando algum sinal sutilíssimo para você parar o carro? O que é isso?
Enganos subintrantes me parecem incompetência sacramentada ou insanidade por parte do poder público.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Maniqueísmo

A visão maniqueísta da vida traz como consequências: frustração e infelicidade diante da realidade. Porque essa simplicidade de prêmios ou castigos para os atos humanos existe somente na cabeça de ingênuos sonhadores.

Loucura

Na loucura abrem-se as portas
Pra todo demônio entrar
Depois nos refugiamos num mundo particular

Lugar em que habitam sonhos
(A realidade tecida com fios desencapados)
Um curto-circuito na certa ocorrerá

Se as drogas representam um isolante
Pior é tentar só com terapia desatar os nós
A fenda é muito profunda, nem adianta tentar.

Melhor um louco medicado e ciente
Que sabe até onde escapa a sua mente
Que a total liberdade, pura insanidade sem participar.

Estou Lendo...

Reencarnação: reivindicando o seu passado, criando o seu futuro, de Lynn Elwell Sparrow.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Tempo

Solta no vento do fluir do tempo
Fui jogada pra bem longe do que eu era
Tão rápido que quando percebo
Já conto mais de cinqüenta primaveras.

Parece-me agora que foi ontem
O dia em que saí sozinha pela primeira vez
Misto de espanto, assombro, deslumbramento
O que senti no peito ao passar por vocês.

Vocês que descubro hoje ainda
(Partes perdidas do meu eu a desvendar)
Sempre que cismando ando a esmo
Permitindo-me refletir em cada olhar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Amizade

Existe uma infindável coleção de textos sobre amizade. Muito tem sido escrito sobre esse tema. Fala-se bastante das diferenças dela e do amor, enaltecendo-se as suas vantagens em relação a ele. Talvez não haja nada mesmo a acrescentar.
Agora há o Dia do Amigo e, embora quem possua um possa contar com ele todos os dias, é uma lembrança que nos traz a vontade de tecer algumas considerações a este respeito.
Eu penso que amizade seja uma espécie de amor em que pessoas são atraídas umas pelas outras, se aproximam e a partir daí experimentam um sentimento bom que as faz querer permanecer perto e se, por alguma razão, precisam se afastar, sentem um vazio, incômodo ou pesar. Acontece de forma espontânea, sem querer e, de súbito, descobre-se que os laços já são fortes, às vezes indestrutíveis.
Amizades se consolidam em tempos diferentes, cada uma a seu jeito.

Há amigos que se descobrem depois de um olhar e se mantêm próximos por toda a vida.
Há os que iniciam a amizade por conta de coleguismo em escola, clube ou trabalho e, aos poucos, o sentimento se aprofunda e transforma-se.
Existem aqueles que se aproximam com a intenção de romance e percebem que a emoção que os une é pura amizade.
E há os que se tornam amantes, até se casam, vivem juntos por muito tempo e um belo dia vão cada qual para o seu lado, levando de lembrança uma amizade que perdurará apesar do rompimento do casamento.
Descobrem-se amigos, com freqüência, caso se passe por dificuldades, tendo-se então a grata surpresa de ser socorrido por alguém sem esperar.
Há amizades que compartilham no social, nascendo e se mantendo nos momentos de lazer e, por vezes, se restringindo a eles e nem por isso deixando de ser um sentimento profundo.
Algumas amizades emocionam demais porque, ao conhecermos determinada pessoa, temos uma espécie de déjà vu e sentimos como se ela sempre tivesse feito parte de nossa vida, é um reconhecimento. E nesta categoria há amigos que são esperados por alguém que desde há muito tempo intuiu que eles viriam para a sua vida, tendo conhecimento prévio, inclusive, do tipo físico, caráter e mesmo de circunstâncias futuras.

Acho que existem diferentes categorias de amigos, tantas quantas há de individualidades neste mundo.

Amigos não precisam ser sempre agradáveis, espera-se mesmo deles que não se privem de nos contrariar quando for preciso. Mas todo amigo espera do outro a sinceridade e a espontaneidade. Porque na amizade não deve haver cobranças. É um sentimento que deve fluir naturalmente. Mas é preciso esperar por um amigo para que a vida tenha mais graça; ser receptivo ao seu amor nos traz muitas dádivas.
Amigos, se são amigos, não carecem de palavras. Agem em prol do outro porque o percebem e compartilham suas necessidades. Também não fazem questão de agradecimento, pois fazer por um amigo já gratifica demais.
Amigos acolhem, orientam, compartilham, acodem, estimulam, esclarecem, corrigem e até penalizam se realmente podem ser chamados de amigos. Porque este encontro de almas é tão profundo que permite que façamos ao outro o que desejamos que ele faça por nós.
E amigos se compreendem a ponto de serem dispensáveis, totalmente, as manifestações de ciúme, já que não há insegurança, pois não há cobranças ou expectativas.
A amizade é como um lago tranquilo onde podemos olhar e vermos refletida a nossa própria imagem. Ventos de mudanças poderão distorcê-la, mas, quando cessam, outra vez podemos nos enxergar claramente.
Para mim, a palavra que expressa melhor a amizade é sintonia. Se há sintonia entre dois seres, haverá ressonância e pode-se fazer música. A amizade é uma música que faz dançar nossa alma.


Feliz Dia do Amigo para todos.
Que possamos sempre valorizar, compreender e respeitar o sentimento de amizade.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Uma Amizade Sincera - Clarice Lispector

Não é que fôssemos amigos de longa data. Conhecemo-nos apenas no último ano da escola. Desde esse momento estávamos juntos a qualquer hora. Há tanto tempo precisávamos de um amigo que nada havia que não confiássemos um ao outro. Chegamos a um ponto de amizade que não podíamos mais guardar um pensamento: um telefonava logo ao outro, marcando encontro imediato. Depois da conversa, sentíamo-nos tão contentes como se nos tivéssemos presenteado a nós mesmos. Esse estado de comunicação contínua chegou a tal exaltação que, no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição um assunto. Só que o assunto havia de ser grave, pois em qualquer um não caberia a veemência de uma sinceridade pela primeira vez experimentada.
Já nesse tempo apareceram os primeiros sinais de perturbação entre nós. Às vezes um telefonava, encontrávamo-nos, e nada tínhamos a nos dizer. Éramos muito jovens e não sabíamos ficar calados. De início, quando começou a faltar assunto, tentamos comentar as pessoas. Mas bem sabíamos que já estávamos adulterando o núcleo da amizade. Tentar falar sobre nossas mútuas namoradas também estava fora de cogitação, pois um homem não falava de seus amores. Experimentávamos ficar calados — mas tornávamo-nos inquietos logo depois de nos separarmos.
Minha solidão, na volta de tais encontros, era grande e árida. Cheguei a ler livros apenas para poder falar deles. Mas uma amizade sincera queria a sinceridade mais pura. À procura desta, eu começava a me sentir vazio. Nossos encontros eram cada vez mais decepcionantes. Minha sincera pobreza revelava-se aos poucos. Também ele, eu sabia, chegara ao impasse de si mesmo.
Foi quando, tendo minha família se mudado para São Paulo, e ele morando sozinho, pois sua família era do Piauí, foi quando o convidei a morar em nosso apartamento, que ficara sob a minha guarda. Que rebuliço de alma. Radiantes, arrumávamos nossos livros e discos, preparávamos um ambiente perfeito para a amizade. Depois de tudo pronto — eis-nos dentro de casa, de braços abanando, mudos, cheios apenas de amizade.
Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é matéria de salvação.
Mas todos os problemas já tinham sido tocados, todas as possibilidades estudadas. Tínhamos apenas essa coisa que havíamos procurado sedentos até então e enfim encontrado: uma amizade sincera. Único modo, sabíamos, e com que amargor sabíamos, de sair da solidão que um espírito tem no corpo.
Mas como se nos revelava sintética a amizade. Como se quiséssemos espalhar em longo discurso um truísmo que uma palavra esgotaria. Nossa amizade era tão insolúvel como a soma de dois números: inútil querer desenvolver para mais de um momento a certeza de que dois e três são cinco.
Tentamos organizar algumas farras no apartamento, mas não só os vizinhos reclamaram como não adiantou.
Se ao menos pudéssemos prestar favores um ao outro. Mas nem havia oportunidade, nem acreditávamos em provas de uma amizade que delas não precisava. O mais que podíamos fazer era o que fazíamos: saber que éramos amigos. O que não bastava para encher os dias, sobretudo as longas férias.
Data dessas férias o começo da verdadeira aflição.
Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sinceridade, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza. Além do mais, a solidão de um ao lado do outro, ouvindo música ou lendo, era muito maior do que quando estávamos sozinhos. E, mais que maior, incômoda. Não havia paz. Indo depois cada um para seu quarto, com alívio nem nos olhávamos.
É verdade que houve uma pausa no curso das coisas, uma trégua que nos deu mais esperanças do que em realidade caberia. Foi quando meu amigo teve uma pequena questão com a Prefeitura. Não é que fosse grave, mas nós a tornamos para melhor usá-la. Porque então já tínhamos caído na facilidade de prestar favores. Andei entusiasmado pelos escritórios de conhecidos de minha família, arranjando pistolões para meu amigo. E quando começou a fase de selar papéis, corri por toda a cidade — posso dizer em consciência que não houve firma que se reconhecesse sem ser através de minha mão.
Nessa época encontrávamo-nos de noite em casa, exaustos e animados: contávamos as façanhas do dia, planejávamos os ataques seguintes. Não aprofundávamos muito o que estava sucedendo, bastava que tudo isso tivesse o cunho da amizade. Pensei compreender porque os noivos se presenteiam, porque o marido faz questão de dar conforto à esposa, e esta prepara-lhe afanada o alimento, porque a mãe exagera nos cuidados ao filho. Foi, aliás, nesse período que, com algum sacrifício, dei um pequeno broche de ouro àquela que é hoje minha mulher. Só muito depois eu ia compreender que estar também é dar.
Encerrada a questão com a Prefeitura — seja dito de passagem, com vitória nossa — continuamos um ao lado do outro, sem encontrar aquela palavra que cederia a alma. Cederia a alma? mas afinal de contas quem queria ceder a alma? Ora essa.
Afinal o que queríamos? Nada. Estávamos fatigados, desiludidos.
A pretexto de férias com minha família, separamo-nos. Aliás ele também ia ao Piauí. Um aperto de mão comovido foi o nosso adeus no aeroporto. Sabíamos que não nos veríamos mais, senão por acaso. Mais que isso: que não queríamos nos rever. E sabíamos também que éramos amigos. Amigos sinceros.

In “Felicidade Clandestina”.

domingo, 19 de julho de 2009

Tali, Meu Orvalho

Gotas de emoção caem do céu...
Chega a luz inundando de amor
Vidas que silenciosamente aguardavam,
Guardando no fundo de si a esperança.

Tali é seu nome escolhido
Por quem o trouxe a este mundo.
E aprova aquela que bem sabe
Que ele é o milagre da vida.

Orvalho que enfeita de luz
Gotinhas de vida nas flores,
Umidade dando cor e brilho
À vida de seus grandes amores.

Orvalho é o sentimento do mundo
Recolhido pelas plantas que recebem,
Se umedecem, ganham vida
E brilham de amor quando amanhece.

sábado, 18 de julho de 2009

Depressão

Depressão é estirar-se no sofá, virar para o canto e dormir para esquecer o problema que temos que resolver, quando o que deveríamos fazer seria usar as experiências do passado como um trampolim para ultrapassar as dificuldades, montando a estratégia de ação.

Cidade Maravilhosa

A umidade relativa do ar está alta. Isto se reflete no humor das pessoas, há uma leve turvação da consciência. Geralmente, nestas ocasiões, o trânsito fica caótico. Quem observa, reconhece uma certa loucura pairando no ar e os motoristas têm uma direção mais perigosa. Durante a madrugada, a chuva caiu pesada. O dia amanhece trazendo os problemas comuns da cidade: falta de energia elétrica, ruas alagadas, escuridão completa aumentando o perigo de assaltos para quem sai pra trabalhar muito cedo. Nos pontos de ônibus, as pessoas esperam agoniadas sabendo que vão se atrasar para o trabalho e serem descontadas nos seus já magros salários. Os ônibus passam lotados e raramente param nos pontos, pois a pressa é maior, já que sabem que vão ter que enfrentar mais problemas no trânsito causados pela chuva. O estresse neste início de dia é maior para todos.

E acontece o já esperado. Em Benfica, logo cedo, há um grave acidente envolvendo três coletivos. Um deles atravessou o sinal vermelho. A confusão é geral. Há mais de trinta feridos, alguns com gravidade.
Quando passo pelo local posso ver o estrago nos ônibus com as partes dianteiras muito danificadas e intuo que, como provavelmente vinham muito cheios, isto justifica o grande número de pessoas feridas. Quatro ambulâncias estão paradas e, no gramado de uma praça, alguns feridos estão deitados, tendo o atendimento de primeiros socorros. O trânsito fica ainda mais caótico. Os carros estão retornando e isso embola ainda mais o que já é normalmente congestionado.
Penso que aquelas pessoas saíram de suas casas para o trabalho e hoje a sorte não esteve do lado delas, não as salvou da direção perigosa dos motoristas, das más condições de manutenção dos veículos e das pistas, da pressão das empresas aumentando o estresse dos seus condutores. Os anjos da guarda não deram conta. Pudera! Nem eles estão aguentando o aumento de trabalho e exigências.
Chego ao trabalho e começa o barulho de dois helicópteros sobrevoando o morro da Mangueira onde a polícia está fazendo mais uma das suas ações perigosas para os moradores, na busca de bandidos que, há poucos dias, mataram um policial que tentou impedir um assalto. Também há helicópteros de reportagem que tentam documentar e transmitir em primeira mão o acidente, mais um fato triste que faz parte da rotina desta cidade que funciona, na maioria dos setores, no limite da irresponsabilidade.
O que será dessas pessoas? Alguém as ajudará ou as compensará por terem sido sacrificadas nas suas vidas, para que os verdadeiros responsáveis por tudo isso ganhassem um pouco mais à custa do desespero dos seus funcionários? Pensando bem, talvez a sorte não as tenha abandonado de todo. Nesse turbilhão de tantas dificuldades cotidianas, muitos estão estagnados, entristecidos, deprimidos e um acidente assim é, ao menos, um acontecimento, tira as pessoas da situação de “morte” em que estão. De repente, tudo pode mudar, mesmo que seja para pior.
Logo, as notícias estão em todos os telejornais e nas rádios. Todos já estão habituados a esse burburinho e comentar sobre a desgraça alheia acaba dando um “colorido” aos dias iguais.

Mas há ainda outro sinal da “loucura” urbana bem perto dali. No viaduto Ana Néri, os bombeiros trabalham tentando convencer um suicida a desistir da solução que buscava naquele momento, para sua vida de desventuras. Mas consta que está difícil.

Assim está esta cidade. Dizem que acontece em todo lugar. Vejam como, ultimamente, andam caindo aviões por toda parte, sem explicações convincentes e aceitáveis. É tudo muito estranho! Entretanto, como em muitos fatos tristes e lamentáveis que vêm acontecendo aqui no Rio de Janeiro, os fatores incompetência, irresponsabilidade, negligência e impunidade ficam gritantes, como no ocorrido com o avião em que foi detectado um FURO de 30cm na fuselagem quando já tinha decolado e teve que fazer um pouso de emergência, felizmente bem sucedido.
Aqui, quando saímos de casa, estamos expostos a tantas coisas absurdas, que voltar para casa ileso no fim do dia passou a ser motivo de comemoração e de dar graças aos céus.
Assim, esbarrar em moradores de rua dormindo enrolados em plásticos escuros e quase cair, sofrer assalto desses mesmos esquecidos pela sociedade, cruzar com viciados em crack e ser vítima de suas atitudes imprevisíveis, sofrer um atropelamento na calçada, estar envolvido num acidente de trânsito no transporte que utilizar, ser agredido na estação por seguranças da ferrovia às vistas de policial pago pelo Estado para sua defesa ao tentar entrar num trem, ficar pendurado na porta de um ônibus ao subir ou cair no asfalto ao descer quando o motorista dá partida no veículo ou ser arrastado e morrer sob a roda do ônibus sem ser visto pelo motorista, ser atingido por bala perdida (ou não) em algum assalto da hora ou dentro de comunidade invadida pela polícia à procura de algum bandido, ter um traumatismo craniano ao ser atingido por algo que despenca de algum prédio como um vasinho de flores, uma ferramenta usada por algum trabalhador numa construção onde não se usa tela protetora, algum suicida que resolveu abreviar esse desespero em que se transformou viver ou mesmo pedaços de alguma marquise em mau estado de conservação são alguns dos exemplos de ocorrências frequentes. Há outras possibilidades como ser atingido em fogo cruzado nas ruas entre bandidos e policiais ou perto de comunidades, entre facções criminosas, ter um filho arrastado por bandidos que roubaram seu carro ou ter seu carro metralhado por policiais ao ser confundido com o de bandidos (depois de perceberem o engano poderão desaparecer com o seu corpo).
E se conseguir escapar de tudo isso no fim do dia, ainda terá que conviver com as contas a pagar, o mau humor e estresse dos que ficam em casa, as condições de sobrevivência piores a cada dia e os serviços mais deficientes onde mora e, caso seja idoso ou criança, ainda por cima sofrer os possíveis maus tratos evidentes ou velados da família ou cuidadores.

Refletindo sobre todas essas coisas eu me pergunto: o suicida não seria o mais coerente?
E duvido ainda mais uma vez que eu esteja vivendo na CIDADE MARAVILHOSA!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Estagnação Opressora

As paredes que me cercam começam a ter movimento. Devagar se aproximam e do centro onde estou me parecem cada vez mais ameaçadoras, me oprimindo o peito e impedindo a luz cada vez mais. Não há como fugir. Não existe um meio de fazer frente a elas. Não há como ultrapassá-las. Do centro deste lugar inóspito em que se tornou minha vida, apenas conto os dias enquanto espero o momento final, o encontro com a paz depois de sucumbir ao peso do imutável.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Hoje

O momento atual é como cair em areia movediça. Quanto mais tento sair, mais afundo e sou coberta pela lama. São tempos cinza, sem perfume, nem mesmo ar. Não há melodia nas horas que escorrem num compasso que se mantem o mesmo, nada se cria, apenas é possível repetir, repetir, repetir. Meus olhos miram, mas não veem. A paisagem interna é de seca. Não há emoção. E sem ela, só resta ceder e afundar para sempre.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Tertúlia Virtual - O Homem no Lixo é Lixo

Numa manhã fria de um inverno mais rigoroso na Cidade Maravilhosa minha visão é atraída por uma cena patética enquanto passo de ônibus por uma área residencial pobre que retrata perfeitamente este momento no Rio de Janeiro, no mundo e dentro de cada um de nós.
O negro do homem contrasta com as sacolas plásticas brancas “indestrutíveis”: é um morador de rua que se deitou sobre um monte de lixo deixado ao lado de uma caçamba da Comlurb. Aquilo me choca e, aos poucos, a outros passageiros - que ousam enxergar fora, além da sua realidade incômoda: um coletivo lotado, em que pessoas semi-acordadas se espremem para ocupar um espaço que não existe para todos.
Não há espaço para todos e este homem sabe disso.
Sua consciência o conduziu para onde de fato estava: no lixo. Ele é o lixo da sociedade que reduz o homem.
Quantos de nós, em momentos subsequentes, em dias que se repetem, em semanas intermináveis, em meses e anos que não nos levam além da certeza de que, a cada dia, a luta para sobreviver será maior e a possibilidade de exclusão aumentará, já tiveram estes insights... Quantas vezes já nos sentimos no lixo? Nós somos o lixo a cada vez que permitimos que o homem seja visto assim, feito assim, degradado.
Ah! Como incomoda ver pelas ruas, em número cada vez maior, meninos que saem de casa expulsos pelos maus tratos e abusos e passam a viver ao relento, dormindo no chão sujo, protegidos apenas na parte superior do corpo pelas camisas ralas, imundas, que esticam e prendem até os joelhos para proteger o sexo, num frio de desproteção emocional muito maior do que o do inverno! Como nos causa repugnância quando sobem pela porta de trás dos ônibus moradores de rua drogados, sujos, fedidos, tuberculosos, tossindo sua dor na nossa cara, poluindo o já rarefeito ar dos veículos cheios de gente que volta do trabalho exausta e consome o resto de energia agarrando-se como podem aos apoios dos microônibus que solavancam sem amortecedores e com molas gastas, guiados por condutores explorados, insanos, que extravasam a raiva dos donos das empresas em demonstrações irresponsáveis de direção perigosa!
O que somos senão lixos quando, todos os dias, nos permitimos ser tratados desta forma? Que menos-valia é esta que faz com que permaneçamos impassíveis, sentados em nossos carros, quando crianças molambentas ou deficientes tentam nos vender balas ou fazem acrobacias diante de uma platéia que finge não ver, em troca de trocados que geralmente não vêm? E, nas lanchonetes, quando você, por não ter dinheiro para almoçar, pede um sanduíche barato com refresco e, na primeira dentada, tem seu braço puxado pelo moleque que, com expressão de choro e abandono, pede que lhe pague um lanche porque ainda não tomou café? Você pode ter uma boa refeição ou tem seu estômago revirado numa ânsia de vomitar toda a sua indignação com este estado de coisas, sobretudo porque é extorquido, sem opção, por impostos abusivos que equiparam, nas alíquotas cobradas, seu minguado salário aos ganhos estratosféricos de privilegiados funcionários públicos de alto escalão?
E então, refletindo sobre tantos absurdos que cada um de nós enxerga em sua área de atuação nesta sociedade todos os dias, de tantos anos que já aconteceram e na expectativa de tantos outros que virão, eu me pergunto: a atitude deste homem que se deitou hoje no lixo não foi mesmo um alerta formidável? Porque, simplesmente estando onde estava, sendo o que de fato era, nos jogou, a todos nós que o vimos de súbito, na consciência de que cada um de nós também é ele, a despeito das artimanhas que inventamos e dos disfarces que assumimos para nós mesmos quando negamos, em nossa vida, a sujeira, a dor, a pobreza, a velhice, a nossa sombra, a própria morte. Quando aceitamos a corrupção, os desmandos, a impunidade, as contradições, as safadezas, os descaramentos do poder reinante, somos o lixo que precisa urgentemente ser reciclado. É necessário conscientizar que não é possível deixar fazer aos outros, nossos semelhantes, o que não admitimos para nós.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pipas

Sonhos de papel erguem-se...
Coloridos, esvoaçam a esmo,
Buscam o alto
Atados pelas linhas imaginárias
Do desejo dos meninos

Tremulam, bailam, voam...
Desenham formas audaciosas;
Mergulham na profundeza dos ares,
Misturam-se a outros no céu,
Competem pelo espaço livre

Pintam de cores vivas as tardes,
Motivam a algazarra dos moleques,
Permitem o exercício da liberdade,
Incitam às exibidas disputas
E, por fim, testemunham de cima avoadas frustrações.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

No Limite

Há algumas semanas atrás, vimos níveis de violência crescentes com várias mortes no trânsito na cidade do Rio de Janeiro. Transporte escolar irregular com motorista demonstrando dificuldades para realizar seu trabalho e acontece um acidente com vários mortos e feridos em estado grave, por provável imprudência. Uma estudante de doze anos que tenta embarcar num ônibus comum e fica presa depois que o condutor do veículo arranca, acaba morrendo debaixo da roda traseira e quando o motorista percebe entra em crise e é hospitalizado.
Esses acontecimentos mexem com a emoção de todos nós que pensamos que poderíamos estar passando pelo que estão sofrendo esses pais que perderam seus filhos. E parece tão absurdo que essas coisas aconteçam! Muitos se revoltam, outros se deprimem, outros ainda se afastam das notícias na tentativa de fugir dessa dura realidade, talvez para se protegerem, já que a vida continua e as pessoas vão prosseguir trabalhando e precisando deixar seus filhos com outras pessoas em escolas, creches e transportes.
Seria fácil encontrar culpados e descarregar a raiva nessas pessoas; exigindo que respondam pela imprudência e sejam condenadas.
Mas isso é apenas uma parte do problema que se chama a hegemonia da impunidade. Acontece em vários segmentos da sociedade e já há grande mobilização para reverter este quadro.
Entretanto, essa visão maniqueísta é simples demais para algo que é muito mais complexo. Na verdade, a maioria das pessoas, hoje, trabalha no limite da irresponsabilidade, aguentando cada vez mais pressão por parte dos empregadores que alegam estarem pressionados também por dificuldades de várias ordens, vinculadas à crise econômica atual. Isso é real, mas não justifica e é usado como desculpa cada vez mais em nosso meio.
O fato é que tudo está correndo rápido demais, o nível de estresse é cada vez maior, com maiores exigências para todos.
Dessa forma, é fundamental que cada um de nós fique atento para determinar até que ponto poderá ceder às pressões. É necessário saber quando dizer que já chega e que a partir daí não dá pra continuar. Não se pode simplesmente contar com a sorte, imaginando que não vai acontecer nada. Todos os dias assistimos nas ruas, no trabalho, nas nossas próprias casas à situações de risco que se tornaram rotineiras e, ao invés de exigirmos que as falhas sejam corrigidas para que possamos viver com um mínimo de normalidade, estamos nos acostumando a estar cada vez mais no limite, vivendo perigosamente, na corda bamba.
A resposta para lidar com as crises que se apresentam a cada dia é aumentar a nossa atenção, é ter nossa consciência cada vez mais aguçada e desenvolver a responsabilidade por nossas escolhas de cada momento. Trazer a responsabilidade para si mesmo é a única saída, até porque, quando o pior acontece ficamos mesmo sozinhos, somos nós com a nossa consciência. E aí, não há consolo que conforte.

domingo, 12 de julho de 2009

O Imaginário

A realidade está vinculada ao ponto de vista do observador. Apreendemos o mundo, neste nosso estágio de evolução, utilizando, principalmente, os cinco sentidos: visão, audição, olfato, gustação e tato.
Tudo o que acontece no mundo acontece primeiro na nossa mente. Einstein disse que a imaginação é mais importante que o conhecimento.
Nós atribuímos significados às imagens segundo nossos condicionamentos. Se a forma como olhamos algo nos prejudica, temos a capacidade de mudar isso a qualquer momento, já que somos nós que enterramos, no nosso inconsciente, estímulos desagradáveis. Ao olharmos a realidade por outro ângulo ela será modificada. Podemos fazer a escolha de sair do casulo condicionado. Isso é transformação.
Cada um de nós apresenta um sistema sensorial que é mais relevante na percepção do meio externo: visual, auditivo ou cinestésico, segundo a utilização na PNL (programação neurolinguística).
Sobretudo para aqueles que são mais visuais na sua forma de apreensão da realidade, o treinamento com imagens é enriquecedor. Mas, também para aqueles que “ouvem” ou “sentem”, predominantemente, o mundo que os cerca, é importante esse trabalho.
A observação de pinturas abstratas pode ser uma forma de treinamento na esfera visual, para desenvolver a capacidade de olhar por outro ângulo. Um novo olhar para determinada experiência ou ver o outro de nova perspectiva ou ainda nos vermos de uma forma diferente é transformador, muda o nosso estado.
Ao pintar um quadro, o artista coloca na tela uma visão de algo segundo seu ponto de vista, como o impressionou aquilo que tenta expressar. Pode ser algo concreto: uma paisagem, um objeto, um ser vivo ou algo abstrato. Utilizando as tintas, compõe as imagens de acordo com o seu mundo interior.
Pintar é terapêutico porque é expressão, é linguagem, permite extravasar.
O que percebemos ao olhar uma pintura é totalmente individual e um mesmo quadro poderá simbolizar algo diverso em momentos diferentes da vida do observador.
Constitui um exercício interessante olhar uma pintura e escrever sobre o que ela representa num determinado momento e reolhá-la outras vezes, sentindo como muda a perspectiva, tornando-se possível enxergar outras coisas na mesma tela. A escolha do que vê pertence sempre ao observador. É como na vida, em que escolhemos a forma como recebemos cada pessoa, acontecimento; como percebemos cada fragmento da realidade.
Trabalhando com o imaginário, podemos desenvolver a capacidade de transformação, isto é, alterar o nosso estado diante de qualquer experiência. Estar bem ou mal só depende de nós mesmos, de como vemos o mundo. Podemos, em qualquer momento, ressignificá-lo, promovendo transformação em nossa vida.

sábado, 11 de julho de 2009

Reflexão

Caso nos fosse proposto usar um sofá como instrumento terapêutico, para onde seriamos orientados a nos dirigir e agir, ressignificando uma situação problemática, ora deveríamos fazer dele um trampolim para representar o salto que a capacidade que a capacidade de lidar com o problema criando novas habilidades geraria. Outras vezes, quando os condicionamentos adquiridos nas vivências do passado nos impedissem de avançar, o jeito seria fazer dele um local para repousar, deixar a situação evoluir livremente dentro de nós até que uma atitude de nada fazer, apenas esperar, nos trouxesse a luz e a energia necessárias para a transformação e o crescimento.

Estou Lendo...

Aprendendo a Viver, de Clarice Lispector.
A Dieta do Yin e do Yang, de João Curvo.
O Livro Orange, de Osho.

Refletindo

Lagoa tranquila refletindo meu rosto
Que crispado pela dor se desfigura
Em máscara encobrindo a candura
Daquela que sofre do mundo o desgosto.

Quisera olhar agora o mar revolto
Levando para longe o desespero
De quem na vida experimenta o desterro
Por sentir-se ainda parte desse mundo louco.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Meu Guri - Chico Buarque

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega no morro com o carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse, seu moço
Ele disse que chegava lá
Olha aí, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri


Acontecimentos

Os acontecimentos na vida dos homens não representam prêmios ou castigos. Antes, refletem as escolhas que continuamente se fazem necessárias, sendo somente consequências delas.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Quanto Mais Insignificante a Substância, Maior a Empáfia

O que faz alguém exigir que todos parem como estátuas, rendendo a respiração, acrescentando um quantum de estresse ao seu dia à sua passagem?
O que existe dentro deste ser ignóbil que pensa estar acima de seus semelhantes?
O que se esconde no recôndito desta mente torpe com delírios de grandeza?
Que pequenez expressa este ser quando, ao invés de tentar estar à altura do cargo que ocupa, se locupleta com atos de sadismo gratuitos e tão cotidianos?
Por que até agora, dentro de um local que se rotula como hospital, ninguém ousou fazer e assumir um diagnóstico de psicopatia?
Até quando ter que conviver com psicopatas no poder?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Nos Trilhos da Esperança

Lá vai o trem todo dia,
Carrega vidas que insistem em viver...
Leva ao trabalho que rende tão pouco,
Leva quem procura trabalho pra fazer.
Trem descendo, trem subindo,
Trem repleto de sofreguidão.
Trem teimoso e o desalento
Estampado em cada estação.
São mulheres, maltrapilhos, meninos pedindo pão.
Homens fortes, ignorantes; outros com alguma instrução.
Muitos sonham olhando a paisagem...
Outros deixam escorrer só indignação
Por esta vida de desencantos na lida
Sem oportunidade de um futuro são.
Vagões apinhados descem nas manhãs.
Outros entupidos de gente, à noite sobem.
No vaivém de vidas sofridas, exauridas,
Que, contudo, ainda com fios de esperança tecem.
Tecem projetos, se seguram nos vagões.
Tecem memórias, guardam suas tristezas e desilusões.
Tecem a história de vidas de superação.
Tecem a certeza de que dias melhores virão.

domingo, 5 de julho de 2009

Caindo em Si

Sol a pino, meio-dia
Os miolos cozinhando, tonteio
Caio no meio-fio, sozinha
Roda tudo, enjoo e desnorteio.

No chão me sinto melhor,
Era tudo o que eu queria:
Parar por um só instante,
Ficar quieta, em minha companhia.

Mas logo vem o alvoroço,
Chegam curiosos de todo lugar,
Melhor eu estaria num calabouço
Que cercada pela multidão a tagarelar.

Minha cabeça outra vez volta a doer,
Só queria um momento de descanso.
Mas, caindo sob o peso do mundo a me corroer
Constato que ceder não deixa de causar espanto.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Macacos me Mordam

Sei que o mundo anda cada vez mais louco,
Macacos me mordam se não for proposital...
O caos, a destruição são só mais um motivo
Para o reencontro com a alma e coisa e tal.

A aparente degradação do ser humano,
Macacos me mordam se não for idéia genial,
Para instaurar um novo tempo nesse universo,
Mudança de paradigma ou então vai tudo mal...

Macacos me mordam se não for verdade,
Que agora é o numinoso que vai reinar,
A supremacia do feminino, nova realidade,
Harmonia, cooperação, respeito, amor estão no ar.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Gente Miúda

Quando eles chegam tudo em volta brilha.
É algazarra, brincadeira, festa e liberdade.
Não se pode ter sossego, muito menos tristeza.
Ter criança perto deixa sempre saudade.

Muito eles têm pra ensinar aos adultos,
Tão acostumados às vivências importantes.
Mas nada nesse mundo é mais fecundo
Que o que gera a convivência com os infantes.

Porém o aprendizado depende de atitude.
Acompanhar as crianças convida à mudança,
A gente deve se soltar, deixar que tudo mude...
Fazer bagunça, rir à toa e entrar na dança.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Viagem nas Cores

Viajar nas cores é deixar a imaginação levar você por caminhos inesperados, tortuosos, promissores e sempre gratificantes.
É ampliar sua visão, permitir que ela se estenda para além do que é evidente.
Tentar enxergar o que está por trás é uma necessidade nos tempos atuais. Se o concreto não preenche suas lacunas, se tantas vezes o assusta, tente ver por outro ângulo.
Continuar a viver mantendo a esperança, única possibilidade existente para termos paz, só depende da transformação que pode ser efetuada em cada um de nós, se assim quisermos.
É sempre possível melhorar e resgatar os valores que parecem irremediavelmente perdidos, desde que consigamos ampliar a consciência e desenvolver a flexibilidade. Devemos então estar abertos para as mudanças e sermos rápidos nesse processo de adaptação à nova realidade.
A pintura abstrata traz um universo de cores que se misturam e compõem imagens que podem ser concebidas por cada observador, segundo o seu ponto de vista.
Assim, a proposta de viajar nas cores é exercitar a capacidade de desenhar a paisagem do caminho que você fará ao caminhar, com as cores que se permitir combinar, enxergando novas possibilidades em tudo o que viver. Ou seja, é treinar desenvolver a habilidade de criar a sua própria realidade, de acordo com os seus pensamentos e sentimentos.
Ter uma boa viagem só depende de você.