sábado, 15 de agosto de 2009

Incompetência: Regra ou Exceção?

Estou assustada com o que venho observando há alguns anos: a hegemonia da incompetência. E o que é mais grave é que ela é vista como natural. O incompetente de hoje se apresenta de cara lavada, nem tem o cuidado de disfarçar. Aliás, nem é preciso, porque como ultimamente o despreparo grassa, ele certamente estará protegido entre iguais.
Com todos os prejuízos advindos dessa situação para aqueles que trabalham, estudam e se apresentam na vida de forma satisfatória, com o mínimo da competência necessária para atuarem no setor em que exercem suas atividades, é importante que se chame atenção para este fenômeno que domina nosso país.
Em vários locais podemos identificar esta espécie de mal com certa facilidade, seja nas escolas, empresas privadas, estabelecimentos públicos (aí então é facílimo) etc. E o que dizer quando as empresas terceirizam seus serviços e acabamos recebendo em nossas casas pessoas quase completamente despreparadas para executar serviços oferecidos pelo contratado, mas que só têm prática numa ínfima parte do mecanismo. E o que vemos é um atendimento de péssima qualidade, com defeitos freqüentes, já que a base não é consertada, resolvendo o técnico apenas o defeito do momento. E se as visitas se sucedem, a cada vez com um funcionário diferente, se perguntamos a algum deles o que está acontecendo com aquele sistema, ele descaradamente nos fala que não faz a menor idéia, que fez a parte dele e sobre o resto não tem responsabilidade. Como é possível conviver com isto? E como as pessoas que trabalham em empresas assim (como as de telefonia e informática) conseguem exercer suas atividades dessa forma, tão compartimentada e aleatória? É o retrato da incompetência e nenhum deles se espanta se é questionado (e até se irrita com isso) e não quer mesmo ter a consciência daquilo em que se transformou o seu trabalho.
É fato incontestável que hoje, muita gente se habilita a prestar determinado serviço sem possuir as condições mínimas para tal, sem preparo técnico, intelectual ou prático. Como confiar nos serviços contratados? É evidente que qualquer profissional deve ter seu serviço avaliado e, se deixa a desejar, deve ser substituído. Mas, o que é grave em determinadas áreas é que não há escolha. Contam-se nos dedos os profissionais competentes.
Na minha área, infelizmente, o que se vê é a mesma situação. Os serviços de saúde prometem, mas na realidade, por trás dos bastidores, acontecem barbaridades. Sempre houve isso, é certo. Só que agora a freqüência está calamitosa. E o pior é que se em determinado local há pessoas criteriosas, responsáveis, de boa formação profissional, essas é que agora são discriminadas, como se estivessem fora da realidade. O trabalho porco, o ir levando, o descompromisso virou a regra. É claro que há exceções, mas são a cada dia mais raras.
Entretanto, não podemos desanimar, porque o ponto crítico já chegou, já estamos no fundo do poço. Então, agora só resta subir. Aguardemos, pois, a reviravolta, esperançosos.