Prove legumes!
Comida plástica não!
Provoca câncer!!!
sábado, 14 de março de 2009
Roda de Vida
Cantiga de roda já saiu de moda
Contudo, na roda, persiste em voga
Tanta coisa jocosa
Porque roda é roda,
Roda e só roda.
Contudo, na roda, persiste em voga
Tanta coisa jocosa
Porque roda é roda,
Roda e só roda.
Uma Só Voz
- Espírito cor-de-rosa, não vás!
Por que agora deixas meu corpo?
Que há de mim sem ti?
Que posso eu sem tua animação?
Estou inerte se de ti dependo.
Nada sou quando te afastas em definitivo.
- És apenas matéria, ó infeliz!
És, a um só tempo, tudo e nada.
Não vês que é breve tua existência
E que somente me serves de morada?
E que é para assim mesmo ser:
Quando me solto de ti,
Torno a ser livre outra vez.
E tu retornas a pó. E só.
Por que agora deixas meu corpo?
Que há de mim sem ti?
Que posso eu sem tua animação?
Estou inerte se de ti dependo.
Nada sou quando te afastas em definitivo.
- És apenas matéria, ó infeliz!
És, a um só tempo, tudo e nada.
Não vês que é breve tua existência
E que somente me serves de morada?
E que é para assim mesmo ser:
Quando me solto de ti,
Torno a ser livre outra vez.
E tu retornas a pó. E só.
Reclamação (In)Fundada
Não me esqueças é o que te peço...
Que me odeies e fales mal de mim,
Que me rogues as piores pragas,
Que atormentes meus dias com más ações e pensamentos
Ou faças intrigas junto aos poderosos dos quais dependo,
Que enxovalhes até a minha memória depois que partas,
Tudo isto suporto e até te dou alguma razão.
E admito ter errado contigo
E sei que não tens pendor para conformação e perdão fácil.
Aceito que busques até a vingança,
Que não justifiques meus atos do passado,
Que não engulas as explicações minhas.
Sei que não compreendes minha natureza liberta
E que tomas por irresponsável minha conduta
E que de tal modo, compaixão tua por mim não há de haver.
Porém, ainda me consola conhecer tão bem tua personalidade
E identificar coerência em quase tudo que parte de ti.
Apenas não encaixa
E jamais poderei deixar de reagir e sofrer por uma única coisa:
A tua indiferença.
Que me odeies e fales mal de mim,
Que me rogues as piores pragas,
Que atormentes meus dias com más ações e pensamentos
Ou faças intrigas junto aos poderosos dos quais dependo,
Que enxovalhes até a minha memória depois que partas,
Tudo isto suporto e até te dou alguma razão.
E admito ter errado contigo
E sei que não tens pendor para conformação e perdão fácil.
Aceito que busques até a vingança,
Que não justifiques meus atos do passado,
Que não engulas as explicações minhas.
Sei que não compreendes minha natureza liberta
E que tomas por irresponsável minha conduta
E que de tal modo, compaixão tua por mim não há de haver.
Porém, ainda me consola conhecer tão bem tua personalidade
E identificar coerência em quase tudo que parte de ti.
Apenas não encaixa
E jamais poderei deixar de reagir e sofrer por uma única coisa:
A tua indiferença.
Certeza
Uma coisa é certa: existe vida em outros planetas, mas a maioria de nós julga que somos os únicos no mundo a viver sob esta forma rara, como pessoas. Entretanto não há apenas esta possibilidade: muitos outros seres bizarros habitam alhures.
Sabedoria
Espreita o tormento num canto da vida.
Defendo-me tentando não o enxergar,
Porém, que fazer se o destino matreiro
Joga-me de encontro ao exato canto?
Defendo-me tentando não o enxergar,
Porém, que fazer se o destino matreiro
Joga-me de encontro ao exato canto?
Olhando o Caos
Trabalho no centro da cidade do Rio de Janeiro. É início da tarde e começa a chover. Chove e chove e a paisagem fica cada vez mais esbranquiçada. A chuva aumenta e enquanto trabalho imagino que a volta para casa será difícil. As pessoas começam a sair mais cedo, mas logo toca o celular e é uma delas avisando para não sairmos ainda, já que está tudo alagado nas ruas próximas ao hospital. Lembro-me que há alguns anos fiquei sem poder voltar para casa até depois das 22 horas por causa de uma chuva forte.
Chega a hora de sair, pego minha bolsa, desço e, qual não é minha surpresa, quando, apesar da chuva já ter diminuído, encontro a saída dos fundos alagada e não posso passar. Então vou para frente do hospital e o cenário é o mesmo, porém com um volume menor de água. Olho o tempo, reflito por um instante e decido que vou embora assim mesmo. Corro pela água para pegar o ônibus que faz ponto final na esquina e que só vai até Vila Isabel.
A chuva volta a cair forte, o ônibus parte e logo à frente a rua está mais cheia e para contornar o Moinho Fluminense encontra grande dificuldade e quase entra água no motor e para. Mas segue adiante parando para outras pessoas subirem e no meio do alagado uma senhora tropeça, caindo na água, fazendo com que vários passageiros se levantem para acudi-la. Então segue até a Presidente Vargas, arrastando-se num grande engarrafamento. Penso em descer e pegar outro ônibus que me levaria até meu destino, o Méier, mas é impossível descer porque chove muito e prefiro então seguir até o ponto final. Mas no final da Presidente Vargas o trânsito fica parado no viaduto e depois de muito tempo conseguimos chegar à Praça da Bandeira onde encontramos tudo retido. Todas as pistas estão repletas de carros, ônibus e caminhões debaixo de uma chuva incessante e nós, do alto das janelas dos coletivos, podemos assistir à rua enchendo e motos passando com dificuldade. Só elas conseguem seguir, mas em pouco tempo retornam porque não puderam passar. Tudo parado. Tudo cheio de água. A água vai subindo dos dois lados, em todas as pistas que já não se individualizam. É um mar onde os carros não navegam (ainda).
Os passageiros do ônibus começam a ficar impacientes. Querem que o motorista siga se aparece alguma brecha de algum carro que volta na contramão. Mas ele insiste que não dá pra passar e vamos ficando ali mesmo. Um homem nervoso anda pra lá e pra cá, fuma dentro do ônibus e diz que vai sair porque as águas estão subindo. Fico calma. Apenas observo em torno.
As pessoas nos carros estão nervosas, a situação é pior para elas. Na pista do canto, próxima à Escola de Circo, alguns carros já estão com água acima das rodas. Algumas pessoas saem dos carros para ajudar outros motoristas a manobrarem para tentar voltar de ré.
Passageiros dos ônibus descem para escapar a pé no meio da enchente, pingando na chuva e com água até quase os joelhos. Dá medo pensar em sair daqui, em ter que sair e enfrentar bueiros abertos e outros perigos. Penso que saí do trabalho às 16 horas e são quase 18 e está tudo parado e as águas subindo.
O passageiro nervoso está mais nervoso e pede ao motorista que tente passar pelo aguaceiro para escapar em direção à rua Mariz e Barros. Ele responde que não dá pra passar. As pessoas se impacientam mais. Alguns descem no meio da água. Senhoras reclamam dizendo que ele não arrisca porque é inexperiente, se fosse motorista mais velho passaria pelo alagado. Ele se mantém calmo e diz que quando as águas baixarem passará em segurança. Mas logo um ônibus da mesma empresa que está à nossa frente tenta e consegue. Levanta-se outro passageiro e pressiona o condutor a tentar sair dali porque a situação está piorando. Eu me mantenho calma e apenas observo as pessoas. Agora somos poucos dentro do ônibus.
Finalmente, o motorista - que estava já há alguns minutos jogando e mostrando fotos no celular ao trocador - resolve enfrentar o alagado e é aplaudido pelos passageiros. É bem difícil, mas conseguimos ultrapassar o trecho pior e saímos da Praça da Bandeira passando bem devagar pelas águas e encontrando, no trajeto, pessoas de mãos dadas no meio das águas, próximas aos pontos de ônibus, onde o chão agora está submerso, debaixo de chuva pesada, sem poderem sair dali, já que estão na parte central da rua, com volume grande de água em torno e mesmo assim com os rostos tranquilos por estarem unidos pelas mãos. Confesso que aquela cena me tocou.
Vejo outros homens de terno, encharcados, indo até carros com mulheres apavoradas nos pontos mais baixos da rua; carros que manobram por cima da divisão das pistas, tendo seus para-choques arrancados depois que o fundo do carro arrasta e eles têm que voltar. Muitos carros estão amassados por causa das manobras em ré na chuva e quase anoitecendo. Tudo isto foi possível observar enquanto atravessávamos o alagado, seguros dentro do ônibus.
Percebo, então, que na hora do caos as pessoas se irmanam. No meio da enchente se misturam empresários de terno com vendedores ambulantes, moradores de rua, mulheres que vão pegar o trem na estação de São Cristóvão, crianças no colo e até um cachorro. Meu coração fica apertado em imaginá-los tão vulneráveis, naquela hora, a tantos perigos. Mas bate mais forte porque constata que, em momentos em que se instala o caos, não existe distinção de espécie alguma. Somos todos um. Estamos todos no mesmo barco. Literalmente.
Chega a hora de sair, pego minha bolsa, desço e, qual não é minha surpresa, quando, apesar da chuva já ter diminuído, encontro a saída dos fundos alagada e não posso passar. Então vou para frente do hospital e o cenário é o mesmo, porém com um volume menor de água. Olho o tempo, reflito por um instante e decido que vou embora assim mesmo. Corro pela água para pegar o ônibus que faz ponto final na esquina e que só vai até Vila Isabel.
A chuva volta a cair forte, o ônibus parte e logo à frente a rua está mais cheia e para contornar o Moinho Fluminense encontra grande dificuldade e quase entra água no motor e para. Mas segue adiante parando para outras pessoas subirem e no meio do alagado uma senhora tropeça, caindo na água, fazendo com que vários passageiros se levantem para acudi-la. Então segue até a Presidente Vargas, arrastando-se num grande engarrafamento. Penso em descer e pegar outro ônibus que me levaria até meu destino, o Méier, mas é impossível descer porque chove muito e prefiro então seguir até o ponto final. Mas no final da Presidente Vargas o trânsito fica parado no viaduto e depois de muito tempo conseguimos chegar à Praça da Bandeira onde encontramos tudo retido. Todas as pistas estão repletas de carros, ônibus e caminhões debaixo de uma chuva incessante e nós, do alto das janelas dos coletivos, podemos assistir à rua enchendo e motos passando com dificuldade. Só elas conseguem seguir, mas em pouco tempo retornam porque não puderam passar. Tudo parado. Tudo cheio de água. A água vai subindo dos dois lados, em todas as pistas que já não se individualizam. É um mar onde os carros não navegam (ainda).
Os passageiros do ônibus começam a ficar impacientes. Querem que o motorista siga se aparece alguma brecha de algum carro que volta na contramão. Mas ele insiste que não dá pra passar e vamos ficando ali mesmo. Um homem nervoso anda pra lá e pra cá, fuma dentro do ônibus e diz que vai sair porque as águas estão subindo. Fico calma. Apenas observo em torno.
As pessoas nos carros estão nervosas, a situação é pior para elas. Na pista do canto, próxima à Escola de Circo, alguns carros já estão com água acima das rodas. Algumas pessoas saem dos carros para ajudar outros motoristas a manobrarem para tentar voltar de ré.
Passageiros dos ônibus descem para escapar a pé no meio da enchente, pingando na chuva e com água até quase os joelhos. Dá medo pensar em sair daqui, em ter que sair e enfrentar bueiros abertos e outros perigos. Penso que saí do trabalho às 16 horas e são quase 18 e está tudo parado e as águas subindo.
O passageiro nervoso está mais nervoso e pede ao motorista que tente passar pelo aguaceiro para escapar em direção à rua Mariz e Barros. Ele responde que não dá pra passar. As pessoas se impacientam mais. Alguns descem no meio da água. Senhoras reclamam dizendo que ele não arrisca porque é inexperiente, se fosse motorista mais velho passaria pelo alagado. Ele se mantém calmo e diz que quando as águas baixarem passará em segurança. Mas logo um ônibus da mesma empresa que está à nossa frente tenta e consegue. Levanta-se outro passageiro e pressiona o condutor a tentar sair dali porque a situação está piorando. Eu me mantenho calma e apenas observo as pessoas. Agora somos poucos dentro do ônibus.
Finalmente, o motorista - que estava já há alguns minutos jogando e mostrando fotos no celular ao trocador - resolve enfrentar o alagado e é aplaudido pelos passageiros. É bem difícil, mas conseguimos ultrapassar o trecho pior e saímos da Praça da Bandeira passando bem devagar pelas águas e encontrando, no trajeto, pessoas de mãos dadas no meio das águas, próximas aos pontos de ônibus, onde o chão agora está submerso, debaixo de chuva pesada, sem poderem sair dali, já que estão na parte central da rua, com volume grande de água em torno e mesmo assim com os rostos tranquilos por estarem unidos pelas mãos. Confesso que aquela cena me tocou.
Vejo outros homens de terno, encharcados, indo até carros com mulheres apavoradas nos pontos mais baixos da rua; carros que manobram por cima da divisão das pistas, tendo seus para-choques arrancados depois que o fundo do carro arrasta e eles têm que voltar. Muitos carros estão amassados por causa das manobras em ré na chuva e quase anoitecendo. Tudo isto foi possível observar enquanto atravessávamos o alagado, seguros dentro do ônibus.
Percebo, então, que na hora do caos as pessoas se irmanam. No meio da enchente se misturam empresários de terno com vendedores ambulantes, moradores de rua, mulheres que vão pegar o trem na estação de São Cristóvão, crianças no colo e até um cachorro. Meu coração fica apertado em imaginá-los tão vulneráveis, naquela hora, a tantos perigos. Mas bate mais forte porque constata que, em momentos em que se instala o caos, não existe distinção de espécie alguma. Somos todos um. Estamos todos no mesmo barco. Literalmente.
Homem Olhando a Claridade
Aquele exato instante em que ocorre a conexão com o divino e, por mais adversas que sejam as condições em que nos encontramos, conseguimos olhar do alto e enxergar a claridade. O lugar onde podemos nos lançar do abismo para o desconhecido, com total confiança. Pois sabemos que estaremos amparados nos braços do Pai. Isto representa a manifestação da fé.
Texto inspirado na pintura e na escultura
Homem Olhando a Claridade.
Despedida
Se um dia chegaste
E ficaste para sempre...
Como haver despedida
Pra quem mora dentro da gente?
E ficaste para sempre...
Como haver despedida
Pra quem mora dentro da gente?
Em Gaza ou Alhures
Dor insana, cruel e desalmada,
Dor imposta, injusta e que, sempre deflagrada,
Afeta aqueles indefesos entre loucos desvairados
Que, em sua ira, matam e ferem
Tantos, mesmo sendo tão poucos,
E o mundo, de tantos que assistem
Impassíveis, deixando acontecer,
Por motivos impensáveis, tantos crimes
Que fazem qualquer sanidade enlouquecer...
Pois que usem o poder que possuem
Da lucidez, do amor e da compaixão
E influenciem, aos poucos, o Poder que hoje nada faz,
Para conter ignóbil situação
Que perdura por séculos e séculos...
Mas só compreende e pode aceitar
Aquele que apenas observa e confia,
Não tentando buscar a razão,
Pois, no Espírito, para tudo encontra a explicação.
Dor imposta, injusta e que, sempre deflagrada,
Afeta aqueles indefesos entre loucos desvairados
Que, em sua ira, matam e ferem
Tantos, mesmo sendo tão poucos,
E o mundo, de tantos que assistem
Impassíveis, deixando acontecer,
Por motivos impensáveis, tantos crimes
Que fazem qualquer sanidade enlouquecer...
Pois que usem o poder que possuem
Da lucidez, do amor e da compaixão
E influenciem, aos poucos, o Poder que hoje nada faz,
Para conter ignóbil situação
Que perdura por séculos e séculos...
Mas só compreende e pode aceitar
Aquele que apenas observa e confia,
Não tentando buscar a razão,
Pois, no Espírito, para tudo encontra a explicação.
Medo de Chuva
Chove bem forte. Há relâmpagos. Vejo tudo esbranquiçado quando olho pela janela. Estremeço a cada trovão. Fecho os olhos pra não enxergar a chuva, agora mais fina, que cai insistentemente.
Estou angustiada. Esta chuva que não pára me deixa assim: apavorada. Suo frio e quase desmaio. Penso nos que estão ao relento, nos que precisam sair e encontrarão dificuldades, e nos que moram em casas perigosas, em terrenos instáveis que podem deslizar a qualquer momento. Sinto na pele o frio do desamparo. Mas sei que são apenas justificativas para este incômodo.
Sei que este medo de chuva não é meu, atual. E sim da criança que fui e que ainda hoje fica tão vulnerável se a chuva não cessa.
Então saio de mim. Caminho até ela, que quase desfalece em um canto da casa e a seguro pelas mãozinhas frias, faço que se levante, a tomo nos braços e coloco no colo.
Aperto-a contra o meu peito protetor.
Agora respiro outra vez profundamente, neste corpo de adulta que não manifesta, porque já não sente medo de chuva.
Estou angustiada. Esta chuva que não pára me deixa assim: apavorada. Suo frio e quase desmaio. Penso nos que estão ao relento, nos que precisam sair e encontrarão dificuldades, e nos que moram em casas perigosas, em terrenos instáveis que podem deslizar a qualquer momento. Sinto na pele o frio do desamparo. Mas sei que são apenas justificativas para este incômodo.
Sei que este medo de chuva não é meu, atual. E sim da criança que fui e que ainda hoje fica tão vulnerável se a chuva não cessa.
Então saio de mim. Caminho até ela, que quase desfalece em um canto da casa e a seguro pelas mãozinhas frias, faço que se levante, a tomo nos braços e coloco no colo.
Aperto-a contra o meu peito protetor.
Agora respiro outra vez profundamente, neste corpo de adulta que não manifesta, porque já não sente medo de chuva.
Relatividade
Quanto mais me distancio
Melhor eu posso enxergar
As pessoas como são
E até me admirar.
Se de perto o que vejo
É uma enorme confusão,
Se me afasto é uma dança
Com equilíbrio e vibração.
Há momentos, nesta vida,
Em que é melhor procurar
Sair fora, dar um tempo,
E só então se mostrar.
Melhor eu posso enxergar
As pessoas como são
E até me admirar.
Se de perto o que vejo
É uma enorme confusão,
Se me afasto é uma dança
Com equilíbrio e vibração.
Há momentos, nesta vida,
Em que é melhor procurar
Sair fora, dar um tempo,
E só então se mostrar.
Epitáfio do Bombeiro
A vida criou uma peça,
Podem chorar por mim:
Depois de salvar gente à beça,
Eu é que tô nessa...
Triste e amargo fim...
Podem chorar por mim:
Depois de salvar gente à beça,
Eu é que tô nessa...
Triste e amargo fim...
Ventre da Grande Mãe
Tua força, meu sustento,
a seiva de onde extraio a força vital.
Teu eixo, meu amparo,
se desestabilizo.
Tuas emanações,
céu ilimitado para meus sonhos.
E teu solo, descanso da morte
Fértil.
a seiva de onde extraio a força vital.
Teu eixo, meu amparo,
se desestabilizo.
Tuas emanações,
céu ilimitado para meus sonhos.
E teu solo, descanso da morte
Fértil.
Poesia inspirada na pintura
Ventre da Grande Mãe.
Abandono (Ana)
Sou uma estrela cadente
repousando, esquecida,
no fundo do mar.
Sem sentido,
sem trajeto.
Silente,
inerte,
vã.
repousando, esquecida,
no fundo do mar.
Sem sentido,
sem trajeto.
Silente,
inerte,
vã.
Resposta
Na sua estrela cadente,
A forma me fez perceber
Que os versos se vão reduzindo
Até a estrela desaparecer.
A forma me fez perceber
Que os versos se vão reduzindo
Até a estrela desaparecer.
Poesia inspirada em
Abandono de Ana.
Bolo Inglês
Bolo inglês, minhas amigas,
Não me desperta ufanismo,
O que me traz são vovós
E tantos outros saudosismos.
E me vêm os cafés da tarde
Em volta de mesas fartas,
Crianças correndo por perto
Sempre em grande algazarra.
Minha mãe servindo a todos,
Conversando, contando histórias,
Trazendo o bolo quentinho...
Memória feliz de outrora.
Que ainda hoje me permite
Trazê-la e a avó também
Sempre nas tardes saudosas
Quando ofereço bolo inglês.
Não me desperta ufanismo,
O que me traz são vovós
E tantos outros saudosismos.
E me vêm os cafés da tarde
Em volta de mesas fartas,
Crianças correndo por perto
Sempre em grande algazarra.
Minha mãe servindo a todos,
Conversando, contando histórias,
Trazendo o bolo quentinho...
Memória feliz de outrora.
Que ainda hoje me permite
Trazê-la e a avó também
Sempre nas tardes saudosas
Quando ofereço bolo inglês.
Cessar-fogo
Cessar-fogo. Cessa a guerra?
Decerto que não vai cessar,
Pois corre nas veias lodo:
Eles não vão cooperar.
Decerto que não vai cessar,
Pois corre nas veias lodo:
Eles não vão cooperar.
Saudade
A saudade mais gostosa de se ter
é aquela que já amadureceu,
por isto é doce e preenche nossa vida,
filha-fruto da árvore copada que morreu.
é aquela que já amadureceu,
por isto é doce e preenche nossa vida,
filha-fruto da árvore copada que morreu.
Paixão
Olhando-te a cada dia,
Cismo, a pensar,
No bem que me fazes
Por simplesmente existir;
Em todas as delícias
Que me permites criar;
Como, tão harmoniosamente,
Limitas as doçuras que desejo,
Fazendo-as tão belas e delicadas.
No espaço da casa que mais amo,
És aquela que me atrai.
Por isso sempre repito
O que representas para mim...
Eu te amo de paixão,
Minha forma de pudim!
Cismo, a pensar,
No bem que me fazes
Por simplesmente existir;
Em todas as delícias
Que me permites criar;
Como, tão harmoniosamente,
Limitas as doçuras que desejo,
Fazendo-as tão belas e delicadas.
No espaço da casa que mais amo,
És aquela que me atrai.
Por isso sempre repito
O que representas para mim...
Eu te amo de paixão,
Minha forma de pudim!
Cai, Cai, Haikai
(Paródia da música infantil “Cai, Cai, Balão”)
Cai, cai, haikai
Cai, cai, haikai
Aqui neste blogão
Não faz mal
Não faz mal
Se não é haikai
O que vale é a intenção
Cai, cai, haikai
Cai, cai, haikai
Aqui neste blogão
Não faz mal
Não faz mal
Se não é haikai
O que vale é a intenção
Teus Olhos
Teus olhos me vêem
Teus olhos me vêm sempre à mente
Teus olhos me guardam
Teus olhos não mentem
Teus olhos faróis
Me guiam silentes
Teus olhos me vêm sempre à mente
Teus olhos me guardam
Teus olhos não mentem
Teus olhos faróis
Me guiam silentes
Você, Minha Vida
Penso que sou como a espuma
Vindo a areia tocar...
Borbulhante brindando à vida,
Resultante de você, meu mar.
Vindo a areia tocar...
Borbulhante brindando à vida,
Resultante de você, meu mar.
Amor
Amo-te escandalosamente
O que sinto por ti
Extravasa por meus poros
Um perfume doce
Que atrai libélulas diáfanas
E besouros inconvenientes
Eles buscam água e flor:
Você em mim.
O que sinto por ti
Extravasa por meus poros
Um perfume doce
Que atrai libélulas diáfanas
E besouros inconvenientes
Eles buscam água e flor:
Você em mim.
Loucuras em Gaza
Caminha entre os destroços
Com expressão de terror.
Um clarão, estrondo forte,
Paredes que foram ao chão.
Perto dele a família morta.
Foge da insanidade que se diz libertadora.
Queria poder tirá-lo de lá para sempre
Mas quem, um dia, poderá
Arrancar-lhe da mente
As lembranças deste dia?
Com expressão de terror.
Um clarão, estrondo forte,
Paredes que foram ao chão.
Perto dele a família morta.
Foge da insanidade que se diz libertadora.
Queria poder tirá-lo de lá para sempre
Mas quem, um dia, poderá
Arrancar-lhe da mente
As lembranças deste dia?
Lucidez
Ah, seu moço! Quer saber? Eu tenho vivido de lendas... Porque isso é bom, aquilo é ruim; pode isso, não pode aquilo; tenho que isto, tenho que aquilo outro. Tudo já pronto, sem possibilidades. Agora chega! Vou sair desta camisa de impedimentos e regras pra me encontrar: pela experiência.
Sei lá como eu sou! E posso saber, com tantas coisas que foram coladas em mim sem me perguntarem antes se tinham algo a ver comigo? Pois é: quem não se toca um dia para esta armadilha permanece amarrado, a existência inteira de pernas pro ar, balançando pra lá e pra cá ao sabor dos movimentos da Vida. Seria bom aproveitar: que de cabeça pra baixo o sangue circula melhor e pode iluminar a mente para a descoberta fatal: eu sou único, sem igual.
É, moço, cansei de balançar. Quero ser firme, ter direção certa: a dos meus próprios passos. E isto só posso saber andando. E, de preferência, sem outra companhia que não eu mesmo. Para poder me concentrar e perceber cada pedacinho do caminho: olhando as maravilhas, atento aos acidentes do terreno, aproveitando e seguindo os atalhos, apanhando chuva, me deixando levar pelos ventos, iluminado pela claridade do sol forte, andando a esmo nos momentos de neblina cerrada norteado apenas pela intuição, molhando meus pés descalços nas águas frias ou quentes, curando as feridas destes mesmos pés depois de finalmente fazer as escolhas certas, pegando a estrada que me levará para onde meu coração apontar.
Vou me descobrir. Ou, quem sabe, me construir outra vez, depois de me pôr abaixo diante do meu primeiro olhar lúcido desta encarnação.
Sei lá como eu sou! E posso saber, com tantas coisas que foram coladas em mim sem me perguntarem antes se tinham algo a ver comigo? Pois é: quem não se toca um dia para esta armadilha permanece amarrado, a existência inteira de pernas pro ar, balançando pra lá e pra cá ao sabor dos movimentos da Vida. Seria bom aproveitar: que de cabeça pra baixo o sangue circula melhor e pode iluminar a mente para a descoberta fatal: eu sou único, sem igual.
É, moço, cansei de balançar. Quero ser firme, ter direção certa: a dos meus próprios passos. E isto só posso saber andando. E, de preferência, sem outra companhia que não eu mesmo. Para poder me concentrar e perceber cada pedacinho do caminho: olhando as maravilhas, atento aos acidentes do terreno, aproveitando e seguindo os atalhos, apanhando chuva, me deixando levar pelos ventos, iluminado pela claridade do sol forte, andando a esmo nos momentos de neblina cerrada norteado apenas pela intuição, molhando meus pés descalços nas águas frias ou quentes, curando as feridas destes mesmos pés depois de finalmente fazer as escolhas certas, pegando a estrada que me levará para onde meu coração apontar.
Vou me descobrir. Ou, quem sabe, me construir outra vez, depois de me pôr abaixo diante do meu primeiro olhar lúcido desta encarnação.
Descompasso
Morro um pouco a cada dia,
Não abro mais a porta,
Não recebo ninguém, ninguém me recebe,
Não brigo mais, não participo,
Não caminho,
Apenas permaneço triste, desenergizado,
Em total estagnação.
Quero ajuda? De quem?
Não vislumbro o futuro...
Não quero mais lutar, nem esperar...
Há uma névoa que encobre meus olhos,
Sou quase um morto.
Não enxergo o quanto me engano,
Se tento ensaiar passos tímidos
Para onde não desejo de fato ir.
E nada acontece...
Não consigo. Tento?
Sou um perdedor.
Todos já sabem. Menos eu.
Não vou conseguir mesmo o que afirmo querer. Mentira.
Quero ou querem para minha vida?
Perdi para mim mesmo.
Sigo as escolhas que outros fizeram por mim e para mim.
Deixei de ser eu. Apenas hoje arco com a responsabilidade.
Nem sei agora quem sou.
Tenho lapsos, vivo o descompasso...
Não abro mais a porta,
Não recebo ninguém, ninguém me recebe,
Não brigo mais, não participo,
Não caminho,
Apenas permaneço triste, desenergizado,
Em total estagnação.
Quero ajuda? De quem?
Não vislumbro o futuro...
Não quero mais lutar, nem esperar...
Há uma névoa que encobre meus olhos,
Sou quase um morto.
Não enxergo o quanto me engano,
Se tento ensaiar passos tímidos
Para onde não desejo de fato ir.
E nada acontece...
Não consigo. Tento?
Sou um perdedor.
Todos já sabem. Menos eu.
Não vou conseguir mesmo o que afirmo querer. Mentira.
Quero ou querem para minha vida?
Perdi para mim mesmo.
Sigo as escolhas que outros fizeram por mim e para mim.
Deixei de ser eu. Apenas hoje arco com a responsabilidade.
Nem sei agora quem sou.
Tenho lapsos, vivo o descompasso...
Mãe Destruidora
A despeito do teu valor para os outros
não me serves como mãe
nem te quero perto,
posto que só me fazes mal
desde sempre,
antes mesmo de respirar.
Teus olhos não olham em minha direção
a não ser para ferir;
não encontro braços que me acolham;
muito menos mãos que acariciem;
teu colo magro não aconchega,
nem mesmo existe;
no peito não há seios que possam nutrir;
no local do coração só vejo um grande buraco.
Sei que me pariste,
porém teu ventre foi, é e será sempre oco,
como é tua existência
de mãe destruidora.
não me serves como mãe
nem te quero perto,
posto que só me fazes mal
desde sempre,
antes mesmo de respirar.
Teus olhos não olham em minha direção
a não ser para ferir;
não encontro braços que me acolham;
muito menos mãos que acariciem;
teu colo magro não aconchega,
nem mesmo existe;
no peito não há seios que possam nutrir;
no local do coração só vejo um grande buraco.
Sei que me pariste,
porém teu ventre foi, é e será sempre oco,
como é tua existência
de mãe destruidora.
Poesia inspirada na escultura
Mãe Destruidora.
Epitáfio
Não chorem a minha ausência.
Só aceito lágrimas de alegria
Ao recordarem os bons momentos
Que vivemos juntos.
Só aceito lágrimas de alegria
Ao recordarem os bons momentos
Que vivemos juntos.
Epitáfio
O amor é o único elo rosado e indestrutível capaz de nos manter ligados a quem nos foi importante durante a vida.
Epitáfio
Não percam tempo lamentando o que não podem mais viver comigo.
Antes, se inspirem nas lembranças deixadas de tudo que lhes dediquei por amor durante a vida.
Antes, se inspirem nas lembranças deixadas de tudo que lhes dediquei por amor durante a vida.
Epitáfio
Você realmente me ama?
E pensa que estou aqui?
Está completamente enganado,
a partir de agora só me encontra
sempre junto de você, dentro do seu coração.
E pensa que estou aqui?
Está completamente enganado,
a partir de agora só me encontra
sempre junto de você, dentro do seu coração.
Epitáfio
Você errou comigo
e agora pensa em pedir perdão?
Deixa disso, caro amigo,
não tô mais nessa não.
Toca pra frente, faz diferente
com algum outro a partir de então.
e agora pensa em pedir perdão?
Deixa disso, caro amigo,
não tô mais nessa não.
Toca pra frente, faz diferente
com algum outro a partir de então.
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