segunda-feira, 12 de outubro de 2009

As Três Crianças

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Cada um de nós, inevitavelmente, estará, ao longo de sua existência, em contato com três tipos de criança. E se ignorar uma delas, não conseguirá sentir-se pleno. É um engano imaginar que somos diferentes nesse aspecto pelo fato de termos filhos ou não, de nossa condição econômica ou psicológica.
Essas crianças precisam ser alimentadas, indiscriminadamente, por cada um de nós.
Se temos ou não temos filhos, não importa. Se optamos por não tê-los ou se não pudemos gerá-los, se adotamos alguma criança ou não concordamos em fazê-lo, de alguma forma teremos crianças por perto na família, de amigos, de vizinhos, no trabalho ou mesmo em alguma instituição à qual podemos nos filiar. Essas são crianças diretamente ligadas a nós, de quem podemos saber os nomes e detalhes da vida. Elas precisam do nosso cuidado, orientação, do nosso olhar e da nossa atitude.
O segundo tipo são aquelas crianças ligadas a nós de forma indireta. Não conhecemos suas identidades nem muitas coisas da sua história, mas as vemos jogadas pelas ruas, com fome, prostituídas, vítimas das drogas, dos abusos ou esquecidas em orfanatos esperando, indefinidamente, por adoção. Também são crianças fotografadas e filmadas em outras terras, protagonizando documentários sobre os horrores da miséria, da guerra, das desigualdades sociais, espalhadas pelo mundo. Elas necessitam do mínimo que pudermos fazer por elas, através do nosso trabalho, da nossa denúncia, indignação, nossas ações cívicas ou globalizadas.
E a terceira categoria de crianças existe dentro de cada um de nós. Elas precisam, urgentemente, do nosso resgate, por meio do reconhecimento de que existem, dos cuidados que devem ser a elas dirigidos para que desenterremos sua história, as recuperemos e permitamos que ganhem vida outra vez. E assim, através de cada um de nós renascido e renovado, possam ser responsáveis pela melhora desse mundo e evolução da humanidade.
Desejo que neste dia das crianças, todos nós possamos ter a oportunidade de refletir e nos deixarmos acercar por essas três espécies de criança, nem que seja só através da imaginação e sermos capazes de dirigir a elas um sorriso grandioso de acolhimento.