sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Outono

Pedalo pela ciclovia e tão solta quase chego ao êxtase.
O vento me conduz e desalinha o meu cabelo.
As paisagens são descortinadas pelos olhos bem abertos.
E tudo segue a imutável lei da natureza...
Logo, as folhas irão desprender-se dos galhos
E as árvores desnudas testemunharão a mudança.
Haverá então um certo equilíbrio nos tons de sépia
E os corações repousarão,
Para que possam receber o aconchego prometido do inverno.

A cidade parece descansar agora.
E é capturada pelo instantâneo da máquina fotográfica
Dos meus olhos que percebem a passividade presente em tudo.
É tempo de repouso, só de receptividade.
Os dias de outono são tão férteis!
Em nós, o inconsciente domina a cena.
É como uma preparação para escolher os temas
Que iremos “hibernar” no inverno, se estivermos sós.

Pedalo movimentando as ideias na cabeça.
Elas vêm e vão, não se fixam, são como as folhas...
Mais tarde, novos ventos irão soprar até que a mente adormeça.
Então, em sonhos, meus eus se desprenderão como bolhas...

Não me esqueço que um dia você se foi de mim sem perceber
Que o tempo passou, se fez outono.
- É que o amor só permanece para quem compreender
Que com as folhas atapetamos o caminho para novos sonhos.

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