sábado, 28 de março de 2009

Um Sonho Bom

Caía a noite apagando aos poucos toda a luminosidade natural daquele lugar já tão populoso, cheio de prédios e construções mais baixas. E aquele dia a luz elétrica não acendia, não se sabia porquê. Tudo foi, devagar, virando breu e as pessoas já começavam a se inquietar. Mas tudo foi deixando de funcionar aos poucos e assim não havia ninguém preso nos elevadores ou em outros lugares. Os sistemas foram inativados progressivamente, dando tempo às pessoas de perceberem sua incapacidade de funcionarem. E não era mais possível acender qualquer luz artificial: elétrica, de geradores, baterias, pilhas. Nada funcionava. Também era impossível obter luz de vela, ninguém conseguia riscar fósforos ou acender isqueiros ou fazer fogo por qualquer meio. Era estranho demais! Entretanto, no resto, tudo estava como sempre esteve. Exceto pelas trevas que se impuseram sobre aquela cidade. Não houve tumulto. As pessoas estavam calmas. Estavam anestesiadas pelas impossibilidades e hipnotizadas pela estranheza dos fatos. Aos poucos foram se acostumando à escuridão e foram agrupando-se nos espaços abertos. Desceram dos prédios, saíram de suas casas, locais de trabalho e lazer e, em silêncio, começaram a andar pela cidade toda apagada e sem se esbarrarem. Caminharam muitos quilômetros em silêncio e aos poucos o ar ficou mais leve, respiravam melhor, aprofundaram a respiração. Andavam com mais facilidade agora e se dirigiram, juntos, depois de horas, para um lugar mais claro onde puderam enxergar a primeira estrela. Foi um êxtase, a salvação.
Finalmente haviam descoberto a luz da intuição que os fez se reunirem e caminharem juntos para um lugar melhor.

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